Venezuela x Guiana: a guerra que a diplomacia internacional não quer, mas que a ganância de Maduro já dá como certa.
Enquanto o mundo se esforça para manter a paz e a estabilidade, há sempre aqueles determinados a jogar um balde de gasolina nas brasas das relações internacionais. A situação, que poderia ser um roteiro cinematográfico de ficção, tornou-se a realidade amarga na América do Sul, com a inesperada invasão da Venezuela contra a Guiana. Uma saga de conflito territorial, interesses econômicos e a difícil equação geopolítica, embora com nuances absurdas e uma ironia trágica.
A Venezuela, um país já mergulhado em crises internas
múltiplas, pareceu encontrar na Guiana uma válvula de escape, como se uma
invasão súbita pudesse solucionar seus problemas. A justificativa? Questões
territoriais e recursos naturais, com destaque para as ricas reservas de
petróleo encontradas na região disputada.
Mas, claro, nada disso pode acontecer sem a possibilidade de
um apoio - ainda que velado - de vizinhos próximos. E aqui entramos no peculiar
caso do Brasil, liderado pelo presidente que aparentemente vê na Venezuela um
aliado potencial. Surpreendente? Talvez, mas estamos em tempos onde a lógica
política parece dançar conforme a música que toca.
Nesta semana o presidente Lula, em sua manifestação pública,
criticou veementemente qualquer apoio a essa guerra na América do Sul.
Curiosamente, apesar dessa declaração, surgem rumores e indícios de uma
possível conivência por parte do Brasil para com a Venezuela. Como entender
esse paradoxo retórico?
A trama envolvendo a Venezuela, a Guiana e a iminência de um
ataque através do solo brasileiro delineia um quadro ainda mais complexo e
alarmante. Em meio a disputas territoriais e interesses econômicos vorazes, a
situação toma contornos sombrios com o potencial desdobramento de um conflito
que poderia ser evitado.
A região da Guiana Esequiba, de difícil acesso e permeada
por territórios pantanosos, parece ser uma barreira natural para a investida
venezuelana contra a Guiana. As condições geográficas desafiadoras não
favorecem as operações militares, tornando a possibilidade de um ataque direto
da Venezuela contra a Guiana através dessa rota bastante inviável.
Entretanto, uma reviravolta intrigante surge quando se
considera a possibilidade de um ataque pelo solo brasileiro. Um acesso
considerado mais viável para as forças venezuelanas, uma vez que a região de
Essequibo é um território de difícil acesso e hostil, onde o exército
venezuelano poderia ser facilmente derrotado pelas forças guianenses.
Ademais, a presença surpreendente dos Estados Unidos na área
adiciona um elemento de tensão, preocupação e incerteza ao conflito. O envio de
aviões e soldados para a região reforça a tensão crescente, sugerindo um
evidente posicionamento estratégico em defesa da Guiana. Os EUA, conhecidos por
seu histórico de intervenções em conflitos regionais, parecem estar assumindo
uma postura de proteção da estabilidade na região e ao mesmo tempo pode
provocar a intervenção da Rússia e da China, que já demonstram sua posição ao
lado da Venezuela do ditador Maduro de olho no petróleo. O cenário geopolítico
que se desenha é de muita preocupação.
Nesse cenário nebuloso, a postura do Brasil é observada com
cautela. O ex-presidente Lula, em suas declarações públicas, alega não desejar
a guerra na América do Sul. Contudo, os bastidores políticos sussurram sobre
uma possível conivência do Brasil com a Venezuela, especialmente considerando
que a área de Essequibo envolve cerca de 70% do território das Guianas, onde se
encontram as maiores reservas de petróleo.
A Guiana, impulsionada pela exploração dessas vastas
reservas desde 2015, viu sua economia se transformar rapidamente, despertando a
cobiça e a atenção de nações em busca de recursos naturais deste hidrocarboneto
cada dia mais caros e escassos.
Nesse jogo de interesses geopolíticos e econômicos, os
discursos políticos parecem divergir das ações efetivas. Enquanto líderes
manifestam repúdio à guerra, as movimentações nos bastidores insinuam alianças
sombrias em prol de interesses estratégicos e econômicos.
A situação, portanto, continua a se desenrolar como um drama
em que cada movimento é calculado, cada palavra é medida e os interesses
nacionais são postos à frente da paz e da estabilidade regional.
A ironia atinge o ápice quando se recorda o histórico do
país vizinho: a Venezuela, outrora uma nação próspera e poderosa em sua região,
hoje em dia enfrenta um cenário interno de caos político e econômico. Seus
cidadãos sofrem com a escassez de itens básicos, hiperinflação e a falta de
perspectivas, enquanto a liderança política parece buscar um escape para suas
agruras internas em ações externas questionáveis.
Enquanto isso, a Guiana, um país de menor dimensão
territorial e econômica, encontra-se no epicentro de uma tempestade que não
buscou. Seus recursos naturais, antes fonte de potencial econômico, tornaram-se
um ímã para a ganância alheia.
É pertinente questionar se a escalada do conflito é
inevitável. A comunidade internacional, tão pronta para intervir em algumas
situações e hesitante em outras, parece, no caso em questão, emudecida ou
impotente diante da possibilidade de uma guerra regional.
O Brasil, com sua posição chave na América do Sul, parece
bailar num limbo estratégico, oscilando entre a diplomacia cautelosa e a
possibilidade de alianças inesperadas escusas. É como assistir a um jogo de
xadrez, onde as peças são movidas sem um plano claro, apenas reagindo às
mudanças repentinas no tabuleiro.
E assim, o cenário se desenha: a Venezuela avança sobre a
Guiana, uma situação delicada que coloca em risco não apenas a região, mas a
estabilidade do continente como um todo. Enquanto isso, os discursos
diplomáticos são proferidos, as declarações de repúdio são emitidas, mas a
efetiva ação para impedir essa escalada parece muito tímida no limbo da geopolítica
internacional.
Num mundo onde as fronteiras são cada vez mais tênues e as
relações entre nações são complexas, é crucial lembrar que as decisões tomadas
hoje terão um impacto duradouro no futuro. A ironia se faz presente ao
testemunhar um possível apoio a uma guerra que todos rejeitam, mas que alguns,
ironicamente, parecem estar dispostos a apoiar.
A lição que tal situação nos traz é a necessidade urgente de
uma diplomacia eficaz, de diálogo constante e de uma busca inabalável por
soluções pacíficas. Caso contrário, estaremos fadados a testemunhar uma
tragédia que poderia ter sido evitada. A paz, afinal, é sempre preferível à
guerra, independentemente de quem possa se beneficiar ou não.
Que este iminente embate entre Venezuela e Guiana sirva não
apenas como um alerta, mas como um chamado à razão para todos os envolvidos.
Pois, no final das contas, a história não perdoa os que optam pela trilha da
violência em detrimento da busca pela harmonia e pela cooperação internacional.
Gesiel de Souza Oliveira, Tem 45 anos, é casado, pai de 3 filhos, Amapaense, Palestrante, Oficial de Justiça do Tribunal de Justiça do Amapá, Pós-graduado em Docência e Ensino Superior, Pós Graduado em Direito Constitucional, Professor de Geopolítica Mundial, Geógrafo, Bacharel em Direito, Escritor, Teólogo, Pastor Evangélico, Professor de Direito Penal e Processo Penal, Fundador e Presidente Internacional da APEBE – Aliança Pró-Evangélicos do Brasil e Exterior.
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