A verdadeira natureza
da criatura permanece envolta em mistério, um enigma insólito que desafia a
compreensão até os dias de hoje.
Hoje quero relatar a vocês sobre um fato histórico pouco
conhecido e que afligiu o pequeno vilarejo de Gevaudan, localizado no sul da
França. Não se trata de lenda, mas de um fato registrado na história por diversos
historiadores e que chegou a mobilizar o exército do Rei Francês Luiz XV nas
buscas por essa criatura violenta e misteriosa. Nos rincões sombrios da região
de Gevaudan, na França durante os anos de 1764 a 1767, uma aura de terror
pairava sobre a população. Entre os vales verdejantes e as florestas densas,
algo sinistro se movia furtivamente, ceifando vidas inocentes com uma
voracidade insondável. Os moradores da modesta província de Gevaudan, agora
parte de Lozere, próximo às Montanhas Margueride, enfrentaram um flagelo
terrível: uma criatura horrível assolou a região e ficou conhecida como “La
Bête du Gevaudan”, ou "A Besta de Gevaudan".
Descrevia-se o monstro como um ser semelhante a um lobo,
porém de proporções muito além das conhecidas na região, alcançando quase o
tamanho de um bovino ou um equino. Suas garras afiadas adornavam as patas, a
pelagem escura como a própria noite envolvia seu corpo, enquanto uma cabeça
massiva, reminiscente de um mastim, ostentava orelhas pequenas e retas, além de
uma boca descomunal, repleta de presas monstruosas. Mais do que uma mera
aparência amedrontadora, a criatura exibia uma malícia inerente, movida pelo
prazer sádico de ceifar vidas, sem qualquer propósito além do próprio ato de
matar.
De acordo com um estudo realizado em 1987, que compilou
registros de igrejas, correspondências pessoais, registros de óbitos e
publicações jornalísticas, estima-se que aproximadamente 200 pessoas foram
vítimas da fera, com 113 delas perdendo suas vidas e 98 sofrendo ferimentos
graves.
O primeiro encontro registrado com a fera ocorreu em maio de
1764, na floresta de Mercoire, próxima a Langogne, na porção oriental de Gevaudan.
Uma jovem pastora, enquanto cuidava de seu rebanho, avistou uma sombra escura
esgueirando-se entre os arbustos. A criatura irrompeu da vegetação, investindo
contra os animais, mas os touros conseguiram repeli-la com seus chifres. Num
segundo assalto, a fera enfrentou novamente os touros, um comportamento
singular para um lobo, mas foi novamente afastada. Os animais conseguiram
garantir tempo suficiente para que a mulher, apavorada, escapasse e alertasse
seu vilarejo sobre o perigo iminente. Os homens da aldeia se armaram e partiram
em busca da criatura, encontrando apenas animais feridos, sem qualquer sinal do
lobo.
Apenas um mês depois, a besta fez sua segunda aparição.
Dessa vez, o ataque resultou em tragédia, com a morte de uma menina que não
conseguiu escapar de sua fúria. O corpo da criança foi descoberto próximo a um
riacho, onde fora buscar água em um cântaro. Ela fora cruelmente mutilada, e,
segundo os relatos, o coração da pobre vítima havia sido devorado pela fera.
À medida que os meses se arrastavam, uma aura de apreensão
envolvia a região, enquanto o imenso lobo negro continuava sua onda de terror,
demonstrando uma predileção peculiar por mulheres, crianças e homens solitários
que se aventuravam pelos bosques para cuidar de seus rebanhos. O método de
ataque da fera também intrigava, desviando-se do padrão comum dos predadores,
mirando diretamente nas cabeças de suas vítimas, ignorando membros e
extremidades, alvos mais usuais para lobos. Aqueles que não eram completamente
devorados ou desapareciam sem deixar vestígios eram encontrados com as cabeças
esfaceladas ou até mesmo arrancadas de seus corpos, um horror até então
desconhecido na região.
Com o aumento do número de ataques e vítimas fatais,
surgiram suspeitas de que mais de uma fera estivesse atuando, talvez até mesmo
uma alcateia desses animais temíveis. Relatos divergentes corroboravam a ideia,
com testemunhas afirmando ter avistado a fera em locais distintos quase
simultaneamente. Alguns até afirmavam ter visto o enorme lobo liderando outros
animais menores em suas caçadas. Um boato sinistro começou a circular,
sugerindo que a fera obedecia às ordens de um homem enigmático vestido de couro
preto, indicando suas vítimas. Para alguns, era um nobre decadente que
transformara o assassinato em seu passatempo; para outros, era o próprio diabo
personificado.
À medida que a Besta de Gevaudan persistia em sua matança
sistemática, crescia a convicção de que suas ações carregavam um componente
sobrenatural. Os caçadores perdiam o rastro da fera na densa floresta,
armadilhas eram desconsideradas, armas pareciam falhar inexplicavelmente, e os
rastreadores não compreendiam como um lobo tão grande podia escapar de todas as
buscas. A habilidade da criatura em sobreviver a todos os esforços para
eliminá-la, juntamente com sua preferência por vítimas femininas, alimentava a
crença de que não se tratava de um simples lobo, mas sim de um lobisomem.
Apesar das medidas tomadas para reforçar a segurança, como erguer cercas e
acender tochas durante a noite, a sede de sangue da fera parecia insaciável.
Em um sombrio outubro de 1764, dois caçadores depararam-se
com a besta na densa floresta, disparando contra ela a uma distância ínfima de
apenas dez passos. Os tiros atingiram o monstro quase à queima-roupa,
derrubando-o momentaneamente, mas antes que pudessem recarregar para um segundo
disparo, a criatura se ergueu e desapareceu entre as árvores. Jurando terem
acertado a fera, os caçadores, estupefatos, viram-na desvanecer-se na penumbra,
como se feita de sombras e pesadelos.
Alarmados, formou-se uma expedição para seguir os rastros de
sangue deixados pela besta, adentrando o bosque na esperança de encontrar seu
cadáver. No entanto, o que encontraram foram apenas os corpos desfigurados das
vítimas, sem sinal da criatura que os ceifara. Quando se preparavam para
retornar, a fera surgiu sorrateira, lançando-se contra o grupo e deixando mais
quatro vítimas em seu rastro. Os sobreviventes, em desespero, dispararam
inúmeras vezes, mas a besta parecia imune às balas, erguendo-se repetidamente
para atacar.
O pânico tomou conta da região, espalhando-se como fogo em
palha seca, alimentado por relatos sobre os horrores perpetrados pela fera.
Caçadores, mercadores e viajantes ecoavam histórias sobre a maldita Besta de
Gevaudan, transformando-a em uma lenda macabra que assombrava os bosques e
afligia os corações dos camponeses.
Diante da ameaça crescente, o Capitão Duhamel, líder da
milícia local, recebeu a missão direta do Rei Luís XV de erradicar a besta e
restaurar a tranquilidade na região. Com um grupo de dezessete caçadores
montados, mosquetes carregados e uma matilha de cães farejadores, Duhamel
liderou uma incansável caçada pela criatura. Armadilhas foram montadas, ovelhas
foram usadas como iscas, até mesmo alguns homens vestiram-se como mulheres numa
tentativa desesperada de atrair a fera. No entanto, todas as artimanhas foram
em vão, pois a Besta de Gevaudan permanecia elusiva, desafiando todos os
esforços para capturá-la.
Chegou finalmente novembro e o grupo de Duhamel avistou a
besta, lançando-se em uma perseguição desenfreada pela floresta. No entanto,
perderam-na em uma área inacessível a cavalo. Determinados, os caçadores
seguiram a pé e, ao encontrarem o enorme lobo numa clareira, dispararam
repetidas vezes, mas a fera escapou para as sombras do bosque. O grupo,
convicto de que os ferimentos seriam fatais, retornou a Gevaudan onde foram
aclamados como heróis.
Dias se passaram sem notícias da fera até que, próximo ao
Natal, outra mulher desapareceu. Seus restos mutilados foram encontrados em uma
ravina, mergulhando a região em novo terror. A credibilidade de Duhamel foi
abalada e ele foi destituído do cargo, enquanto os rumores sobre a origem da
besta cresciam, alimentando teorias conspiratórias sobre nobres renegados e lobos
demoníacos.
Em Paris, as críticas à ineficácia real em lidar com a
ameaça ecoaram, levando o Rei a oferecer uma recompensa pela morte da fera.
Caçadores de toda a Europa convergiram para Gevaudan em busca de fama e
fortuna, mas meses se passaram sem sucesso. Mesmo após a morte de duas
crianças, a besta permanecia indomável, desafiando todos os esforços para
detê-la. Então, o Rei, comovido pela tragédia, convocou um renomado
caçador, Denneval, depositando nele suas últimas esperanças e prometendo-lhe nobreza
caso triunfasse na perigosa missão.
Em fevereiro de 1765, Denneval desembarcou na região de
Gevaudan com cinco fiéis ajudantes, incluindo um nativo americano conhecido por
suas habilidades como rastreador. Equipados com um arsenal impressionante, que
incluía 50 mosquetes pesados, lanças longas, bestas e explosivos, o grupo tinha
uma aparência intimidadora, especialmente o nativo com seu cabelo moicano e
pintura de guerra. Denneval, coberto por uma armadura de couro e metal, exalava
um odor nauseante, impregnado do sangue de uma loba.
Logo, encontraram Jacques Denis, determinado a vingar a
morte da irmã nas mãos da fera. Aceito no grupo, eles adentraram a floresta,
com Denneval planejando atrair a besta para perto de Gevaudan.
Em maio, durante a Feira da Primavera, a fera atacou,
ceifando vidas inocentes, incluindo a de Marguerite, amada de Jacques.
Furiosos, os aldeões partiram para enfrentar o monstro. Jacques e seus
companheiros caíram em uma armadilha, escapando por pouco graças à intervenção
de Denneval. Porém, a experiência deixou Jacques envelhecido precocemente.
Após esse ataque, Denneval desistiu da perseguição, enviando
uma carta ao Rei, reconhecendo a impotência diante da criatura. A desistência
perturbou os aldeões, mas a fera continuou sua carnificina. O Rei, indignado,
convocou Denneval, que fugiu do país, deixando o lugar para Antoine de
Beauterne, um experiente caçador parisiense.
"Não há solução", ele teria escrito ao Rei,
pedindo desculpas. E acrescentou: "A fera nos atraiu para a floresta para
atacar o vilarejo impunemente. Estamos diante de algo que desafia a lógica e
age movido pelo desejo de matar. Nossa presença só a torna mais selvagem e
vingativa."
Com a desistência do Guarda Caça, a maioria dos caçadores
partiu. Livre para agir, a fera continuou sua brutalidade, ceifando vidas sem
piedade. Furioso com a carta de Denneval, o Rei ordenou que ele comparecesse,
mas o guarda escapou para outro país, desaparecendo da história. Um conselheiro
de Luis XV indicou Antoine de Beauterne para substituí-lo, um famoso
taxidermista parisiense experiente em caçar presas na Europa e na África.
Beauterne chegou discretamente e inicialmente fez pouco. Ele
explorou a floresta, mapeou os avistamentos da fera e encontrou Mani, o nativo
de Manitoba que ficara para trás. Mani ofereceu-se como rastreador.
Em 21 de setembro, Beauterne organizou uma equipe de
quarenta caçadores locais selecionados e uma dúzia de cães farejadores. Com o
conhecimento do terreno e os conselhos de Mani, concentraram-se numa área
rochosa isolada, perto de Pommier. O local parecia ser um esconderijo adequado,
cheio de cavernas e água potável. O plano era levar a fera a um lugar onde se
sentisse segura, mas onde não esperasse ser confrontada.
Assim que chegaram ao local, os cães farejaram um odor e
começaram a latir freneticamente. Não demorou para a besta sair de uma caverna
para investigar. Um dos homens deu o alerta e Beauterne disparou seu mosquete,
acertando em cheio o dorso da fera. Ela ainda saltou, derrubando um dos homens,
mas os outros imediatamente abriram fogo, crivando o lobo com tiros certeiros.
Um deles arrancou seu olho esquerdo, alojando-se no crânio. A criatura gemeu e
caiu morta, mas enquanto os homens comemoravam, ela subitamente se ergueu e
investiu novamente com uma ferocidade sobrenatural. Uma segunda rajada de balas
foi disparada e, finalmente, a fera foi abatida. O golpe final veio de Mani.
Armado com uma afiada machadinha, o nativo saltou sobre a fera, sua arma
descreveu um arco no ar e caiu pesadamente, esmagando o crânio da besta.
Aproximando-se cautelosamente, os homens golpearam a carcaça com baionetas e
lanças compridas até reduzi-la a algo grotesco e sanguinolento.
Os caçadores amarraram o que restou da fera em um estrado e
o arrastaram até Pommier. Beauterne examinou cuidadosamente os restos da fera e
concluiu que se tratava de um magnífico lobo, medindo um pouco mais de 1,80 m e
pesando cerca de 90 quilos, com uma boca cheia de presas com mais de uma
polegada de comprimento. Beauterne tentou preservar a criatura para levá-la ao
Rei, mas, apesar de seus esforços, a carcaça havia sofrido muitos danos durante
a caçada. Tudo o que conseguiu salvar foram as orelhas, os dentes e o rabo; o
resto foi queimado e enterrado nos arredores do vilarejo.
Por mais de um ano, a calmaria reinou em Gevaudan e a
normalidade retornou à vida. Então, na primavera de 1767, as mortes recomeçaram.
Duas crianças desapareceram e o corpo decapitado de uma mulher foi encontrado
em um campo aberto. Beauterne foi convocado para retornar a Gevaudan, mas ele
declarou que aquelas mortes não eram obra de um lobo, mas sim de um maníaco.
Em 19 de junho do mesmo ano, um nobre local, o Marquês
d'Apcher, organizou a maior batida já vista para rastrear o animal. Mais de
trezentos homens a pé e a cavalo vasculharam cada centímetro da floresta. Nada
foi encontrado.
Naquela época, um homem misterioso chamado Jean Chastel
passava pela região. Ele era conhecido de Jacques Denis e ofereceu-se para
exterminar a fera. Ao contrário dos outros, ele não era um caçador experiente,
mas um especialista em folclore e superstições. Chastel afirmava que o
responsável pela nova onda de mortes não era um simples lobo, mas uma besta
sanguinária aprisionada no corpo de um homem. A luz revelava o lobo dentro do
culpado, despertando um desejo incontrolável de matar. O espírito do lobo de
Gevaudan havia contaminado esse homem, transformando-o em um assassino. Ele era
um lobisomem.
O especialista convenceu os habitantes de Gevaudan a doar
objetos de prata e, quando tinha o suficiente, mandou derretê-los para produzir
projéteis abençoados pelo pároco local. O plano de Chastel era atrair o
lobisomem para a borda da floresta. Ele preparou o local meticulosamente e,
acompanhado de Denis, recitou uma série de orações. Na alta madrugada, os dois
avistaram movimento na mata e ficaram alertas. De repente, uma besta em forma
de lobo irrompeu da floresta e avançou na direção deles. Chastel disparou suas
pistolas e os projéteis de prata pura perfuraram o corpo da besta, que caiu
fulminada.
Assim como o monstro abatido por Antoine de Beauterne, essa
criatura era um lobo enorme, consideravelmente maior que os outros habitantes
da floresta. O animal foi esquartejado e dentro dele encontraram os restos de
uma criança desaparecida na véspera. A besta foi embalsamada e exibida de
cidade em cidade, mediante uma pequena contribuição, é claro. Infelizmente, os
métodos de preservação da época não eram adequados, e o que restou da fera
chegou a Paris em péssimo estado. O mau cheiro incomodou tanto o Rei que ele
ordenou que os restos fossem imediatamente removidos de sua presença. Há
informações contraditórias sobre o destino da Besta. Alguns afirmam que ela foi
queimada e suas cinzas dispersadas, apesar dos protestos de Chastel. Outros
dizem que a carcaça foi entregue ao talentoso taxidermista Beauterne, que
restaurou a fera e a vendeu a um nobre colecionador.
Seja como for, os restos da lendária Besta de Gevaudan nunca
foram encontrados, gerando mais de dois séculos de controvérsias sobre sua
verdadeira identidade. Em 1960, após analisar a transcrição de Antoine de
Beauterne sobre o processo de dissecação da fera, uma comissão de zoólogos
concluiu que o animal descrito era de fato um lobo. Franz Jullien, taxidermista
do Museu Nacional de História Natural de Paris, encontrou amostras dos dentes
da Besta de Gevaudan nos arquivos do museu e as submeteu a testes, confirmando
que eram presas de um lobo de grande porte. Em 1979, foram encontrados restos
de um animal empalhado guardados nos depósitos do museu em uma caixa. Segundo
rumores, seriam os restos do espécime abatido por Jean Chastel com suas balas
de prata. O animal foi aparentemente identificado como uma hiena nativa do
Norte da África, Oriente Médio, Paquistão e Oeste da Índia.
Seria a Besta de Gevaudan, afinal, uma enorme hiena e não um
lobo? Essa ideia foi contemplada, entre outros, pelo escritor Henri Pourrat e
pelo naturalista Gerard Menatorv, que propuseram a hipótese de uma hiena ter
sido trazida por negociantes de animais e, uma vez rejeitada em um zoológico,
libertada na floresta. Há ainda outra hipótese que questiona a credibilidade de
Jean Chastel. Segundo boatos, o pai de Chastel possuía uma hiena em sua
menagerie (um termo do século XVII para coleções de animais mantidos em
cativeiro). Alguns pesquisadores acreditam na possibilidade de Jean Chastel ter
inventado a história sobre o lobisomem e usado a hiena que pertencia à
menagerie de seu pai para se autopromover.
Isso suscita a questão sobre quem seria o responsável pelas
mortes após a eliminação do grande lobo por Beauterne. Alguns sugerem que
Chastel ou alguém muito próximo a ele teria deliberadamente assassinado
inocentes para criar a ilusão de que a Besta ainda assolava Gevaudan, fazendo
vítimas. Para muitos, o enigmático Chastel era uma figura de moral duvidosa,
ávida por riquezas. Uma das razões pelas quais o Rei Luís XV se recusou a
recebê-lo foi justamente por ele ter tentado vender ao monarca, por um preço
exorbitante, os restos da fera abatida. Chastel morreu em relativa obscuridade,
mas não é totalmente surpreendente que alguns afirmem que ele se tornou um
algoz da nobreza e desempenhou o papel de perseguir nobres após a Revolução.
É claro, tudo isso é mera especulação, pois não há como
determinar historicamente se houve mais de uma Besta de Gevaudan. O que se sabe
é que o sentimento de terror que assolou a região entre 1764 e 1767 foi muito
bem documentado na época. A população de lobos também foi drasticamente
reduzida, chegando praticamente à extinção devido às caçadas realizadas
naqueles três anos.
O que levou um lobo a emergir da floresta para matar
indiscriminadamente os habitantes de uma pequena província na França continua
sendo um mistério. No entanto, um marco de pedra foi erguido no local,
lembrando a todos aqueles dias de medo.
Em 2009, o canal History exibiu um programa intitulado
"The Real Wolfman", algo como “o verdadeiro lobisomem” no qual o caso
de Gévaudan foi minuciosamente investigado. No programa, sugeriu-se que a fera
responsável pelos ataques provavelmente era um animal domesticado sob o comando
de um homem. Considerando que lobos eram impossíveis de serem domesticados,
especialmente naquela época, e que cães não teriam força suficiente em suas
mordidas para quebrar ossos da forma como a fera o fez.
Apesar de inúmeras teorias sobre a identidade da criatura,
incluindo a possibilidade de ser um lobo gigante, uma hiena africana grande ou
até mesmo um serial killer humano, não há uma explicação plausível sobre essa
onda de ataques e assassinatos. Portanto o mistério da Besta de Gevaudan
permanece como um dos capítulos mais sombrios e curiosos da história francesa.
Uma estátua feita pelo artista Philippe Kaeppelin, foi
erguida em Auvers, comuna situada no departamento de Val-d'Oise, para relembrar
o ataque da besta de Gevaudan à camponesa Marie-Jeanne Valet.
A despeito de todos os esforços, a verdadeira origem da
besta de Gevaudan permanece envolta em mistério até hoje. Teorias surgiram,
algumas apontando para uma criatura sobrenatural, outras sugerindo conspirações
sinistras. Mas a única certeza era a persistência do terror, um lembrete
sombrio de que, às vezes, o mal espreita nas sombras mais profundas do
desconhecido, e a verdade permanece além do alcance da compreensão humana.
Gesiel de Souza Oliveira, tem 45 anos, é casado, pai de 3 filhos, Amapaense, Palestrante, Oficial de Justiça do Tribunal de Justiça do Amapá, Pós-graduado em Docência e Ensino Superior, Pós Graduado em Direito Constitucional, Professor de Geopolítica Mundial, Geógrafo, Bacharel em Direito, Escritor, Teólogo, Pastor Evangélico, Professor de Direito Penal e Processo Penal, Fundador e Presidente Internacional da APEBE – Aliança Pró-Evangélicos do Brasil e Exterior.
Referências
bibliográficas:
Lefebvre, Michel. A Besta de Gévaudan: Terror e Mistério na
França do Século XVIII. Paris: Éditions du Seuil, 1996.
Smith, Jay M. Gevaudan: A Saga de um Mistério. Londres:
HarperCollins, 2003.
Dubois, Pierre. "Caça à Besta: Uma Análise dos
Registros Históricos e dos Mitos Populares." Revista de História Moderna,
vol. 15, nº 2, 2010, pp. 45-67.
Rousseau, Jean-Pierre. "Besta ou Bicho? Uma Reavaliação
das Teorias Sobre os Ataques em Gevaudan." Estudos Franceses, vol. 30, nº
4, 2015, pp. 89-104.
Bernard, Henri. "O Pânico Coletivo e a Caça
à Besta: Reflexões Sobre a Sociedade Francesa do Século XVIII." Revista de
Ciências Sociais, vol. 42, nº 3, 2018, pp. 110-125.