Ontem (25.12) por volta das 15h, quem caminhava na orla de Macapá foi surpreendido por um fenômeno curioso que chamou a atenção de todos. Uma tromba d'água se formou no meio do rio Amazonas, poucos minutos antes de um temporal que caiu sobre a capital.
O fenômeno durou poucos minutos, cerca de 5 minutos, mas a notícia tomou corpo por causa dos internautas, que flagraram os momentos em que a tromba d'´agua ganhava força no meio do Rio Amazonas. A notícia rapidamente se espalhou pelas redes sociais, e imagens chegavam a todo momento de diversos ângulos da frente de Macapá.
A tromba d’água, que é um fenômeno climático semelhante a um tornado, surge por causa da instabilidade atmosférica, quando há a formação de nuvens acompanhadas de raios e trovões. Os serviços meteorológicos preveem fortes chuvas a partir de fins de fevereiro, com início do período chuvoso normal a partir de janeiro.
Acompanhe a análise do vórtice da tromba d'água que se formou em frente à Macapá ontem. Pelo que tudo indica ela não teve força suficiente para avançar e se dissipou no meio do Rio Amazonas antes de entrar em contato com o continente. Veja as fotos que mostram que o vórtice era grande o suficiente para continuar a progredir e avançar, mas por algumas razão, possivelmente por falta de pressão, ele se desfez antes de tocar em Macapá.
Para quem acha que isso é anormal e não pode acontecer em Macapá, é bom saber que o Amapá está próximo à região central do Oceano Atlântico, onde se formam os grandes furacões que vão em direção à região do Caribe, Golfo do México e EUA. Mas durante centenas de anos o direcionamento das correntes marítimas e da circulação das correntes de ventos correm em direção à região caribenha. As mudanças climáticas globais estão alterando o direcionamento de muitas dessas correntes marítimas, e podem fazer com que os ciclones, furacões e tornados mudem seu curso progressivamente. Por isso é cada vez mais comum os tufões na foz do rio amazonas, costa leste do Amapá e nordeste do Pará
O berçário dos ciclones tropicais é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), área próxima à linha do Equador, na região central do Oceano Atlântico, que circunda a Terra e é caracterizada por baixas pressões atmosféricas de superfície, convergência de vento e de umidade e movimento ascendente de ar.
A existência e o caráter permanente da ZCIT estão relacionados à forma esférica da Terra e à incidência mais efetiva de radiação solar sobre a região equatorial, que promove grande aquecimento da superfície terrestre e da atmosfera. Com as mudanças climáticas, de pressão e nas correntes marítimas , já é possível vermos que a ZCIT migra juntamente com o Sol e, em função da proporção terra-oceano ser maior no Hemisfério Norte, a ZCIT normalmente se afasta menos da linha do Equador em direção ao sul, nos meses de janeiro a abril, do que em direção ao norte nos meses de julho a outubro. É durante os meses quentes do verão boreal (no Hemisfério Norte) que acontece a temporada dos furacões ou tufões, mas por alguma razão ainda desconhecida, essa dinâmica está sofrendo alterações, por isso é bom sempre estarmos atentos.
Na verdade o Amapá está ao lado do "caldeirão fervente de furacões", que costumam sair pelo "bico da panela" que está vidado pros EUA, mas se a panela virar, aí quem primeiro vai se queimar são a Guiana Francesa, o Estado Amapá e a costa nordeste do Estado do Pará. Assim que eu explicava para os meus alunos de cursinho. Gesiel Oliveira, Geógrafo e Professor de Geografia Regional e do Amapá. Autor da obra "Sinopse histórico geográfica do Amapá".
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