Entre a técnica e a ideologia: A reiteração obstrutiva de motivações obscuras do IBAMA e o pesado "preço" do ambientalismo exacerbado para o povo do Amapá - Por Gesiel Oliveira
Desde 2014, a Petrobras enfrenta uma batalha contínua e desgastante contra a resistência institucional imposta pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Sob a liderança de Marina Silva, o órgão tem reiteradamente negado pedidos de licenciamento ambiental para a exploração na Margem Equatorial, com um rigor técnico que ultrapassa a razoabilidade e ignora os interesses estratégicos do Brasil. Essa insistência em embargar projetos, mesmo diante de análises revisadas e novas diretrizes governamentais, revela um conflito latente entre a visão desenvolvimentista do presidente Lula e a política ambientalista intransigente do Ministério do Meio Ambiente.
A Petrobras propôs a perfuração de um poço a aproximadamente 160 km da costa de Oiapoque, no Amapá, uma área de grande potencial energético, capaz de transformar a economia local e reduzir a dependência brasileira de importações de combustíveis. Entretanto, o IBAMA, sob a justificativa de falhas no plano de resgate da fauna, recomendou mais uma vez a rejeição do pedido. O argumento, embora tecnicamente embasado, levanta questionamentos sobre a real motivação dessa negativa, considerando que a própria Petrobras já havia reformulado seus planos conforme as exigências ambientais.
A recorrência dessas negativas não é um fenômeno isolado. Em 2018, o órgão já havia indeferido cinco pedidos de licenciamento na mesma região, alegando a complexidade ambiental como impeditivo para a exploração. O problema central, porém, não reside apenas na exigência de rigor técnico, mas na insistência em criar obstáculos mesmo diante de esforços de adaptação da estatal às normativas ambientais. A posição do IBAMA vai além da prudência ambiental e se aproxima de um veto ideológico travestido de preocupação técnica.
O paradoxo da transição energética e a hipocrisia da política ambiental
O Brasil se posiciona como um dos líderes globais na transição energética, promovendo investimentos em fontes renováveis e estabelecendo metas para redução de emissões de carbono. No entanto, a dependência de combustíveis fósseis ainda é uma realidade inegável. Em 2023, o Brasil importou mais de 280 mil barris de petróleo por dia, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o que representa um custo elevado para a balança comercial e compromete a segurança energética nacional.
Paralelamente, países como Noruega e Canadá, que se apresentam como referências em políticas ambientais, continuam a explorar seus recursos fósseis de forma estratégica, garantindo retorno econômico para investimentos em energia limpa. A incoerência do Brasil ao impedir a exploração na Margem Equatorial não só prejudica a competitividade nacional, como também priva o Amapá da possibilidade de se tornar uma potência econômica regional, a exemplo de Macaé no Rio de Janeiro.
A exploração de petróleo nessa região poderia gerar mais de 100 mil empregos diretos e indiretos, além de movimentar a economia local com royalties e impostos. Ainda assim, o governo, por meio do IBAMA, insiste em inviabilizar essa alternativa sob pretextos que, ao longo dos anos, têm se mostrado variáveis e pouco coerentes com a própria realidade internacional.
A maldição da Pedra de Sísifo: O avanço que nunca chega
Na mitologia grega, Sísifo foi condenado pelos deuses a um castigo eterno: ele deveria empurrar uma grande rocha até o topo de uma montanha, apenas para vê-la rolar de volta ao ponto de partida sempre que estivesse prestes a alcançar o cume. Esse ciclo interminável simboliza o esforço frustrado, a luta constante sem resultado e a repetição exaustiva de um trabalho sem conclusão.
A Petrobras e o Estado do Amapá encontram-se em uma maldição sisífica moderna. A cada novo pedido de licenciamento, o projeto avança alguns passos, apenas para ser derrubado novamente por novas exigências e negativas do IBAMA. Assim como Sísifo nunca alcança o topo, a exploração da Margem Equatorial parece condenada a uma sucessão de esperanças frustradas, não por falta de mérito técnico, mas por uma resistência institucional que impede a concretização do desenvolvimento.
Esse ciclo de negações, que já dura mais de uma década, não representa apenas um entrave burocrático, mas um desperdício de potencial econômico e social. O Amapá poderia se tornar um polo energético e industrial, criando empregos, arrecadando royalties e reduzindo a dependência do Brasil de importações de petróleo. No entanto, a cada tentativa, o progresso é rolado montanha abaixo, como a pedra de Sísifo, por decisões que extrapolam a cautela ambiental e adentram o território do bloqueio sistemático.
Se esse paradigma não for rompido, o Brasil continuará aprisionado em um ciclo de tentativas frustradas, onde o desenvolvimento sempre parecerá estar ao alcance, mas jamais será concretizado.
A urgência de um debate racional
O dilema entre preservação ambiental e desenvolvimento econômico não pode ser tratado com dogmatismo. A Petrobras demonstrou capacidade técnica para operar dentro das diretrizes ambientais, e a exploração na Margem Equatorial pode ser realizada com segurança, como ocorre em outros países com padrões rigorosos de licenciamento.
O Brasil precisa urgentemente de um debate racional sobre o uso sustentável de seus recursos naturais. O atual modelo de licenciamento ambiental, ao invés de garantir segurança e equilíbrio, tem servido como um instrumento de veto arbitrário, ignorando as diretrizes do próprio governo federal e prejudicando o interesse nacional. Se a exploração na Margem Equatorial continuar sendo postergada por decisões inflexíveis e contraditórias, o país não só perderá investimentos bilionários, como condenará regiões economicamente frágeis a uma eterna espera pelo desenvolvimento que nunca chega.
Gesiel de Souza Oliveira, tem 47 anos, é casado, pai de três filhos, amapaense, palestrante, Membro Consultor da Comissão de Meio Ambiente da OAB/AP, Oficial de Justiça do Tribunal de Justiça do Amapá, Pós-graduado em Docência e Ensino Superior, Pós-Graduado em Direito Constitucional, Colunista e Professor de Geopolítica Mundial, Geógrafo, Bacharel em Direito, Escritor, Teólogo, Pastor Evangélico, Professor de Direito Penal e Processo Penal, Fundador e Presidente Internacional da APEBE – Aliança Pró-Evangélicos do Brasil e Exterior.
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