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Fusca velho: nosso primeiro carro - Artigo 3 de 3 - Por Gesiel Oliveira

Foto meramente ilustrativa

Já se passavam 2 anos com o mesmo carro, se é que assim ele poderia ser chamado. Lembro que os dois paralamas da frente do fusca lembravam duas bochechas bem grandes. Certa vez meu pai pintou um dos paralamas dianteiros com a mesma tinta a óleo que pintou a porta da nossa casa. Eram tempos difíceis. Meu irmão mais velho colocou um rodão horroroso e a impressão que eu tinha, quando olhava o carro de frente, é que ele ficou “junteiro”. Além disso o rodão era empenado e fusca ganhou um "remelexo" insuportável.

Certa vez lembro de ter acordado com aceleradas altíssimas do carro em frente de casa. Quando saí pra olhar eis que o motor estava todo fora do carro em cima da calçada e o mecânico, Seu Pará, acelerando sem parar coberto com uma nuvem tóxica de fumaça. Aquela cena marcou tanto a minha vida que eu disse pra mim mesmo: “quando eu crescer eu nunca quero ter um fusca na minha vida”. Nosso carro ganhou um apelido: "Luciano Pavarotti", segundo meu tio porque "a cada canto, um conserto". Não entendi bem aquilo à época.

Interessante era que o fusca conseguia levar 9 pessoas, toda a nossa família. Quando a gente parava em algum lugar era impossível não se perguntar: “como cabe tanta gente num fusquinha?”. Mal  sabiam que ia um no colo do outro e mais um de atravessado quase numa organização de uma lata de sardinha. O desespero era quando algum engraçadinho resolvia soltar um "pum" dentro da lata de sardinha, aí era um "Deus-nos-acuda" de acusações com direito a tribunal da inquisição com julgamento de expressões faciais. Quem ria primeiro já era condenado automaticamente. As vezes o que ajudava o réu era aquele problema do  cheiro de gasolina constante que invadia o fuscão e disfarçava qualquer outro odor, e deixava todo mundo com aquele cheiro forte impregnado. Certa vez minha irmã, que na época tinha uns 10 anos, vinha voltando do culto e viu que algo se descolou da roda e saiu em direção ao mato na beira da pista. Meu pai gritou alto, corre lá e pega a “calota”. Ele parou o carro e minha irmãzinha saiu correndo rápido, procurando pelo mato, e logo depois voltou ainda ofegante para o carro  ao que o papai perguntou a ela: “você achou a calota?” e ela respondeu: “o que é uma calota papai?” kkkk.

Outra vez meu pai e minha irmã saíram cedinho da manhã pra comprar pão. Quando passavam em frente a igreja Jesus de Nazaré, eis que ela viu algo passar rápido e pulando ao lado do fusca indo em direção a beira da rua. Ela ainda chegou a dizer ao papai: “lá vai a roda pulando papai”. Era a roda inteira do fuscão que havia saído pulando enquanto o fuscão saiu de lado riscando o asfalto. Aquele fuscão teve tantas histórias engraçadas, mas nele todos nós aprendemos a dirigir. Meu pai (de saudosa memória) o dirigia e sempre dizia orgulhoso: “esse é meu e está pago” e também: “aonde o carro caro leva, esse aqui também leva”. Enfim, são memórias que guardo comigo e que sempre vem à tona quando me encontro numa roda de histórias com meus irmãos, hoje todos chefes de família. Espero que vocês tenham gostado. Até a próxima crônica.

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