À esquerda Nicolas Sarkozy e à direita, o vitorioso François Hollande com 52% |
Reflexos da crise
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
O líder socialista François Hollande derrotou Nicolas Sarkozy e foi eleito presidente da França com 52% dos votos contra 48% de seu adversário. O retorno da esquerda francesa ao poder é resultado da crise financeira de 2008 e terá repercussões políticas e econômicas em toda a Europa.
Direto ao ponto
Hollande venceu as eleições com um discurso contrário aos pacotes de austeridade, que reduziram os gastos dos Estados mediante aumento de impostos e cortes em benefícios sociais. Essa política gerou descontentamento entre os europeus, que responderam nas urnas derrubando governos em todo o continente. A queda nos índices de popularidade afetou também Sarkozy, que ocupava o cargo desde 2007.
A França é hoje um país com baixo crescimento econômico (estimado em 0,5% para este ano), taxas de 10% de desemprego e uma dívida pública de 85% do PIB (Produto Interno Bruto).
Segundo Hollande, os acordos de redução da dívida pública impedem o desenvolvimento da economia do país. Para retomar o crescimento, ele prometeu aumentar impostos dos mais ricos e das grandes empresas do país e, assim, gerar receita para elevar o valor do salário-mínimo e criar ofertas de empregos para os jovens.
Ele também quer reduzir a idade de aposentadoria de 62 para 60 anos,
revertendo o efeito de um projeto de lei do governo Sarkozy que provocou
manifestações populares. O envelhecimento da população é uma das
maiores causas do aumento dos gastos públicos, em razão do pagamento de
pensões.
Direto ao ponto
Hollande venceu as eleições com um discurso contrário aos pacotes de austeridade, que reduziram os gastos dos Estados mediante aumento de impostos e cortes em benefícios sociais. Essa política gerou descontentamento entre os europeus, que responderam nas urnas derrubando governos em todo o continente. A queda nos índices de popularidade afetou também Sarkozy, que ocupava o cargo desde 2007.
A França é hoje um país com baixo crescimento econômico (estimado em 0,5% para este ano), taxas de 10% de desemprego e uma dívida pública de 85% do PIB (Produto Interno Bruto).
Segundo Hollande, os acordos de redução da dívida pública impedem o desenvolvimento da economia do país. Para retomar o crescimento, ele prometeu aumentar impostos dos mais ricos e das grandes empresas do país e, assim, gerar receita para elevar o valor do salário-mínimo e criar ofertas de empregos para os jovens.
Mas o maior desafio de Hollande será convencer a chanceler alemã Angela Merkel a renegociar o pacto fiscal, firmado entre 25 dos 27 países que compõem a União Europeia para conter as consequências da crise global.
Para o presidente francês eleito, agora são necessárias medidas econômicas de estímulo ao crescimento. A França é a segunda maior economia do bloco, atrás somente da Alemanha, que resiste, até agora, à proposta do líder francês.
Como a Europa chegou nesse impasse?
Pacto de austeridade
Após a crise de 2008, os governos tiveram que salvar instituições
financeiras do colapso. Com isso, aumentaram as dívidas públicas, que já
eram elevadas, ao mesmo tempo em que a arrecadação de impostos caiu, em
consequência do desemprego. O caso mais grave aconteceu na Grécia, onde o tamanho da dívida quase levou o país à falência.
Nesse contexto, o que antes representava uma força, a moeda única, tornou-se um ponto fraco: a crise de um país afeta todo o bloco.
Por isso, a União Europeia, tendo à frente Sarkozy e Merkel, decidiu pôr em prática medidas de austeridade. Trata-se de um conjunto de metas de redução dos gastos dos governos para equilibrar as contas domésticas (o quanto o país arrecada x o quanto gasta).
Os pacotes obrigaram os governos a serem mais rígidos no controle de suas despesas e trouxeram de volta a confiança do mercado financeiro. Por outro lado, tornaram-se extremamente impopulares, por conta da redução de ganhos de funcionários públicos e aposentados; do aumento dos impostos; e dos cortes de benefícios, como seguro-desemprego, e de serviços públicos, como educação e saúde.
Por isso os franceses apostaram em Hollande, que quer rever o pacto estabelecido na Zona do Euro.
Nesse contexto, o que antes representava uma força, a moeda única, tornou-se um ponto fraco: a crise de um país afeta todo o bloco.
Por isso, a União Europeia, tendo à frente Sarkozy e Merkel, decidiu pôr em prática medidas de austeridade. Trata-se de um conjunto de metas de redução dos gastos dos governos para equilibrar as contas domésticas (o quanto o país arrecada x o quanto gasta).
Os pacotes obrigaram os governos a serem mais rígidos no controle de suas despesas e trouxeram de volta a confiança do mercado financeiro. Por outro lado, tornaram-se extremamente impopulares, por conta da redução de ganhos de funcionários públicos e aposentados; do aumento dos impostos; e dos cortes de benefícios, como seguro-desemprego, e de serviços públicos, como educação e saúde.
Por isso os franceses apostaram em Hollande, que quer rever o pacto estabelecido na Zona do Euro.
Direita
François Hollande é o segundo socialista a ocupar a Presidência na Quinta República francesa, instaurada em 1958. O primeiro foi François Mitterrand, que governou de 1981 a 1995. Hollande foi escolhido candidato pela oposição após a candidatura de Dominique Strauss-Kahn ter desmoronado, por causa do escândalo sexual envolvendo o ex-diretor do FMI.A vitória do socialista é importante também em razão do peso político da França no continente europeu. O país exerce uma hegemonia política, econômica e cultural na Europa e no mundo há séculos.
Desde o início da crise os sociais-democratas encolheram na Europa, que viu renascer uma onda de partidos de direita e extrema-direita. No continente que fundou o modelo do Estado do Bem-estar Social, hoje a tendência socialista vigora em apenas cinco países – Dinamarca, Áustria, Bélgica, Eslovência e Chipre – que juntos possuem apenas 5% da população europeia.
Em junho haverá eleições parlamentares na França, onde, mais uma vez, as ideologias e o futuro econômico da Europa estarão em pauta.
François Hollande
foi eleito presidente da França com 52% dos votos contra 48% a favor de
seu adversário, o atual presidente Nicolas Sarkozy. O resultado das
eleições francesas é explicado pela crise econômica de 2008. A crise global obrigou governos da Europa a aumentarem as dívidas públicas, que já eram altas na época. Para reverter a situação, a União Europeia firmou um pacto fiscal que incluiu uma série de medidas de austeridade. Os pacotes devolveram a confiança no mercado, mas geraram protestos no continente. Os cortes em benefícios sociais, salários e o aumento de impostos se traduziram em rejeição aos governos nas urnas. Foi o que aconteceu com Sarkozy. Os franceses decidiram apostar em seu adversário. Hollande propôs renegociar o pacto fiscal para retomar o crescimento econômico, ao mesmo tempo em que pretende aumentar a receita doméstica taxando os ricos. |
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