Pular para o conteúdo principal

O mistério sem fim da Besta de Gevaudan: O terror em um pequeno vilarejo no sul da França do século XVIII.


 

A verdadeira natureza da criatura permanece envolta em mistério, um enigma insólito que desafia a compreensão até os dias de hoje.


Hoje quero relatar a vocês sobre um fato histórico pouco conhecido e que afligiu o pequeno vilarejo de Gevaudan, localizado no sul da França. Não se trata de lenda, mas de um fato registrado na história por diversos historiadores e que chegou a mobilizar o exército do Rei Francês Luiz XV nas buscas por essa criatura violenta e misteriosa. Nos rincões sombrios da região de Gevaudan, na França durante os anos de 1764 a 1767, uma aura de terror pairava sobre a população. Entre os vales verdejantes e as florestas densas, algo sinistro se movia furtivamente, ceifando vidas inocentes com uma voracidade insondável. Os moradores da modesta província de Gevaudan, agora parte de Lozere, próximo às Montanhas Margueride, enfrentaram um flagelo terrível: uma criatura horrível assolou a região e ficou conhecida como “La Bête du Gevaudan”, ou "A Besta de Gevaudan".

 

Descrevia-se o monstro como um ser semelhante a um lobo, porém de proporções muito além das conhecidas na região, alcançando quase o tamanho de um bovino ou um equino. Suas garras afiadas adornavam as patas, a pelagem escura como a própria noite envolvia seu corpo, enquanto uma cabeça massiva, reminiscente de um mastim, ostentava orelhas pequenas e retas, além de uma boca descomunal, repleta de presas monstruosas. Mais do que uma mera aparência amedrontadora, a criatura exibia uma malícia inerente, movida pelo prazer sádico de ceifar vidas, sem qualquer propósito além do próprio ato de matar.

 


De acordo com um estudo realizado em 1987, que compilou registros de igrejas, correspondências pessoais, registros de óbitos e publicações jornalísticas, estima-se que aproximadamente 200 pessoas foram vítimas da fera, com 113 delas perdendo suas vidas e 98 sofrendo ferimentos graves.

 


O primeiro encontro registrado com a fera ocorreu em maio de 1764, na floresta de Mercoire, próxima a Langogne, na porção oriental de Gevaudan. Uma jovem pastora, enquanto cuidava de seu rebanho, avistou uma sombra escura esgueirando-se entre os arbustos. A criatura irrompeu da vegetação, investindo contra os animais, mas os touros conseguiram repeli-la com seus chifres. Num segundo assalto, a fera enfrentou novamente os touros, um comportamento singular para um lobo, mas foi novamente afastada. Os animais conseguiram garantir tempo suficiente para que a mulher, apavorada, escapasse e alertasse seu vilarejo sobre o perigo iminente. Os homens da aldeia se armaram e partiram em busca da criatura, encontrando apenas animais feridos, sem qualquer sinal do lobo.

 

Apenas um mês depois, a besta fez sua segunda aparição. Dessa vez, o ataque resultou em tragédia, com a morte de uma menina que não conseguiu escapar de sua fúria. O corpo da criança foi descoberto próximo a um riacho, onde fora buscar água em um cântaro. Ela fora cruelmente mutilada, e, segundo os relatos, o coração da pobre vítima havia sido devorado pela fera.

À medida que os meses se arrastavam, uma aura de apreensão envolvia a região, enquanto o imenso lobo negro continuava sua onda de terror, demonstrando uma predileção peculiar por mulheres, crianças e homens solitários que se aventuravam pelos bosques para cuidar de seus rebanhos. O método de ataque da fera também intrigava, desviando-se do padrão comum dos predadores, mirando diretamente nas cabeças de suas vítimas, ignorando membros e extremidades, alvos mais usuais para lobos. Aqueles que não eram completamente devorados ou desapareciam sem deixar vestígios eram encontrados com as cabeças esfaceladas ou até mesmo arrancadas de seus corpos, um horror até então desconhecido na região.

 

Com o aumento do número de ataques e vítimas fatais, surgiram suspeitas de que mais de uma fera estivesse atuando, talvez até mesmo uma alcateia desses animais temíveis. Relatos divergentes corroboravam a ideia, com testemunhas afirmando ter avistado a fera em locais distintos quase simultaneamente. Alguns até afirmavam ter visto o enorme lobo liderando outros animais menores em suas caçadas. Um boato sinistro começou a circular, sugerindo que a fera obedecia às ordens de um homem enigmático vestido de couro preto, indicando suas vítimas. Para alguns, era um nobre decadente que transformara o assassinato em seu passatempo; para outros, era o próprio diabo personificado.

 


À medida que a Besta de Gevaudan persistia em sua matança sistemática, crescia a convicção de que suas ações carregavam um componente sobrenatural. Os caçadores perdiam o rastro da fera na densa floresta, armadilhas eram desconsideradas, armas pareciam falhar inexplicavelmente, e os rastreadores não compreendiam como um lobo tão grande podia escapar de todas as buscas. A habilidade da criatura em sobreviver a todos os esforços para eliminá-la, juntamente com sua preferência por vítimas femininas, alimentava a crença de que não se tratava de um simples lobo, mas sim de um lobisomem. Apesar das medidas tomadas para reforçar a segurança, como erguer cercas e acender tochas durante a noite, a sede de sangue da fera parecia insaciável.

Em um sombrio outubro de 1764, dois caçadores depararam-se com a besta na densa floresta, disparando contra ela a uma distância ínfima de apenas dez passos. Os tiros atingiram o monstro quase à queima-roupa, derrubando-o momentaneamente, mas antes que pudessem recarregar para um segundo disparo, a criatura se ergueu e desapareceu entre as árvores. Jurando terem acertado a fera, os caçadores, estupefatos, viram-na desvanecer-se na penumbra, como se feita de sombras e pesadelos.

 


Alarmados, formou-se uma expedição para seguir os rastros de sangue deixados pela besta, adentrando o bosque na esperança de encontrar seu cadáver. No entanto, o que encontraram foram apenas os corpos desfigurados das vítimas, sem sinal da criatura que os ceifara. Quando se preparavam para retornar, a fera surgiu sorrateira, lançando-se contra o grupo e deixando mais quatro vítimas em seu rastro. Os sobreviventes, em desespero, dispararam inúmeras vezes, mas a besta parecia imune às balas, erguendo-se repetidamente para atacar.

 

O pânico tomou conta da região, espalhando-se como fogo em palha seca, alimentado por relatos sobre os horrores perpetrados pela fera. Caçadores, mercadores e viajantes ecoavam histórias sobre a maldita Besta de Gevaudan, transformando-a em uma lenda macabra que assombrava os bosques e afligia os corações dos camponeses.

 

Diante da ameaça crescente, o Capitão Duhamel, líder da milícia local, recebeu a missão direta do Rei Luís XV de erradicar a besta e restaurar a tranquilidade na região. Com um grupo de dezessete caçadores montados, mosquetes carregados e uma matilha de cães farejadores, Duhamel liderou uma incansável caçada pela criatura. Armadilhas foram montadas, ovelhas foram usadas como iscas, até mesmo alguns homens vestiram-se como mulheres numa tentativa desesperada de atrair a fera. No entanto, todas as artimanhas foram em vão, pois a Besta de Gevaudan permanecia elusiva, desafiando todos os esforços para capturá-la.

 

Chegou finalmente novembro e o grupo de Duhamel avistou a besta, lançando-se em uma perseguição desenfreada pela floresta. No entanto, perderam-na em uma área inacessível a cavalo. Determinados, os caçadores seguiram a pé e, ao encontrarem o enorme lobo numa clareira, dispararam repetidas vezes, mas a fera escapou para as sombras do bosque. O grupo, convicto de que os ferimentos seriam fatais, retornou a Gevaudan onde foram aclamados como heróis.

 

Dias se passaram sem notícias da fera até que, próximo ao Natal, outra mulher desapareceu. Seus restos mutilados foram encontrados em uma ravina, mergulhando a região em novo terror. A credibilidade de Duhamel foi abalada e ele foi destituído do cargo, enquanto os rumores sobre a origem da besta cresciam, alimentando teorias conspiratórias sobre nobres renegados e lobos demoníacos.

 


Em Paris, as críticas à ineficácia real em lidar com a ameaça ecoaram, levando o Rei a oferecer uma recompensa pela morte da fera. Caçadores de toda a Europa convergiram para Gevaudan em busca de fama e fortuna, mas meses se passaram sem sucesso. Mesmo após a morte de duas crianças, a besta permanecia indomável, desafiando todos os esforços para detê-la. Então, o Rei, comovido pela tragédia, convocou um renomado caçador, Denneval, depositando nele suas últimas esperanças e prometendo-lhe nobreza caso triunfasse na perigosa missão.

 

Em fevereiro de 1765, Denneval desembarcou na região de Gevaudan com cinco fiéis ajudantes, incluindo um nativo americano conhecido por suas habilidades como rastreador. Equipados com um arsenal impressionante, que incluía 50 mosquetes pesados, lanças longas, bestas e explosivos, o grupo tinha uma aparência intimidadora, especialmente o nativo com seu cabelo moicano e pintura de guerra. Denneval, coberto por uma armadura de couro e metal, exalava um odor nauseante, impregnado do sangue de uma loba.

 

Logo, encontraram Jacques Denis, determinado a vingar a morte da irmã nas mãos da fera. Aceito no grupo, eles adentraram a floresta, com Denneval planejando atrair a besta para perto de Gevaudan.

 

Em maio, durante a Feira da Primavera, a fera atacou, ceifando vidas inocentes, incluindo a de Marguerite, amada de Jacques. Furiosos, os aldeões partiram para enfrentar o monstro. Jacques e seus companheiros caíram em uma armadilha, escapando por pouco graças à intervenção de Denneval. Porém, a experiência deixou Jacques envelhecido precocemente.

 

Após esse ataque, Denneval desistiu da perseguição, enviando uma carta ao Rei, reconhecendo a impotência diante da criatura. A desistência perturbou os aldeões, mas a fera continuou sua carnificina. O Rei, indignado, convocou Denneval, que fugiu do país, deixando o lugar para Antoine de Beauterne, um experiente caçador parisiense.

 

"Não há solução", ele teria escrito ao Rei, pedindo desculpas. E acrescentou: "A fera nos atraiu para a floresta para atacar o vilarejo impunemente. Estamos diante de algo que desafia a lógica e age movido pelo desejo de matar. Nossa presença só a torna mais selvagem e vingativa."

 

Com a desistência do Guarda Caça, a maioria dos caçadores partiu. Livre para agir, a fera continuou sua brutalidade, ceifando vidas sem piedade. Furioso com a carta de Denneval, o Rei ordenou que ele comparecesse, mas o guarda escapou para outro país, desaparecendo da história. Um conselheiro de Luis XV indicou Antoine de Beauterne para substituí-lo, um famoso taxidermista parisiense experiente em caçar presas na Europa e na África.

 


Beauterne chegou discretamente e inicialmente fez pouco. Ele explorou a floresta, mapeou os avistamentos da fera e encontrou Mani, o nativo de Manitoba que ficara para trás. Mani ofereceu-se como rastreador.

 

Em 21 de setembro, Beauterne organizou uma equipe de quarenta caçadores locais selecionados e uma dúzia de cães farejadores. Com o conhecimento do terreno e os conselhos de Mani, concentraram-se numa área rochosa isolada, perto de Pommier. O local parecia ser um esconderijo adequado, cheio de cavernas e água potável. O plano era levar a fera a um lugar onde se sentisse segura, mas onde não esperasse ser confrontada.

 

Assim que chegaram ao local, os cães farejaram um odor e começaram a latir freneticamente. Não demorou para a besta sair de uma caverna para investigar. Um dos homens deu o alerta e Beauterne disparou seu mosquete, acertando em cheio o dorso da fera. Ela ainda saltou, derrubando um dos homens, mas os outros imediatamente abriram fogo, crivando o lobo com tiros certeiros. Um deles arrancou seu olho esquerdo, alojando-se no crânio. A criatura gemeu e caiu morta, mas enquanto os homens comemoravam, ela subitamente se ergueu e investiu novamente com uma ferocidade sobrenatural. Uma segunda rajada de balas foi disparada e, finalmente, a fera foi abatida. O golpe final veio de Mani. Armado com uma afiada machadinha, o nativo saltou sobre a fera, sua arma descreveu um arco no ar e caiu pesadamente, esmagando o crânio da besta. Aproximando-se cautelosamente, os homens golpearam a carcaça com baionetas e lanças compridas até reduzi-la a algo grotesco e sanguinolento.

 


Os caçadores amarraram o que restou da fera em um estrado e o arrastaram até Pommier. Beauterne examinou cuidadosamente os restos da fera e concluiu que se tratava de um magnífico lobo, medindo um pouco mais de 1,80 m e pesando cerca de 90 quilos, com uma boca cheia de presas com mais de uma polegada de comprimento. Beauterne tentou preservar a criatura para levá-la ao Rei, mas, apesar de seus esforços, a carcaça havia sofrido muitos danos durante a caçada. Tudo o que conseguiu salvar foram as orelhas, os dentes e o rabo; o resto foi queimado e enterrado nos arredores do vilarejo.

 

Por mais de um ano, a calmaria reinou em Gevaudan e a normalidade retornou à vida. Então, na primavera de 1767, as mortes recomeçaram. Duas crianças desapareceram e o corpo decapitado de uma mulher foi encontrado em um campo aberto. Beauterne foi convocado para retornar a Gevaudan, mas ele declarou que aquelas mortes não eram obra de um lobo, mas sim de um maníaco.

 

Em 19 de junho do mesmo ano, um nobre local, o Marquês d'Apcher, organizou a maior batida já vista para rastrear o animal. Mais de trezentos homens a pé e a cavalo vasculharam cada centímetro da floresta. Nada foi encontrado.

 


Naquela época, um homem misterioso chamado Jean Chastel passava pela região. Ele era conhecido de Jacques Denis e ofereceu-se para exterminar a fera. Ao contrário dos outros, ele não era um caçador experiente, mas um especialista em folclore e superstições. Chastel afirmava que o responsável pela nova onda de mortes não era um simples lobo, mas uma besta sanguinária aprisionada no corpo de um homem. A luz revelava o lobo dentro do culpado, despertando um desejo incontrolável de matar. O espírito do lobo de Gevaudan havia contaminado esse homem, transformando-o em um assassino. Ele era um lobisomem.

 

O especialista convenceu os habitantes de Gevaudan a doar objetos de prata e, quando tinha o suficiente, mandou derretê-los para produzir projéteis abençoados pelo pároco local. O plano de Chastel era atrair o lobisomem para a borda da floresta. Ele preparou o local meticulosamente e, acompanhado de Denis, recitou uma série de orações. Na alta madrugada, os dois avistaram movimento na mata e ficaram alertas. De repente, uma besta em forma de lobo irrompeu da floresta e avançou na direção deles. Chastel disparou suas pistolas e os projéteis de prata pura perfuraram o corpo da besta, que caiu fulminada.

 

Assim como o monstro abatido por Antoine de Beauterne, essa criatura era um lobo enorme, consideravelmente maior que os outros habitantes da floresta. O animal foi esquartejado e dentro dele encontraram os restos de uma criança desaparecida na véspera. A besta foi embalsamada e exibida de cidade em cidade, mediante uma pequena contribuição, é claro. Infelizmente, os métodos de preservação da época não eram adequados, e o que restou da fera chegou a Paris em péssimo estado. O mau cheiro incomodou tanto o Rei que ele ordenou que os restos fossem imediatamente removidos de sua presença. Há informações contraditórias sobre o destino da Besta. Alguns afirmam que ela foi queimada e suas cinzas dispersadas, apesar dos protestos de Chastel. Outros dizem que a carcaça foi entregue ao talentoso taxidermista Beauterne, que restaurou a fera e a vendeu a um nobre colecionador.

 

Seja como for, os restos da lendária Besta de Gevaudan nunca foram encontrados, gerando mais de dois séculos de controvérsias sobre sua verdadeira identidade. Em 1960, após analisar a transcrição de Antoine de Beauterne sobre o processo de dissecação da fera, uma comissão de zoólogos concluiu que o animal descrito era de fato um lobo. Franz Jullien, taxidermista do Museu Nacional de História Natural de Paris, encontrou amostras dos dentes da Besta de Gevaudan nos arquivos do museu e as submeteu a testes, confirmando que eram presas de um lobo de grande porte. Em 1979, foram encontrados restos de um animal empalhado guardados nos depósitos do museu em uma caixa. Segundo rumores, seriam os restos do espécime abatido por Jean Chastel com suas balas de prata. O animal foi aparentemente identificado como uma hiena nativa do Norte da África, Oriente Médio, Paquistão e Oeste da Índia.

 

Seria a Besta de Gevaudan, afinal, uma enorme hiena e não um lobo? Essa ideia foi contemplada, entre outros, pelo escritor Henri Pourrat e pelo naturalista Gerard Menatorv, que propuseram a hipótese de uma hiena ter sido trazida por negociantes de animais e, uma vez rejeitada em um zoológico, libertada na floresta. Há ainda outra hipótese que questiona a credibilidade de Jean Chastel. Segundo boatos, o pai de Chastel possuía uma hiena em sua menagerie (um termo do século XVII para coleções de animais mantidos em cativeiro). Alguns pesquisadores acreditam na possibilidade de Jean Chastel ter inventado a história sobre o lobisomem e usado a hiena que pertencia à menagerie de seu pai para se autopromover.

 

Isso suscita a questão sobre quem seria o responsável pelas mortes após a eliminação do grande lobo por Beauterne. Alguns sugerem que Chastel ou alguém muito próximo a ele teria deliberadamente assassinado inocentes para criar a ilusão de que a Besta ainda assolava Gevaudan, fazendo vítimas. Para muitos, o enigmático Chastel era uma figura de moral duvidosa, ávida por riquezas. Uma das razões pelas quais o Rei Luís XV se recusou a recebê-lo foi justamente por ele ter tentado vender ao monarca, por um preço exorbitante, os restos da fera abatida. Chastel morreu em relativa obscuridade, mas não é totalmente surpreendente que alguns afirmem que ele se tornou um algoz da nobreza e desempenhou o papel de perseguir nobres após a Revolução.


É claro, tudo isso é mera especulação, pois não há como determinar historicamente se houve mais de uma Besta de Gevaudan. O que se sabe é que o sentimento de terror que assolou a região entre 1764 e 1767 foi muito bem documentado na época. A população de lobos também foi drasticamente reduzida, chegando praticamente à extinção devido às caçadas realizadas naqueles três anos.

 

O que levou um lobo a emergir da floresta para matar indiscriminadamente os habitantes de uma pequena província na França continua sendo um mistério. No entanto, um marco de pedra foi erguido no local, lembrando a todos aqueles dias de medo.

 

Em 2009, o canal History exibiu um programa intitulado "The Real Wolfman", algo como “o verdadeiro lobisomem” no qual o caso de Gévaudan foi minuciosamente investigado. No programa, sugeriu-se que a fera responsável pelos ataques provavelmente era um animal domesticado sob o comando de um homem. Considerando que lobos eram impossíveis de serem domesticados, especialmente naquela época, e que cães não teriam força suficiente em suas mordidas para quebrar ossos da forma como a fera o fez.


Apesar de inúmeras teorias sobre a identidade da criatura, incluindo a possibilidade de ser um lobo gigante, uma hiena africana grande ou até mesmo um serial killer humano, não há uma explicação plausível sobre essa onda de ataques e assassinatos. Portanto o mistério da Besta de Gevaudan permanece como um dos capítulos mais sombrios e curiosos da história francesa.


Uma estátua feita pelo artista Philippe Kaeppelin, foi erguida em Auvers, comuna situada no departamento de Val-d'Oise, para relembrar o ataque da besta de Gevaudan à camponesa Marie-Jeanne Valet.



A despeito de todos os esforços, a verdadeira origem da besta de Gevaudan permanece envolta em mistério até hoje. Teorias surgiram, algumas apontando para uma criatura sobrenatural, outras sugerindo conspirações sinistras. Mas a única certeza era a persistência do terror, um lembrete sombrio de que, às vezes, o mal espreita nas sombras mais profundas do desconhecido, e a verdade permanece além do alcance da compreensão humana.

 


Gesiel de Souza Oliveiratem 45 anos, é casado, pai de 3 filhos, Amapaense, Palestrante, Oficial de Justiça do Tribunal de Justiça do Amapá, Pós-graduado em Docência e Ensino Superior, Pós Graduado em Direito Constitucional, Professor de Geopolítica Mundial, Geógrafo, Bacharel em Direito, Escritor, Teólogo, Pastor Evangélico, Professor de Direito Penal e Processo Penal, Fundador e Presidente Internacional da APEBE – Aliança Pró-Evangélicos do Brasil e Exterior.


 

Referências bibliográficas:

Lefebvre, Michel. A Besta de Gévaudan: Terror e Mistério na França do Século XVIII. Paris: Éditions du Seuil, 1996.

Smith, Jay M. Gevaudan: A Saga de um Mistério. Londres: HarperCollins, 2003.

Dubois, Pierre. "Caça à Besta: Uma Análise dos Registros Históricos e dos Mitos Populares." Revista de História Moderna, vol. 15, nº 2, 2010, pp. 45-67.

Rousseau, Jean-Pierre. "Besta ou Bicho? Uma Reavaliação das Teorias Sobre os Ataques em Gevaudan." Estudos Franceses, vol. 30, nº 4, 2015, pp. 89-104.

Bernard, Henri. "O Pânico Coletivo e a Caça à Besta: Reflexões Sobre a Sociedade Francesa do Século XVIII." Revista de Ciências Sociais, vol. 42, nº 3, 2018, pp. 110-125.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Conheça os 40 balneários mais lindos do Amapá e descubra como chegar até eles.

Hoje quero compartilhar com vocês algumas sugestões de balneários no Amapá. Com apoio do Vlog da  Deyse G. Lobato , você conhecerá lugares que nem imagina que existem aqui no nosso lindo Estado do Amapá. Acompanhe: 1) Cachoeira do Sucuriju:  Fica no distrito de Maracá, no Município de Mazagão. A cachoeira fica dentro da Reserva Extrativista do Rio Cajari - Resex Cajari - que é gerenciada pelo Instituto de Conservação da Biodiversidade - ICMBio.  Como chegar lá?  Fica localizada antes da comunidade de São Pedro, passando o Maracá, em um ramal entrando para a esquerda de quem vai no sentido Macapá-Laranjal do Jari, na Comunidade da Torre.  Passando a comunidade de Sororoca.  A Torre foi desmontada há algum tempo, mas todos os moradores das proximidades conhecem e sabem informar. Este espetáculo da natureza fica distante aproximadamente 5 km adentrando neste ramal. Vale a pena conhecer este lindo lugar. No período de  é o melhor período para para ver o esplendor da beleza desta que

Luto na igreja do Amapá: faleceu o Pr Oton Alencar.

  No início da tarde de hoje 19/07/2023, quarta-feira, recebemos a triste notícia do falecimento do Pr Oton Miranda de Alencar, aos 79 Anos de idade, no Hospital São Camilo. Ele passou 45 anos na gestão efetiva da igreja. Foram 17 anos como Vice-Presidente do seu Pai Pr Otoniel Alves de Alencar (1962 a 1994). Com a morte do Pr. Otoniel Alencar, ocorrida no dia 28 de abril de 1994, os membros da Assembleia de Deus no Amapá escolheram o novo sucessor e líder da igreja que foi Pr. Oton Alencar, que presidiu a igreja a igreja até o 20/11/2022 em uma gestão que durou 28 anos (1994 a 2022).  Todas as outras grandes Assembleias de Deus surgiram a partir da Igreja A Pioneira, que passou a ser chamada também de Igreja-Mãe no Amapá. São exemplos: a Assembleia de Deus CEMEADAP (hoje presidida pelo Pr Lucifrancis Barbosa Tavares), a Assembleia de Deus Zona Norte (fundada e presidida até hoje pelo Pr Dimas Leite Rabelo), a Assembleia de Deus do Avivamento (presidida hoje pelo Pr Ezer Belo das Chaga

Apóstolo Jessé Maurício, presidente da histórica Igreja de São Cristóvão fundada por Gunnar Vingren, anuncia filiação na CADB.

E a CADB não para de crescer. Hoje pela manhã outra renomada liderança nacional  também anunciou sua chegada a CADB. Trata-se do Apóstolo Jessé Maurício, presidente da histórica Igreja de São Cristóvão. Um ministério que foi fundado pelo Missionário Sueco Gunnar Vingren em 1924, sendo portanto um dos campos mais antigos do Brasil. A igreja de São Cristóvão tem dezenas de congregações e centenas e pastores que agora vão somar com os milhares que compõem a nova convenção nacional. O Pr Jessé Maurício é filho do saudoso Pr. Tulio Barros. Ontem a antiga sede da Assembleia de Deus de São Cristovão foi reinaugurada, agora como nova sede da CADB para atender ministros do Rio de Janeiro, Sudeste e restante do Brasil. Além de ser um local emblemático para a denominação, onde  funcionará: 1) Extensão do Museu Histórico Nacional da Assembleia de Deus. 2) Centro de Convenções da Assembleia de Deus. 3) Centro de Formação e Treinamento Pastoral Atendimento – Convenção da Assembleia de Deus do Brasil