Ascensão conservadora global: O Impacto de Bolsonaro e Trump na política europeia e a derrota e rejeição da esquerda progressista
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O continente europeu, palco de profundas transformações políticas ao longo dos séculos, encontra-se mais uma vez em um momento de inflexão. O recente avanço da direita no Parlamento Europeu, evidenciado pela derrota contundente da esquerda, marca uma nova era do avanço do conservadorismo e a polarização que ressoa de forma alarmante em todo o espectro político europeu. Este fenômeno, exemplificado pela França, onde o presidente Emmanuel Macron optou pelo ato extremo da dissolução da Assembleia Nacional após a vergonhosa derrota por uma diferença do dobro de votos de seus aliados frente aos partidários de Marine Le Pen, suscita reflexões críticas sobre o futuro da democracia europeia.
Motivos
A ascensão meteórica da direita, que dobrou sua
representação no Parlamento Europeu, é um reflexo das profundas insatisfações
que permeiam a sociedade contemporânea. A incapacidade da esquerda em articular
uma resposta coesa e convincente às questões prementes e atuais — como a
imigração, a segurança, agronegócio, questão ambiental e a soberania nacional —
criou um vácuo preenchido habilmente por discursos inovadores que vão na
contramão dessas ineficientes políticas. Este movimento não apenas desafia o
status quo político, mas também redefine as fronteiras ideológicas de um continente
historicamente inclinado ao liberalismo, progressismo, ambientalismo e aos
direitos de integração.
O “tiro no pé” de
Macron
Em um gesto que pode ser interpretado como uma tentativa
desesperada de conter o avanço inexorável da direita, o presidente francês
Emmanuel Macron, em um movimento que alguns analistas classificam como
autoritário e antidemocrático, dissolveu a Assembleia Nacional. Esta manobra,
motivada pela perda de apoio crucial entre seus aliados e a significativa
vitória dos lepenistas, levanta questões profundas sobre o rumo do futuro da
França e, por extensão, da Europa. A dissolução e marcação de novas eleições, não
apenas subverte o processo democrático, mas também estabelece um perigoso
precedente que poderá ser explorado por futuros líderes em momentos de crise
política. A medida foi duramente criticada pela oposição e pela expressiva
maioria da população que fez essa escolha em um sentido contrário ao que vem
sendo tomado. Essa atitude por ser um “tiro no pé” de Macron, que na tentativa
de impedir o avanço da esmagadora representação conservadora, vai acabar por
fortalecer ainda mais a oposição nesta próxima eleição.
Marine Le Pen, uma figura polarizadora, soube capitalizar o
descontentamento popular, direcionando-o contra a elite política e os
princípios progressistas defendidos pela União Europeia. A narrativa de Le Pen,
centrada no conservadorismo e em promessas de proteção contra a globalização
desenfreada e avanço desenfreado da cultura woke, críticas contundentes contra
as políticas identitárias e ao ambientalismo desenfreado, encontrou eco em uma
população cada vez mais cética em relação ao que não deu certo até aqui, e que
tem afetado diretamente a economia francesa baseadas nesse coletivismo
exacerbado que sobrecarrega com altas cargas de impostos ainda mais elevadas a
população economicamente francesa. Esta crescente desconfiança é um testemunho
da falência das políticas tradicionais da velha esquerda progressista em
responder aos anseios e medos do cidadão comum.
Democracia trincada
O gesto de Macron, embora legalmente sustentado, é visto por
muitos como uma tentativa de manipular o sistema a seu favor, desrespeito a
democracia e a soberania popular, erodindo assim a confiança pública nas
instituições democráticas. A decisão de dissolver a Assembleia, em vez de
buscar um consenso ou uma coalizão viável, revela uma fraqueza intrínseca no
modelo de governança atual. Esta ação pode ser interpretada como um sinal de
que os valores democráticos estão sendo sacrificados no altar da conveniência
política e ideológica.
A situação na França, contudo, não é um caso isolado. Países
como Hungria, Polônia, Alemanha, Espanha e Itália também testemunham o
fortalecimento de partidos de direita, cujas agendas frequentemente colidem
frontalmente com as malfadadas políticas coletivistas da esquerda progressista
europeia. Essa onda conservadora avança, embalada por uma retórica que evidencia
as graves falhas em quase todos os setores, desde a economia fracassada até a
política de imigração desregrada. A condescendência das elites políticas e a
falta de uma narrativa convincente e eficaz por parte da esquerda apenas
aceleram este processo de fragmentação e derrocada desse histórico e mofado
arcabouço progressista.
Em suma, a dissolução da Assembleia Nacional por Macron,
longe de ser uma solução, é um sintoma que evidencia que a população cansou de
políticas ineficazes e que só agravam a situação desses países europeus. O
avanço da direita na Europa é um alerta que evidencia que as estratégias da
esquerda progressista de manipulação de informações de veículos de massa, está
sendo cada vez mais suplantado pela informação que liberta, a verdade
autêntica, fruto da liberdade de expressão nas redes sociais e da liberdade de
informação em tempo real.
Os cidadãos europeus se cansaram do “politicamente correto”,
das “sandices ambientalistas”, da compensação ambiental por meio de multas pelo
“pum das vacas da Holanda” e do apelo desregrado e identitários da ideologia de
gênero. Casaram de serem afetados por políticas ambientalistas que vão desde
aumento de taxação sobre a produção até os empecilhos fabricados
artificialmente com apelos ambientalistas e alarmistas contra o avanço do
agronegócio. Este é um fenômeno de mudança de pensamento que os levou a
preservar os valores fundamentais que sustentam a paz e a prosperidade de uma
nação. A luta pelo futuro da Europa não se dará apenas nas urnas, mas também
nas consciências e corações de seus cidadãos.
O impacto do avanço da direita na Europa não pode ser
analisado isoladamente das dinâmicas políticas globais, especialmente do
movimento conservador que tem ganhado força em diversas partes do mundo. No
Brasil, a ascensão de Jair Bolsonaro à presidência em 2018 representou um marco
significativo neste sentido, evidenciando um forte deslocamento ideológico à
direita que ressoou não apenas na América Latina, mas também na Europa.
O Efeito Bolsonaro na
América Latina e na Europa
A vitória de Bolsonaro, com um discurso inflamado contra a
corrupção, o crime e a corrupção do establishment político, inspirou movimentos
semelhantes em países vizinhos, como Argentina, Chile e Peru. Este fenômeno se
espalhou rapidamente, encontrando terreno fértil em uma população desgastada
por crises econômicas e políticas, e ansiosa por mudanças radicais. Após a
eleição de Jair Bolsonaro no Brasil em 2018, diversos países da América Latina
também elegeram presidentes de direita, refletindo uma tendência conservadora
na região. Alguns desses países são: 1) Uruguai que elegeu como presidente Luis
Lacalle Pou em 2019. 2) El Salvador que elegeu o Presidente Nayib Bukele em
2019. 3) Guatemala que elegeu como seu presidente Alejandro Giammattei em 2019.
4) Equador, que tem com seu Presidente Guillermo Lasso, eleito em 2021. 5)
Uruguai que elegeu como seu Presidente Luis Lacalle Pou em 2019. E mais
recentemente na Argentina com Milei. O "efeito Bolsonaro" foi um
catalisador para a formação de coalizões conservadoras que questionam a ordem
vigente, promovendo políticas nacionalistas e frequentemente autoritárias.
Na Europa, essa onda conservadora encontrou eco em figuras
como Marine Le Pen, Matteo Salvini e Viktor Orbán, que viram em Bolsonaro um
modelo de sucesso para desafiar o status quo. A retórica de Bolsonaro, marcada
por uma defesa intransigente dos valores tradicionais e conservadores, com uma
postura anti-globalismo, reforçou a narrativa que tem se tornado dominante em
várias nações europeias.
A perspectiva de Trump
e suas implicações globais
A possibilidade do retorno de Donald Trump à presidência dos
Estados Unidos em novembro deste ano acrescenta uma camada adicional de
complexidade a esse cenário global. Trump, cujo mandato anterior foi
caracterizado por uma política externa agressiva e uma retórica nacionalista, é
visto como um aliado natural dos líderes conservadores ao redor do mundo. Sua
reeleição poderia fortalecer ainda mais os movimentos de direita na Europa,
oferecendo-lhes um poderoso aliado na arena internacional.
A presidência de Trump também pode reconfigurar as relações
da geopolítica internacional, como o conflito entre Rússia e Ucrânia. Esta
perspectiva tem implicações profundas para a União Europeia, que já enfrenta
desafios significativos em manter sua coesão frente ao aumento das forças
centrífugas representadas pela ascensão da direita.
Os desafios de Bolsonaro
para 2026
No Brasil, Jair Bolsonaro enfrenta um conjunto complexo de
desafios enquanto se prepara para possivelmente disputar as eleições em 2026.
Após um mandato conturbado, marcado por uma intensa perseguição do atual
governo. Bolsonaro precisa conquistar a confiança de uma grande parte significativa
do eleitorado arrependido e cada vez mais dividido, que levou Lula a
presidência. Sua base de apoio, embora leal, não é suficiente para garantir uma
vitória sem uma estratégia clara de ampliação da base.
Uma questão crucial para Bolsonaro é a estrutura
institucional que definirá o ambiente eleitoral em 2026. Estando inelegível,
pode vir a se tornar elegível e consequentemente, candidato caso saiba usar a
conjuntura em 2026 em seu favor. A posse de um aliado seu para a presidência do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no caso o Ministro Nunes Marques, pode ser
vista como uma possibilidade de reverter a inelegibilidade e assegurar um
terreno mais favorável para que ele possa disputar as eleições de 2026. Contudo,
esse caminho não será fácil, o que pode desencadear uma reação adversa tanto
interna quanto externamente.
Além disso, Bolsonaro precisa navegar por um cenário
político fragmentado e extremamente polarizado, onde alianças serão essenciais
para formar uma coalizão viável em cada Estado e Município. As próximas
eleições municipais serão decisivas para o que vai ocorrer em 2026. A
capacidade de Bolsonaro de articular uma plataforma convincente e de
estabelecer parcerias estratégicas será determinante para suas aspirações
futuras.
O avanço da direita na Europa, influenciado pela ascensão de
líderes como Bolsonaro no Brasil, é um fenômeno que destaca a crescente
polarização e a insatisfação popular com as elites políticas tradicionais. A
possível volta de Trump à presidência dos EUA e os desafios que Bolsonaro
enfrenta para 2026 adicionam camadas de incerteza e complexidade a este
cenário. Em um mundo onde as fronteiras ideológicas estão cada vez mais
definidas por discursos populistas e nacionalistas, a preservação dos valores
democráticos e dos direitos humanos torna-se uma tarefa urgente e desafiadora
para todos os defensores da liberdade e da justiça.
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