Pouca gente sabe, mas uma das piores perseguições aos cristãos aconteceu por conta da implantação do socialismo após a Revolução Russa, especialmente com a criação da URSS que se estendeu de 1922 a 1991. As autoridades soviéticas suprimiram e perseguiram, em diferentes graus, várias formas de cristianismo, dependendo do período particular. A política marxista-leninista soviética defendia consistentemente o controle, supressão e a eliminação de crenças religiosas, e encorajou ativamente o ateísmo durante a existência da União Soviética. O estado estava comprometido com a destruição da religião e demoliu igrejas e sinagogas, ridicularizou, perseguiu, encarcerou, torturou e executou líderes religiosos, inundou as escolas e meios de comunicação com ensinamentos ateus, e geralmente promovia o ateísmo como uma verdade que deveria ser socialmente aceita. O número total de cristãos vítimas de políticas atéias do estado soviético foi estimado na faixa entre 12-20 milhões somente entre 1922 e 1991, este foi sem dúvida o maior genocídio já praticado contra os cristãos.
Crenças e práticas religiosas persistiram entre a maioria da população, nas esferas doméstica e privada, mas também nos espaços públicos autorizados pelo Estado que reconhecia o fracasso em erradicar a religião e os perigos políticos de uma reação com uma guerra cultural implacável. O regime soviético esteve comprometido ostensivamente com a aniquilação completa das instituições e ideias religiosas. A ideologia comunista não poderia coexistir com a contínua influência da religião até mesmo como uma entidade institucional independente, então "Lenin exigiu que a propaganda comunista devia empregar uma militância implacável com relação a todas as formas de idealismo e religião", e que foi chamado de "ateísmo militante". "Militante" significava uma atitude intransigente em relação à religião e ao esforço de ganhar os corações e mentes dos crentes de uma falsa filosofia.
O ateísmo militante tornou-se central para a ideologia do Partido Comunista da União Soviética e uma política de alta prioridade para todos os líderes soviéticos. Os ateus foram convencidos a serem indivíduos politicamente mais astutos e virtuosos individualmente, e a população era induzida a acreditar que os ateus eram intelectuais e estavam acima da média cognitiva da população. Passou a ser “chique” e influente se identificar como “ateu socialista”. As famílias foram severamente perseguidas e induzidas a abandonarem sua fé cristã. O estado estabeleceu o ateísmo como a única verdade científica. As autoridades soviéticas proibiram as críticas ao ateísmo ou às políticas antirreligiosas do estado; tais críticas poderiam levar a aposentadoria forçada, detenção e/ou prisão.
Os pastores que se atreveram a insistir pregando o evangelho de Cristo foram presos, torturados e mortos aos milhares. De acordo com a ideologia marxista tal como interpretada por Lenin e por seus sucessores, a religião era considerada como um obstáculo para a construção de uma sociedade comunista. O fim de todas as religiões (e a substituição destas pelo ateísmo) tornou-se um objetivo de fundamental importância ideológica do estado soviético. A perseguição contra a religião aconteceu oficialmente através de muitas medidas legais destinadas a dificultar as atividades religiosas, através de um grande volume de propaganda antirreligiosa, e por meio do sistema de ensino. Na prática, o estado também procurou controlar as entidades religiosas e intervir nestas, com o objetivo final de fazê-las desaparecer. Para este efeito, o Estado procurou controlar as atividades dos líderes das diferentes comunidades religiosas. Os cristãos encontravam-se sempre sujeitos a propaganda antirreligiosa e à legislação que restringia a prática religiosa. Eles, frequentemente, sofriam restrições dentro da sociedade soviética. O Estado soviético oficialmente submetia-os a detenção, prisão ou morte simplesmente por terem crenças.
Alem disso os métodos de perseguição representavam uma reação à percepção (real ou imaginária) de sua resistência a campanha mais ampla do Estado contra a religião. A campanha foi concebida para difundir o ateísmo, e atos de violência e táticas de terror foram implantadas, que quase sempre eram oficialmente invocadas com base em resistências percebidas pelo estado, com o objetivo maior de não apenas enfraquecer a oposição, mas de ajudar ainda mais na supressão da religião, a fim de divulgar o ateísmo. As táticas variaram ao longo dos anos e tornaram-se mais moderadas ou mais duras em momentos diferentes. As táticas comuns incluíam confiscar propriedades da igreja, ridicularizar a religião, ofender seus seguidores, e propagar o ateísmo nas escolas. Ações contra religiões específicas, no entanto, foram determinadas por interesses do Estado, e as religiões mais organizadas não foram proibidas.
Algumas ações contra pastores, padres e crentes ortodoxos, juntamente com execuções, incluíam a tortura, sendo muitos enviados para campos de prisioneiros, de trabalho forçado ou hospitais psiquiátricos. Muitos Ortodoxos (junto com grupos étnicos de outras religiões) foram também submetidos à punição psicológica ou tortura e experimentos de controle da mente, a fim de forçá-los desistir de suas convicções religiosas. Durante os primeiros cinco anos do poder soviético, os bolcheviques executaram 128 bispos e mais de 1.200 padres ortodoxos russos, além de 1100 pastores cristãos. Muitos outros foram presos ou exilados. Não se sabe o número exato de quantos foram executados, torturados e mortos, as informações oficiais do governo soviético sempre escondiam os números reais, ou quase nada informavam a respeito. Na União Soviética, além do fechamento metódico e destruição de igrejas, as obras de caridade anteriormente feitas pelas autoridades eclesiásticas foram assumidas pelo Estado. Tal como aconteceu com toda a propriedade privada, as propriedades da Igreja foram confiscadas para uso público.
Os poucos lugares de culto deixados à Igreja eram legalmente consideradas como propriedade do Estado. Cristãos protestantes na URSS (batistas, pentecostais, adventistas, etc.) no período após a II Guerra Mundial foram compulsivamente enviados para hospitais psiquiátricos. E/ou enfrentaram julgamentos e aprisionamento (muitas vezes pela recusa em prestar serviço militar). Alguns foram até mesmo privados de seu pátrio poder. Muitas dessas práticas ainda continuam a existir em países como Coreia do Norte, Nicarágua, Venezuela, China, Cuba, etc. Não se tem um número exato da dimensão de quantos cristão são mortos atualmente pelo comunismo, mas estima-se que esse número ultrapasse os 200 mil nas duas últimas décadas. E ainda há cristãos que defendem o socialismo.
Gesiel Oliveira
Fontes:
1- And God Created Lenin: Marxism vs. Religion in Russia, 1917-1929. Autor: Paul Gabel (em inglês, ainda sem tradução para Português)
2-Storming the Heavens: The Soviet League of the Militant Godless Autor: Daniel Peris Publisher: Cornell University (em inglês)
3-The Plot to Kill God: Findings from the Soviet Experiment in Secularization Autor: Paul Froese Publisher: University of California
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