Muito
me pergunto: como chegamos a esse ponto em que se encontra esse embate ferrenho
entre situação e oposição dentro da CGADB? Porque a dialética salutar e
produtiva deu lugar à intransigência e arbitrariedade? As raízes são antigas,
como é também a continuidade no cargo do grupo situacionista. Ao longo de 25
anos, o Brasil saiu de uma ditadura militar, a Constituição Federal foi
promulgada, o Brasil teve 6 presidentes, incluídas duas reeleições, a igreja
católica teve 3 papas, o Estado do Rio de Janeiro teve 9 governadores, o STF
teve 16 Ministro-presidentes e a CGADB somente um Presidente, sem levar em
consideração que ele permanecerá até 2017, perfazendo um total de 29 anos a
frente desta instituição.
Outro
ponto que sempre é muito misturado ou mal entendido, é a forma como os membros
da Assembleia de Deus em todo o Brasil veem esse debate. Preliminarmente, é bom
deixar claro que Convenção não é igreja, e que o conteúdo desses assuntos
discutidos em assembleias, e de cunho administrativo, devem ser tratados entre
pastores, e não pode perpassar para o seio da igreja. Caso contrário, haverá uma tendência natural
de “espiritualização” dos assuntos e debates, o que não é bom nem para a
convenção, nem para a igreja. O sentido da palavra “espiritualizar”, denota: “assimilar
ao espírito; converter em espírito: espiritualizar a matéria, aquilo que é
tangível. Dar um caráter espiritual àquilo que é material, depurar de toda
materialidade”.
Aqui
vemos, que o que é humano e de caráter material, deve ser resolvido por humanos,
no âmbito da tangibilidade, da legalidade e ponderabilidade e o que for
espiritual deve ser tratado no campo da imaterialidade, ou seja, na esfera da
intangibilidade do espírito e alma. Essa região limítrofe e penumbrosa é que
causam essas distorções interpretativas. Mas essa ideia distorcida e míope, não
está adstrita somente à visão dos não membros da CGADB, mas está presente
dentro da própria instituição. É comum vermos pastores se referindo às
liminares, às contestações em plenário, aos acalorados debates e à oposição às decisões
parciais e tendenciosas à situação, como “coisa do capeta”, ou “ação do demônio”,
ou ainda “ação de satanás”, dentre outros sinônimos do gênero. Recentemente
vimos em Brasília um membro da mesa diretora “expulsando os demônios”, com as
mãos estendidas em direção a um grupo de pastores que discutia o assunto em
plenário (SIC!).
É
bom que se compreenda que Convenção é associação de homens, no caso pastores, e
que as decisões são tomadas por homens, e as consequências dessas decisões
também são aceitas ou não, por homens. E quando se faz necessário tomar uma
medida correcional, se busca, quando esta for a“ultima ratio regum”, na justiça
dos homens. Já vi pastores dizendo: “não sabeis que vós julgareis os anjos?”
como lastro para justificar que tudo deve ser resolvido em consenso entre os
pastores, e que nada deve ser levado á justiça dos homens. Mas a realidade é
bem díspare desse entendimento. Quando a situação chega a ir à justiça terrena,
é porque já se tentou de todas as formas corrigir o ato, e nada foi feito ou
aceito. Nesse caso, certamente não serão “os anjos” que virão corrigir a
distorção da decisão equivocada ou eivada de ilegalidades. Somos regidos por
leis, e vivemos em um estado democrático de direito e sob a égide da Carta
Magna, e portanto, se alguém desrespeitar a lei, por ela será julgada, porque
seus atos não são supralegais, como alguns chegam pensar em lapsos de devaneios
de poder. Creio que ainda falta muito para que possamos avançar na desmistificação
desse tema, mesmo porque há significativa parte interessada na permanência desse “status
quo”, e certamente tem seu lastro de intencionalidade, especialmente no que diz respeito à calar quem tem o que contestar.
Gesiel de Souza Oliveira, 35, nascido, criado, formado e casado em Macapá. É graduado em Direito e Geografia pela Universidade Federal do Amapá, blogueiro, twitteiro (www.drgesiel.blogspot.com) teólogo, escritor, professor de faculdades de Ciências Jurídicas, Presidente da Associação dos Oficiais Justiça/AP-AOJAP (www.aojap.blogspot.com). Trabalha como Oficial de Justiça-Avaliador do TJAP, Professor de Direito Penal, Direito Processual Penal e Legislação Penal Especial, foi professor de Geografia Geral, do Brasil e Amapá em diversas Escolas, pré-concursos e pré-vestibulares, autor das obras:"Sinopse histórico-geográfica do Amapá", "Os que confiam no Senhor", "Curiosidades bíblicas", "Esboços de sermões e pregações", "Coletânea de ilustrações que edificam",(baixe todos livros AQUI) é também Pastor vice-presidente da segunda maior Igreja Evangélica do Amapá, Assembléia de Deus Zona Norte de Macapá, hoje com 82 congregações no AP, PA e França - www.adzonanorte.blogspot.com e vice-presidente da COMADEZON (Convenção Estadual da ADZN) além de professor da EETAD (Escola de Educação Teológica das Assembleias de Deus do Brasil). Superintendente da Escola Bíblica Dominical da Assembleia de Deus Zona Norte de Macapá. Casado e pai de 3 filhos. Siga-me no Twitter: @PrGesiel_ e no Facebook : Gesiel Oliveira
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