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A farra da comitiva da “carreta furacão” de Lula na Rússia: enquanto o presidente se reúne com ditadores, o Brasil convulsiona.

 



Em um mundo onde a democracia balança sobre frágeis pernas de pau, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, liderou uma comitiva ostensiva a Moscou em maio de 2025, confraternizando com autocratas como Vladimir Putin e Xi Jinping enquanto os cofres da nação financiavam um espetáculo de excesso. Apelidada de “Carreta Furacão” pelos críticos — uma referência aos caminhões carnavalescos e espalhafatosos que desfilam pelas ruas brasileiras —, a comitiva incluiu 22 autoridades, desde a primeira-dama Janja da Silva até o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, viajando em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), com Janja supostamente partindo seis dias antes em um voo fretado separado da comitiva, apequenou a diplomacia brasileira a ponto de  enfrentar negativas de tráfego no espaço aérea de alguns países europeus, devido ao seu destino final: Rússia, por se tratar de uma reunião onde estariam  ditadores como Putin e Maduro da Venezuela. Enquanto as instituições democráticas do Brasil vacilam sob o peso de escândalos de corrupção e problemas econômicos, essa excursão luxuosa e marcada por estadias em hotéis exorbitantes e ganhos diplomáticos questionáveis e ostentadores, despertou indignação da população brasileira, expondo um governo mais preocupado com grandiosidade do que com governança.


Um carnaval de excesso à sombra de Moscou


A viagem a Moscou, apresentada como o pretexto de celebração do 80º aniversário da vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazista, foi menos sobre reverência histórica e muito mais um palco para posturas geopolíticas e acordos que distanciam cada vez mais o Brasil dos EUA, que passa a enxergar o Brasil como um país aliado de ditadores. A comitiva de Lula, considerada a maior na história diplomática do Brasil, incluiu “pesos-pesados” como o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, ao lado de Alcolumbre, cuja presença foi um movimento estratégico para garantir apoio congressional em meio a turbulências domésticas que envolvem a votação da Anistia e engavetamento de diversos pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moares. 

A viagem solo de Janja dias antes, supostamente para “engajamentos culturais”, levantou suspeitas, com relatos sugerindo que sua estadia no opulento Ritz-Carlton de Moscou, onde suítes podem custar R$ 25.000 por noite, adicionou milhões à conta. O Airbus A319 da FAB, conhecido como “AeroLula”, transportou a maior parte da comitiva, enquanto um segundo avião fretado para a partida antecipada de Janja custou aos contribuintes R$ 1,2 milhão, segundo estimativas circulando em plataformas como o X. Sendo que ao todo as despesas de viagens inúteis de Lula já ultrapassaram R$1 bilhão aos cofres públicos.


A reação do público foi rápida e contundente. Na postagem de Alcolumbre no Facebook anunciando sua participação, quase 90% dos comentários condenaram a viagem como uma “farra dispendiosa” e uma “traição aos contribuintes brasileiros em dificuldades” e uma “falta de propósito enquanto o Brasil convulsiona”. Os cidadãos apontaram o contraste entre o luxo da comitiva e a situação de milhões que enfrentam taxas de inflação em 5,8% e desemprego em 7,9% no início de 2025. Um comentarista comparou a viagem a “um imperador romano festejando enquanto o império queima”, capturando o sentimento de uma nação farta da extravagância da elite.


A ótica é particularmente prejudicial dado o grupo com o qual Lula se associou. Compartilhando o palco com Putin, cujo regime reprime dissidentes, e Xi, cujo estado de partido único sufoca a liberdade, a presença de Lula sinalizou um alinhamento preocupante. A etapa seguinte na China para a Cúpula da Celac apenas aprofundou o mal-estar, já que o Brasil parecia se aproximar de potências autocráticas enquanto suas credenciais democráticas — já abaladas pelo escândalo do INSS e pelos tumultos de 8 de janeiro de 2023 — se desgastavam ainda mais.


Uma democracia à beira do abismo


A democracia do Brasil, outrora um farol democrático na América Latina, agora cambaleia sob o peso da polarização, da erosão institucional e conflito entre os podres e arroubos autoritários do STF. O escândalo do INSS, que viu R$ 6,3 bilhões desviados dos benefícios de aposentados, alimentou a desconfiança no governo liderado pelo PT, com Frei Chico, irmão de Lula, envolvido na controvérsia. Na sequencia um outro escândalo que segundo a AGU já desviou cerca de R$90 bilhões em consignados não autorizados nas aposentadorias e pensões de idosos, um escárnio criminoso, que explodiu sob a omissão absoluta do STF.  Nesse contexto, a extravagância de Moscou parece surda, dolosamente omissa e ostetativamente provocadora. A decisão de trazer Alcolumbre, um aliado-chave para evitar uma potencial CPI sobre a fraude do INSS, sugere um movimento calculado para consolidar poder, mais do que uma necessidade diplomática genuína, e que se arrebente os interesses do povo brasileiro. A inclusão de Alcolumbre por Lula foi um esforço deliberado para “neutralizar ameaças parlamentares”, destacando os motivos políticos domésticos da viagem.


O custo financeiro é impressionante e estratosférico. Embora números exatos permaneçam não divulgados, uma análise de 2023 da Folha de S. Paulo sobre viagens semelhantes da FAB estimou custos operacionais diários em R$ 150.000, excluindo hospedagens e diárias. Para uma comitiva de 22 pessoas hospedada em hotéis de luxo de Moscou por cinco dias, mais a estadia prolongada de Janja, estimativas conservadoras colocam o custo total acima de R$ 5 milhões. Isso não é uma quantia pequena para um país onde 12 milhões de famílias dependem do Bolsa Família para sobreviver, e os hospitais públicos enfrentam subfinanciamento crônico.


Os defensores da viagem argumentam que foi uma “oportunidade para afirmar a relevância global do Brasil”. O Planalto afirma que as discussões com Putin e Xi renderam promessas de investimento em energia verde e infraestrutura, embora nenhum acordo concreto tenha sido publicado ou anunciado. No entanto, essas justificativas soam vazias quando pesadas contra os resultados insignificantes da viagem e a reação doméstica diante do caos que se vive o Brasil. A Cúpula, embora simbolicamente significativa, não produziu compromissos vinculantes, e o balanço comercial do Brasil com a Rússia e a China permanece fortemente inclinado a favor destes últimos.


O custo geopolítico da arrogância


A aposta de Lula em Moscou traz riscos além do descontentamento doméstico. Ao se alinhar com autocratas, o Brasil aliena parceiros democráticos como os Estados Unidos e a União Europeia, cujas sanções contra a Rússia complicam quaisquer acordos econômicos fechados em Moscou. O governo Biden, já desconfiado da postura neutra de Lula sobre a Ucrânia, teria expressado “preocupação” por canais diplomáticos, conforme despacho da Reuters de maio de 2025. Essa “flertação” com potências autoritárias compromete a candidatura do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, uma ambição de longa data que requer apoio ocidental.


Em casa, a viagem entrega munição à oposição. Figuras como Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas aproveitaram a narrativa da “Carreta Furacão”, retratando Lula como um hipócrita pródigo que prega justiça social enquanto se entrega ao luxo. Postagens no X, incluindo uma do deputado Luciano Zucco chamando o voo solo de Janja de “um insulto ao povo brasileiro”, ganharam milhares de compartilhamentos, amplificando a retórica anticorrupção da direita. As eleições de 2026 estão próximas, e as perspectivas eleitorais do PT, já abaladas pelo escândalo do INSS, enfrentam mais erosão à medida que os eleitores se cansam do elitismo percebido.


A viagem também expõe um mal-estar mais profundo: a incapacidade do Brasil de reconciliar suas aspirações democráticas com a predileção de seus líderes por espetáculos. Como uma família gastando demais em um casamento luxuoso enquanto se afoga em dívidas, as prioridades do governo parecem desalinhadas com as necessidades da nação. O uso frequente da FAB para viagens de alto perfil (a viagem de Lula e Janja ao Vaticano em abril de 2025 para o funeral do Papa Francisco custou estimados R$ 3,8 milhões) tornou-se um símbolo de desconexão, alimentando pedidos por maior fiscalização dos gastos públicos.


Uma nação merece algo melhor


A “Carreta Furacão” é mais do que um escândalo é o símbolo de um Brasil sem rumos; é um sintoma de uma democracia que se curva sob o peso da arrogância e da má administração. Enquanto as instituições do Brasil fraquejam e seu povo enfrenta dificuldades, a decisão de Lula de desfilar com autocratas em Moscou cheira a indiferença. A conta de mais de R$ 5 milhões, os voos fretados, as suítes do Ritz-Carlton, tudo isso são tapas na cara de uma nação que clama por responsabilidade e transparência. A presença de Alcolumbre, destinada a reforçar o capital político, apenas aprofunda o cinismo, já que os eleitores veem seus líderes priorizando o poder sobre os princípios.


As eleições de 2026 oferecem uma chance de correção de rumo. Os brasileiros devem exigir líderes que vejam os fundos públicos como um dever sagrado, não como um cofrinho pessoal. A oposição, por sua vez, deve ir além da retórica populista e propor reformas para fortalecer a fiscalização dos gastos do governo, como tornar obrigatória a divulgação pública de todas as despesas relacionadas à FAB. A sociedade civil também tem um papel, denunciantes e mídia independente devem continuar expondo excessos, como fizeram com o escândalo do INSS.


O Brasil está em uma encruzilhada. Vai se agarrar à promessa desvanecida da democracia, ou deslizará ainda mais para a órbita de autocratas, estrangeiros e domésticos? A fiasco de Moscou é um chamado à ação, um lembrete de que a alma de uma nação é julgada não pelos gestos grandiosos de seus líderes, mas pelo respeito que eles têm pelo povo que servem. Enquanto a “Carreta Furacão” segue gastando o suados impostos do contribuinte brasileiro mundo afora, é o eleitor brasileiro quem deve pisar no freio, exigindo um governo que caminhe com humildade, não um que dance com ditadores.


Um país saqueado enquanto a cúpula baila com ditadores


O escândalo bilionário no INSS, agora na casa de R$ 100 bilhões em fraudes e desvios sistemáticos, não é um acidente de percurso, é a consequência previsível de um Estado capturado, onde a impunidade se tornou política pública e a fiscalização, um teatro. Enquanto aposentados esperam meses por perícias, enfrentando filas intermináveis e cortes em benefícios essenciais, quadrilhas, muitas com conexões políticas, saqueiam os cofres públicos sob o olhar complacente de Brasília. É nesse cenário de caos administrativo e colapso social que o governo opta por um giro internacional sem propósito, ignorando o incêndio em casa para posar ao lado de líderes que desprezam liberdades básicas.


O contraste é cruel. De um lado, aposentados e beneficiários do INSS enfrentam dificuldades reais para obter auxílio, vivendo com um salário-mínimo estagnado. De outro, uma elite governante se entrega a luxos em Moscou, alheia à gravidade da crise, como se o Brasil fosse apenas um detalhe inconveniente em suas agendas de poder e prestígio. A escolha de Lula em levar consigo figuras como Alcolumbre, cuja função parece mais a de articulador de blindagens parlamentares do que representante do povo, reforça a percepção de que o governo não governa: se protege.


E, enquanto isso, quem verdadeiramente governa? O Supremo Tribunal Federal, agora alçado à condição de poder executivo informal, legisla, decide, interfere com mão de ferro, na maioria das vezes sem freios ou contrapontos, atropelando tudo. O melhor exemplo foi a decisão de 315 deputados que sustaram a ação penal contra o Deputado Federal Alexandre Ramagem, em pleno exercício parlamentar, contrariando claramente o art. 53 da CF, na ação mais carregada de ilegalidades do mundo. A separação entre os Poderes virou ficção. O STF assume posturas abertamente políticas, absolutistas, interfere em decisões do Congresso, arquiva denúncias incômodas e impõe uma agenda própria de perseguição seletiva e contínua a oposição do atual governo, fazendo da Constituição um instrumento de conveniência a seu bel prazer. O vácuo de liderança é ocupado por toga e vaidade, não por responsabilidade e respeito à soberania popular, essa é a nova cara da república da democracia relativa do amor petista.


O Brasil vive, assim, uma corrosão democrática silenciosa. Não mais com tanques nas ruas, mas com jatinhos em céu estrangeiro e decisões judiciais a portas fechadas. A república se torna um espetáculo grotesco onde escândalos de dezenas de bilhões de reais são abafados com manchetes sobre viagens e encontros simbólicos. Janja desfila por Moscou enquanto enfermeiros brasileiros fazem vaquinhas para comprar luvas. Ministros posam ao lado de ditadores enquanto mães brasileiras cavam buracos para enterrar filhos vítimas da violência urbana que o Estado abandonou.


É hora de parar de normalizar o absurdo. R$ 100 bilhões desviados não são apenas um número; são hospitais que não foram construídos, escolas que não foram reformadas, vidas que não foram salvas. É a prova cabal de um sistema que prefere calar denúncias do que investigar, proteger aliados em vez de proteger o cidadão. A farra diplomática é apenas o verniz de um projeto de poder que se perpetua por alianças de conveniência e pela colonização das instituições.


Enquanto o Brasil sangra, seus líderes dançam.


O tempo da paciência acabou. O país precisa de uma ruptura com essa cultura de desrespeito e conivência. Precisa de vigilância, indignação, mobilização. Não basta votar a cada quatro anos; é preciso cobrar todos os dias. A democracia brasileira não pode continuar sendo governada por quem não a respeita. O escândalo do INSS, a viagem a Moscou, a omissão do Congresso, a onipresença do STF, tudo isso aponta para um Estado que já não representa, apenas se representa. E cabe ao povo brasileiro decidir se continuará aplaudindo a farsa ou se, finalmente, tomará o palco.


Gesiel Oliveira - Prof. de Geopolítica e Direito Constitucional.


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