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Entenda os detalhes que levaram ao surgimento da CADB, que tem tudo para se tornar a maior convenção do Brasil


A era do pastor José Wellington (Pai), na presidência da CGADB, teve duração ininterrupta de quase três décadas. 

Entenda porque a Assembleia de Deus como você conhece não existirá em 2018
Bispo Manoel Ferreira, Pastor Samuel Câmara e Pastor Wellington Bezerra

Em 2018, a igreja que inspirou a imensa maioria de outras denominações, estará voltando às suas origens. Pelo menos essa é propaganda que tem feito o pastor Samuel Câmara, presidente da CADB (Convenção da Assembleia de Deus no Brasil).

Pra entender o que irá mudar, você precisa antes conhecer um pouco dessa história e da relação do Pastor Samuel Câmara com a Assembleia de Deus.

Conhecendo a história
Samuel Câmara é o pastor presidente da Assembleia de Deus em Belém do Pará, considerada a “igreja mãe”. A AD de Belém, foi a primeira igreja fundada pelos desbravadores missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren, quando chegaram ao Brasil em 1910.

Foi de lá que surgiu a igreja que logo se espalharia pelo norte, nordeste e chegaria ao sudeste através do Rio de Janeiro, então capital da República, em 1922.

A igreja acabou se tornando um grande referencial de homens e mulheres comprometidos com a verdade. Homens piedosos e honestos e mulheres sem vaidades. Esses fatos logo se tornariam a grande característica dos “assembleianos”, (Nome dado aos membros da Assembleia de Deus).

Tudo cresceu ainda mais, quando em meados da década de 1920, o filho de um general do exército se converteu. Ele se chamava Paulo Leivas Macalão, e nos anos seguintes, se tornaria uma das principais autoridades da Assembleia de Deus em todo o país.

Músico, Macalão passou a traduzir canções italianas e nordicas, trazidas pelos missionários Daniel e Gunnar, que mais tarde passaram a compor a popular e quase obrigatória “harpa cristã”. Para se ter uma ideia da influência dele nessa área, a harpa cristã tem 640 hinos, desses, Paulo Leivas Macalão compôs 469.

Em 1930, surgia a CGADB (Convenção Geral das Assembleia de Deus no Brasil), embora ela só tenha sido registrada oficialmente em 1946, no Rio de Janeiro. A essa altura, Paulo Leivas Macalão se estabelecia na cidade do Rio de Janeiro e em todo o estado, com o impeto de abrir congregações.

+ Mais um pastor da Assembleia de Deus morre de forma trágica

Depois da Morte de Paulo Leivas em 1982, O hoje bispo Manoel Ferreira, que já tinha uma grande influência na Assembleia de Deus, continuou na liderança da igreja no Rio de Janeiro, e a história conta que ele não seguia as regras estabelecidas pela CGADB.

Isso incomodou tanto a convenção na época, que em 1989 foi convocada uma AGE (Assembleia Geral Extraordinária), na cidade de Salvador na Bahia. A diretoria deliberou pelo afastamento do então pastor Manoel Ferreira e os pastores que ele liderava, até que eles aceitassem obedecer as regras da CGADB.

Eles simplesmente ignoraram a CGADB e se viram livres para fundar a sua própria convenção. Nascia em 1989 a Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil — Ministério de Madureira (CONAMAD). Essa foi a primeira grande divisão da Assembleia de Deus em toda a sua existência.

A partir dai, outros pastores de menor relevância foram se desligando, mas nada tão significativo para a convenção.

A era José Wellington
Em 1990, o pastor José Welington Bezerra, à época com 56 anos, era eleito pela primeira vez a presidência da CGADB. Ele foi reeleito em 1995, 1997, 1999, 2001, 2003, 2005, 2007, 2009, 2011, 2013 e 2015. Sendo substituído pelo seu filho, José Wellington Costa Junior (64). Por tanto, a era do pastor José Wellington (Pai), na presidência da CGADB, teve duração ininterrupta de 25 anos.

Para se ter uma ideia, a ditadura militar durou 21 anos, quatro anos a menos que o tempo que o pastor José Wellington esteve a frente da convenção.

Silas Malafaia se desliga da CGADB
Em 2010 o pastor Silas Malafaia anunciou durante o seu programa na Band, a sua renuncia ao cargo de primeiro vice-presidente da CGADB, e fez diversas insinuações sobre sua saída, deixando sub-entendido que tudo seria motivado devido a problemas internos com a presidência.

A rigidez e mão de ferro com que Wellington conduziu a igreja, fez com que diversos nomes importantes, acabassem seguindo voluntariamente o exemplo de Malafaia.

CONAMAD cresce
Enquanto a briga pelo poder se mantinha como principal foco da liderança da CGADB, a CONAMAD crescia ainda mais. Nesse período, O pastor Samuel Ferreira, um dos filhos do bispo Manoel Ferreira, ganhou ainda mais espaço e liberdade para atuar como bem entendesse. Criou uma igreja moderna e sem nenhum problema com maquiagens e joias. Isso fez tanta diferença, que a própria CGADB passou a se tornar maleável com relação a usos e costumes.

O bispo Manoel Ferreira foi consagrado a Bispo Primaz vitalicio e seu filho Samuel, foi consagrado a bispo recentemente.

Em 2003 uma pesquisa apontou que a CGADB tinha 3,5 milhões de membros, enquanto a CONAMAD já contava com mais de 2 milhões.

CGADB e CONAMAD nunca mais se uniram, mas também, não se atacaram. Aprenderam a conviver respeitando cada um o limite da outra. Escolheram compartilhar o poder ao invés de tentar se digladiar na divisão dele.

Briga judicial
Durante os 25 anos em que o pastor José Wellington esteve no poder da CGADB, várias eleições ocorreram e muitas delas inclusive, foram denunciadas por suspeita de fraude.

Entre essas eleições, o pastor Samuel Câmara tentou vencer a disputa e acabou derrotado nas urnas por Welingtom. Começava ai, uma novela quase interminável. Câmara foi expulso da convenção, reuniu pastores aliados e acabou fazendo manifestações exigindo sua reintegração, depois ele entrou na justiça  e acabou conseguindo ser reintegrado a CGADB. Mais tarde, através de uma liminar, a justiça decidiu em favor da CGADB e Samuel Câmara perdeu novamente.

Depois ele se candidataria novamente e enfrentaria José Wellington de novo, e mais uma vez perderia as eleições.

Como diria o sábio, “O peixe apodrece pela cabeça”, e enquanto a CGADB mantinha as atenções focadas em brigas internas pelo poder, as milhares de igrejas espalhadas pelo país sofria com a mão de ferro de José Wellington. Os acordos que acabavam beneficiando pastores que cometiam adultério ou cometiam um grave erro administrativo, e punia os pastores que não concordava com a liderança da CGADB.

Ao perceber que não iria participar do time da CGADB e finalmente poder jogar esse jogo, Samuel Câmara decidiu montar seu próprio time. E a partir dai, surgiu a CADB (Convenção da Assembleia de Deus no Brasil).

A CADB
O surgimento da CADB caiu como uma bomba no colo do filho do pastor José Wellington, o José Welington Junior. Isso porque, ele já estava preparado para continuar o legado do pai por pelo menos mais 20 anos.

Acontece que Samuel Câmara encontrou não apenas um terreno fértil, mas a plantação pronta para a colheita. Com menos de 30 dias de inaugurada, a CADB já possui mais de 10 mil pastores filiados. De onde você acha que vem esses pastores? Claro, da CGADB.

A todo instante grandes presidentes estaduais anunciam seu desligamento da CGADB e anunciam que estarão se convencionado a CADB.

Qual a grande diferença?
A grande proposta da CADB, é levar a Assembleia de Deus de volta  as suas origens. Isso não quer dizer que as igrejas terão que voltar a proibir e disciplinar os membros que usarem maquiagem e coisas assim. A proposta é voltar a proposta inicial de levar a palavra, investir em missões, ajudar os pastores necessitados e não prende-los em um jugo insustentável.

Isso fica literal, quando voltamos ao início desse artigo e lembramos que Samuel Câmara é pastor da Assembleia de Deus mãe, aquela fundada pelos próprios Daniel Berg e Gunnar Vingren em Belém do Pará, há pouco mais de 100 anos.

A grande diferença que está bem evidente, é que a CADB passa a ordenar mulheres em todas as funções. Sim, essa é uma coisa que você achou que nunca veria na Assembleia de Deus, certo?

CGADB em desespero
Não é exagero dizer que a diretoria da CGADB está desesperada. Se você acessar o site oficial da convenção, verá que tem uma mensagem bem clara e explicita aos pastores convencionados.

Você não leu errado esse comunicado, eles de fato estão dificultando a forma dos pastores se desligarem da convenção. Pedem que comunique individualmente por escrito, como forma de intimidar o pastor a sair.

A Assembleia de Deus em 2018 não será a mesma
Essa simples mudança nas regras, que possibilita a ordenação de mulheres ao ministério, irá mudar de uma vez por todas a igreja Assembleia de Deus. Na corrida pelo poder, e no interesse de oferecer ainda mais vantagens, é quase certo que, tanto a CGADB como a CONAMAD, irão seguir a CADB e também passarão a ordenar mulheres. Dai em diante, cada uma das convenções passarão a oferecer mais atrativos que possam atrair mais convencionados, duvída disso?

Se você é membro da Assembleia de Deus ligada a CGADB, fique atento (a), porque é bem possível que seu pastor esteja estudando a possibilidade de migrar para a CADB nesse momento.

Em São Paulo por exemplo, A CADB já recebeu o apoio da ADSA Brasil, um ministério com centenas de igrejas, e que marca a entrada da convenção em um importante estado.

Thalita Guedes Fontes

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