Em tempos de redes sociais algumas pessoas levam anos para construir uma história e em segundos põem tudo a perder com suas atitudes imprudentes. Mas o que me espanta mais que isso, é a atitude dos “juízes virtuais” de plantão. Estou me referindo àqueles que compartilham, riem, debocham, criticam, batem sem dó nem piedade, sem ao menos conhecer nada a respeito da vida alheia. Não há um olhar de empatia, de piedade, de misericórdia ou amor. Falamos tanto sobre o amor, ouvimos tanto sobre ele nas igrejas. Meditamos em mensagens e até postamos tantas coisas sobre ele em nossos perfis das redes sociais, mas viver e aplicá-lo na vivência diária, poucos o fazem. Há sempre mãos erguidas com pedra prontas e direcionadas àquilo que nos desagrada, que está fora daquilo que se espera do próximo. Mas poucos são capazes de entender o que querem dizer aqueles olhos cheios de lágrimas, silenciosos e agonizantes, daqueles que passam essas situações. Queremos sempre ver a santidade no próximo; colocamo-nos acima da média e costumamos enfatizar nossas atitudes, e isso muitas vezes nos deixam cegos diante de nossas próprias atitudes. A reputação é o que os outros acham a respeito de nós. Caráter é o que somos longe dos olhos dos outros. Minhas palavras aqui não são para ignorar ou justificar o erro alheio, longe de mim, mas para nos alertar sobre os excessos represados dentro de nós mesmos diante de situações que poderiam acontecer com pessoas próximas, e porque não dizer, até com nós mesmos.
Só julga com acusação pesada o próximo quem quer ocultar os próprios defeitos. Quem reconhece seus desvios e limites como ser humano não julga; observa, compreende e ora, pois é sábio para compreender que também não é perfeito. Não viemos a esse mundo para julgarmos o nosso próximo, mas para ajudá-lo em suas aflições. Gastemos nossas energias para restaurar o coração aflito que atribular ainda mais quem precisa de ajuda. Quem perde tempo julgando as pessoas não tem tempo para amá-las. Aprenda com Jesus Cristo, que nos deixou um belíssimo ensinamento eterno descrito em João no capítulo 8, quando os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério. Eles a jogaram diante dEle e disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.
E a lei de Moisés manda que ela seja apedrejada até a morte. Tu, pois, que dizes? Todos estavam com pedras nas mãos, esperando que ele cumprisse a dureza da lei de Moisés. Mas foram surpreendidos quando Jesus Cristo respondeu dizendo: AQUELE QUE DE ENTRE VÓS ESTÁ SEM PECADO QUE ATIRE A PRIMEIRA PEDRA! Quando ouviram isto, saíram um a um, até que ficou só Jesus e a mulher que estava chorando. E Jesus, olhou para aquela mulher com olhar de compaixão e disse: onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou? Nem eu também te condeno; vai e não peques mais.
Muitos criticam publicamente aquilo que fazem às escondidas. Atrás de um teclado somos “inabaláveis e ilibados” acusadores, juízes e carrascos ao mesmo tempo. Em nosso tribunal virtual só há espaço para acusação, e não permitimos a defesa por causa de nossas convicções tortas, baseadas em fatos que não vimos, em acusações descontextualizadas e sem um olhar da dor que o próximo está sofrendo. A maioria dos que assim agem, irremediavelmente não se imaginam naquela condição que expõem sem dó. As piadas, memes, a destruição da moral, é o que vale no ímpeto de propalar mais e mais nas redes sociais. A pergunta que deixo é: PRA QUÊ?. Aliás, ninguém pergunta sobre a família que está sofrendo a vergonha, sobre os parentes, filhos, amigos e irmãos. Na velocidade do mundo virtual é fácil implodir uma casa alheia com uma simples publicação, compartilhamento ou comentário desairoso. O virtual deixa marcas profundas e indeléveis no real. E se a verdade algum dia vir a tona, de nada mais adiantará porque as penas já foram espalhadas ao vento do alto da montanha em dia de vento forte. Que nossas mãos não estejam dispostas a apedrejar o próximo. Vamos fazer o que fomos chamados a fazer: ORAR! E mais que isso levar uma palavra de consolo, apoio e restauração. Mas fica o alerta bíblico: “Aquele, pois, que pensa estar em pé, vigie para que não caia” 1 Coríntios 10.12. Vivemos tempos trabalhosos em meio a uma sociedade que não terá piedade de nos destruir ao primeiro deslize. Deus não quer reputação, Deus quer caráter. Que a cada dia mais estejamos em constante comunhão, aos pés do Senhor com nossas famílias e peçamos a Ele que guarde nossos lares das investidas do maligno.