A verdade sobre a origem da seca na Amazônia: O papel decisivo do El Niño e do Dipolo de Temperatura de Superfície do Mar (TSM) no Atlântico.
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Situação grave de seca no Estado do Amazonas |
Estão “politizando” a seca na Amazônia.
Há um alarde falsamente atribuído à ação do homem que tenta
ligar um problema natural climático e cíclico na Amazônia com a ação antrópica.
Neste artigo vamos desmistificar isso e mostrar
que a seca na Amazônia envolve uma análise complexa e multifacetada,
considerando fatores climáticos, geológicos e históricos. Vamos explorar
detalhadamente os motivos por trás da seca na Amazônia, evidenciando a forte influência
do fenômeno El Niño e o fenômeno do Dipolo de Temperatura de Superfície do Mar
(TSM) no Atlântico, suas origens, secas prolongadas em eras geológicas
passadas, seus impactos na costa do Pacífico e do Atlântico e suas
consequências na bacia amazônica.
O ano de 2023 foi severamente castigado por uma seca na
Amazônia provocada por fenômenos climáticos com origem nos oceanos Pacífico e
Atlântico. Isso tem afetado a maior
floresta tropical do mundo, que tem aproximadamente 6,74 milhões km², e que se
estende por nove países: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e
Venezuela e Suriname mais o território da Guiana Francesa, sendo que a maior
parte está em território Brasileiro equivalente a 4.196.943 km², sendo o maior
bioma do país. A seca está causando impactos ambientais, sociais e econômicos.
A seca reduz a disponibilidade de água nos rios e lagos, prejudica a navegação,
a pesca, o desabastecimento e subsistência das populações ribeirinhas, aumentando
o risco de incêndios florestais e comprometendo gravemente a biodiversidade e
os serviços ecossistêmicos.
A seca da Amazônia está relacionada principalmente a fatores
naturais. Entre os fatores naturais, destaca-se o El Niño, um fenômeno que
consiste no aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico
Equatorial. O El Niño altera os padrões de circulação atmosférica e afeta o
clima em diversas regiões do planeta. Na Amazônia, o El Niño provoca uma forte diminuição
das chuvas, especialmente na parte ocidental da bacia, onde estão localizados
os estados do Acre, Rondônia, Roraima e Amazonas. O El Niño afeta gravemente a
porção da Amazônia ocidental.
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O super El Niño de 2023 está provocando um aquecimento anormal das águas do Pacífico afetando a climática principalmente na Amazônia Ocidental |
Secas prolongadas na
história geológica da Amazônia
Analisando registros paleoclimáticos e geológicos, é
possível identificar períodos de secas prolongadas na história da Amazônia, que
ocorreram independentemente das atividades humanas. Estudos indicam que a
Amazônia passou por períodos de aridez extrema e mudanças significativas no
clima ao longo de milênios, influenciados por fatores como variações orbitais
da Terra, ventos solares, forças gravitacionais e movimentos cósmicos.
Pesquisas paleoclimáticas apontam para secas prolongadas na
região amazônica durante o período geológico do Holoceno, que se iniciou há
cerca de 11 mil anos antes do presente, após o último período glacial,
evidenciando que a variabilidade climática é uma característica intrínseca da
região, não sendo exclusivamente atribuída a atividades antrópicas, níveis de
desmatamentos ou a uma época específica.
Funcionamento do El Niño
na costa do pacífico e suas consequências na Amazônia
Durante um evento El Niño, as águas mais quentes do Pacífico
levam a mudanças nos padrões de vento e na circulação atmosférica global. Isso
afeta diretamente os sistemas de chuva na região amazônica, diminuindo a quantidade
de precipitação e provocando secas.
O aquecimento das águas do Pacífico desencadeia um
deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), uma área onde os
ventos convergentes promovem a formação de chuvas na Amazônia. Com a alteração
dessa zona de convergência, a região amazônica recebe menos umidade, levando a
períodos prolongados de seca.
A origem natural das
secas na Amazônia e suas relações com o desmatamento
Embora o desmatamento e a atividade humana tenham impactos
significativos no ecossistema amazônico, estudos científicos indicam que as
secas na região têm raízes em fatores naturais, como o El Niño e outras
variações climáticas globais como o Dipolo de Temperatura de Superfície do Mar
(TSM) no Atlântico. O desmatamento pode agravar os efeitos das secas ao reduzir
a umidade local, mas não é o principal motor por trás desses eventos climáticos
extremos que afetem toda a extensão do gigantesco bioma amazônico.
Consequências das
Secas na Bacia Amazônica
As secas na Amazônia têm consequências devastadoras para o
ecossistema e para as comunidades que dependem da floresta e dos rios para
subsistência. Redução nos níveis dos rios, escassez de água, perda de
biodiversidade, aumento das queimadas e impactos na agricultura são algumas das
consequências desses períodos de seca.
O El Niño ocorre de forma irregular, com intervalos que
variam de três a cinco anos. A intensidade e a duração do fenômeno também são
variáveis. Alguns episódios de El Niño foram responsáveis por secas severas na
Amazônia, como os ocorridos em 1982-1983, 1997-1998, 2009-2010 e 2015-2016.
Essas secas foram consideradas históricas por atingirem níveis extremos de
baixa precipitação e vazão dos rios. Por exemplo, em 2010, o rio Negro atingiu
o menor nível registrado nos últimos 120 anos.
O segundo fator natural que influencia fortemente a seca da
Amazônia é o “Dipolo de Temperatura de
Superfície do Mar (TSM) do Atlântico”. Ele é caracterizado pela diferença
entre as anomalias de temperatura da superfície do mar nas bacias norte e sul
do Atlântico tropical. Quando essa diferença é positiva, significa que a bacia
norte do Atlântico está mais quente que a bacia sul, e vice-versa. O dipolo
atlântico afeta a circulação atmosférica provocando secas na Amazônia ocidental,
especialmente no Amapá e Pará. Quando ocorre esse fenômeno o Oceano Atlântico
apresenta uma oscilação entre as temperaturas das águas do hemisfério norte e
do hemisfério sul. Quando as águas do Atlântico Norte estão mais quentes do que
as do Atlântico Sul, há uma tendência de redução das chuvas na Amazônia
oriental.
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O Dipolo Atlântico Positivo afeta a circulação atmosférica aquecendo as águas do Atlântico Norte, provocando secas na Amazônia ocidental |
A combinação entre o El Niño e o Dipolo de TSM do Atlântico potencializa
os efeitos da seca em toda a Amazônia, que é exatamente o que está acontecendo
neste momento no ano de 2023. Foi também o que aconteceu em 2009-2010 e em
2015-2016, quando esses dois fenômenos atuaram simultaneamente diminuindo a
quantidade de chuvas na Amazônia Oriental e Ocidental.
A questão é que estão “politizando” a seca na Amazônia, mas
a verdade é que os efeitos do desmatamento estão limitados na Amazônia muito
mais a áreas urbanas, provocando mudanças de microclimas. A climática geral da
Amazônia envolve forças colossais. Só uma ação conjunta de dois gigantescos
fenômenos atmosféricos e climáticos do tamanho do El Niño entrando pelo
Pacífico e atingindo a Amazônia ocidental e o Dipolo de TSM Positivo vindo do
Atlântico e atingindo a Amazônia ocidental, agindo em conjunto e
simultaneamente, tem força suficiente para mudar a climática de toda a extensão
da maior floresta do planeta. A questão é que eles nunca agem simultaneamente, mas
infelizmente é o que está acontecendo em 2023. E isso tem a ver com as mudanças
das correntes marítimas nos oceanos, fenômeno já foi identificado pelo NOAA
(National Oceanic and Atmospheric Administration) a agência americana que
estuda os oceanos, e que está sendo provocado por forças gravitacionais
colossais cósmicas. Mesmo assim o fenômeno que atinge a Amazônia oriental não é
tão severo quanto o El Niño que secou praticamente metade do Rio Amazonas e
seus afluentes na porção oriental da Amazônia.
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A Terra realiza 14 movimentos diferentes que afetam a distribuição desigual de radiação solar |
Além dos fatores naturais, não se pode desmerecer os efeitos
dos fatores antrópicos, principalmente o desmatamento, mas em âmbito bem mais
limitado. O desmatamento altera o ciclo hidrológico da floresta, reduzindo a
evapotranspiração das plantas e a reciclagem da água na atmosfera. É necessário,
no entanto, não confundir a extensão dos efeitos naturais e dos efeitos antrópicos
(de causa humana), este último com efeitos bem mais limitados e locais, pois
não há que se falar que o desmatamento esteja afetando o controle climático de
toda Amazônia. Os efeitos dos desmatamentos se restringem mais aos espaços
urbanos na Amazônia, uma parcela ínfima, atingidas por certas ilhas de calor. O
desmatamento também aumenta a temperatura e a secura do ar, favorecendo a
propagação de incêndios florestais. Os incêndios, por sua vez, emitem gases de
efeito estufa e partículas de fuligem, que contribuem para o agravamento das
condições atmosféricas e escurecimento do céu, reduzindo ainda mais as chuvas e
provocando inúmeros problemas respiratórios, oculares e de saúde.
A extensão da coluna de fumaça das queimadas provocada pela
seca na Amazônia já alcança vários países da América do Sul. Há relatos de
nuvens de fumaça chegando na Colômbia, Peru, Bolívia e Paraguai por onde tem
causado sérios transtornos de saúde nas cidades. Na Amazônia no mês de outubro
e novembro explodiram a quantidade de focos de incêndios. De acordo com o INPE,
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o ranking de focos anual é liderado
pelo Estado do Pará com 37.044 focos de incêndios, seguido de Mato Grosso com 19.571
focos, Amazonas com 19.129, Maranhão 17.767 e Amapá com 11.378.
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A gigantesca coluna de fumaça das queimadas provocada pela seca na Amazônia já alcança vários países da América do Sul |
A seca na Amazônia é um fenômeno complexo, influenciado em
sua maior parte por fatores naturais, com o El Niño e a TSM positiva do Atlântico
desempenhando um papel crucial nesse processo. Embora o desmatamento e as
atividades humanas possam agravar os efeitos das secas em âmbito mais restrito
e local, é fundamental compreender que esses eventos podem sim agravar as
condições gerais de vulnerabilidade climática, no entanto as forças colossais responsáveis
por esses problemas climáticos da seca estão relacionados a movimentos das
correntes marítimas, fenômenos climáticos, atmosféricos e forças gravitacionais
cósmicas que ocorrem com certa regularidade ao longo dos milênios afetando
diretamente essa região. Então não se desespere, a Amazônia não vai deixar de
existir pois ela já passou centenas de vezes por situações semelhantes ao logo
de sua história de mais de 10 milhões de anos.
No entanto, para preservar a Amazônia e mitigar os impactos
das secas, é necessário sim adotar medidas de conservação ambiental, políticas
de sustentabilidade e ações para combater o avanço da degradação ambiental. O
conhecimento científico contínuo e ações coordenadas são essenciais para
proteger esse importante bioma amazônico e assegurar o bem-estar das
comunidades ribeirinhas e indígenas que dependem diretamente dele.
Referências
bibliográficas:
- GARCIA, Mariana; CALGARO, Fernanda. Seca fora do normal em
rios da Amazônia tem relação com El Niño e aquecimento do Atlântico Norte; entenda.
G1, 28 set. 2023. Disponível em:
https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2023/09/28/seca-fora-do-normal-em-rios-da-amazonia-tem-relacao-com-el-nino-e-aquecimento-do-atlantico-norte-entenda.ghtml.
Acesso em: 20 nov. 2023.
- UM GRAU E MEIO. El Niño no Brasil: entenda efeitos de seca
na Amazônia e chuva no sul. EcoAmazônia, 7 jul. 2023. Disponível em:
https://www.ecoamazonia.org.br/2023/07/el-nino-no-brasil-entenda-efeitos-de-seca-na-amazonia-e-chuva-no-sul/.
Acesso em: 20 nov. 2023.
- BAHIA NOTÍCIAS. Fenômeno El Niño impulsiona seca histórica
na Amazônia; entenda. Bahia Notícias, 8 out. 2023. Disponível em:
https://www.bahianoticias.com.br/noticia/285878-fenomeno-el-nino-impulsiona-seca-historica-na-amazonia-entenda.html.
Acesso em: 20 nov. 2023.
- UOL NOTÍCIAS. Ligada a El Niño, seca que atinge Amazônia
vai durar até dezembro. UOL Notícias, 8 out. 2023. Disponível em:
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2023/10/08/ligada-a-el-nino-seca-que-atinge-amazonia-vai-durar-ate-dezembro.htm.
Acesso em: 20 nov. 2023.
- OLHAR DIGITAL. Seca extrema na Amazônia está relacionada
ao El Niño - Olhar Digital. Olhar Digital, 28 set. 2023. Disponível em:
https://olhardigital.com.br/2023/09/28/ciencia-e-espaco/seca-extrema-na-amazonia-esta-relacionada-ao-el-nino-afirmam-especialistas/.
Acesso em: 20 nov. 2023.
-JORNAL TRIBUNA. O Planeta Terra e seus 14 movimentos. 27 de abril de 2022. Disponível em: https://jornaltribuna.com.br/2022/04/o-planeta-terra-e-seus-14-movimentos/
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