AMAZÔNIA - PROF.
GESIEL OLIVEIRA

1. A parte do território brasileiro que a Amazônia abrange
A região geoeconômica da Amazônia ou Complexo
Regional da Amazônia é a maior do Brasil. Tem cerca de 4,8 milhões de quilômetros quadrados, o que
corresponde a mais da metade da área territorial do Brasil (8.511.996 km?).
Abrange nove estados da federação. Seis localizam-se
totalmente na região: Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Pará e Amapá. Três aí
se localizam apenas parcialmente: Mato Grosso, Tocantins e Maranhão (veja a
figura)
Vivem
nessa vastíssima região cerca de 11 milhões de habitantes, que representam 7%
da população total do Brasil. A densidade demográfica (o número de habitantes
por quilômetro quadrado) é baixa. Considerando a região, ela é de 2 habitantes
por quilômetro quadrado (2 hab./km2).
As áreas
mais povoadas, (veja a figura) são em torno das capitais: Manaus, Belém,
Macapá, Porto Velho e Rio Branco A área mais povoada é a de Belém, com 1.690
hab./km2. As maiores concentrações populacionais ocorrem ao longo
dos vales dos rios, principalmente do Amazonas, do Araguaia e do Tocantins.
Isso ocorre porque os rios amazônicos constituem a principal via de transporte
nessa região A população procura se
estabelecer em áreas onde há facilidade de transporte ou de comunicação e,
nesse sentido, os rios assumem papel
muito importante na exploração econômica do estado de Goiás (que depois, em
1988 desmembrou e sua parte norte dando origem ao Estado do Tocantins), e da
porção oeste do Estado do Maranhão (área conhecida como Amazônia maranhense) e
da porção nordeste do Estado do Pará, até a cidade de Belém.

A agropecuária é a
principal atividade econômica, seguida do extrativismo vegetal e da exploração
mineral.
Os estudos geológicos sobre
a Amazônia realizados nos últimos vinte anos têm demonstrado a existência de
imensos recursos minerais. Acredita-se que, dentro de alguns anos, o
extrativismo mineral amazônico se tornará a atividade econômica de maior
importância na região.
A
Amazônia é, na realidade, um espaço geográfico pouco modificado. Grande parte
dessa região ainda não sofreu intervenção do homem. A natureza aí se
apresenta em toda a sua grandeza.
A Amazônia não é somente brasileira. A Amazônia abrange terras do Brasil (a
Amazônia
brasileira, que estamos estudando), das Guianas, do Suriname, da República da Guiana, da Venezuela,
da Colômbia, do
Equador, do Peru e da Bolívia. É uma imensa área, de quase 6,5 milhões de quilômetros quadrados. Para você ter idéia, a Amazônia sul-americana, como é chamada toda essa região, é quase do tamanho da Austrália (7,6 milhões de
quilômetros
quadrados) ou mais da metade da área total da Europa, que é de 10,5 milhões de
quilômetros
quadrados.
A Amazônia brasileira, também conhecida como Amazônia Legal, tem uma área de 4,8 milhões de quilômetros quadrados.
A
ocupação e a organização do espaço de 1500 a 1930
Durante
o século XVL, Portugal não se preocupou em ocupar a Amazônia. Pelo Tratado de
Tordesilhas (1494), essa região não pertencia a Portugal mas à Espanha (veja a
figura). Ã Espanha, por sua vez, também não se preocupou em ocupá-la, pois
estava mais interessada nas riquezas (ouro e prata) encontradas no México no
Peru e na Bolívia.
Só caso de Portugal, não
foi o Tratado de Tordesilhas que impediu a entrada dos portugueses na
Amazônia. Portugal, como a Espanha, desejava extrair riquezas da América, e já
tinha encontrado a riqueza com a agroindústria da cana-de-açúcar. Assim, as
atenções e os interesses de Portugal se dirigiram para o Nordeste do Brasil, na
agroindústria de cana-de-açúcar, que lhe dava bons lucros.

A parte do território
ocupado pela França passou a constituir a Guiana Francesa. Em 1612, a França ocupou o
Maranhão, onde fundaram a cidade de São Luís.
Os franceses, holandeses e
ingleses penetravam na Amazônia pelo Rio Amazonas e extraiam as chamadas
"drogas do sertão" (cacau, guaraná, castanha-do-pará e outros
produtos), para vendê-las na Europa.
Os portugueses expulsaram
os franceses de São Luís em 1615 e, em 1616, fundaram o Forte do presépio de
Santa Maria de Belém do Pará, situado em ponto estratégico da ' 'entrada"
do Rio Amazonas. Desse forte saíram expedições multares para fundar outros
fortes e combater os franceses, ingleses e holandeses que exploravam a
Amazônia.
Nesse período, a ocupação
da Amazônia pêlos portugueses limitou-se aos fortes e missões religiosas. Para
Portugal era praticamente impossível realizar uma maior ocupação humana na
região, pois:
• não havia população
suficiente na metrópole;
• as dificuldades de
ocupação da vasta área amazônica eram inúmeras;
•
a região não apresentava tanto interesse quanto o lucrativo Nordeste
açucareiro.
Pelo Tratado de Ma d ri, em 1750, a Amazônia passa a ser de Portugal
Você já deve saber que, em 1494,
Portugal e Espanha fizeram entre si um acordo ou tratado, conhecido com o nome
de Tratado de Tordesilhas. Por esse tratado foi fixado um meridiano imaginário, distante 370 léguas* a oeste das Ilhas de Cabo
Verde (ilhas próximas à África, situadas no Oceano Atlântico —
localize-as no mapa-múndi).
Esse meridiano, chamado de Meridiano de Tordesilhas, estendia-se do lugar que
é hoje a
cidade de Belém,
capital do Pará, ao
norte, até o lugar
hoje ocupado pela cidade de Laguna, em Santa Catarina, ao
sul. Pelo Tratado de Tordesilhas, todas as terras situadas a leste desse
meridiano pertenceriam a Portugal; as situadas a oeste seriam da Espanha (é por isso que representamos, nas
figuras as terras da América do
Sul em duas cores diferentes, uma destacando o domínio espanhol e a outra, o domínio português). O Meridiano de Tordesilhas
nunca foi demarcado, ou seja, nunca foram colocados ou fincados no solo da América ou do Brasil marcos para
mostrar onde esse meridiano passava.
Apesar de o Tratado de Tordesilhas separar as terras pertencentes
a Espanha e a Portugal, os portugueses nunca o respeitaram. Ultrapassaram a linha
de Tordesilhas e ocuparam as terras que hoje formam Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul
e Amazônia. Aí fundaram vilas, fortes e começaram a explorar os recursos
naturais. Somente em 1750 a
questão foi
resolvida, com o Tratado de Madri. O negociador português de nome Alexandre de Gusmão, nascido no Brasil, utilizou o
direito do "uti possidetis", ou seja, é dono da terra aquele que a ocupa. Com isso, a Amazônia, Goiás e Mato Grosso passaram a fazer
parte das terras portuguesas.
Do século XVII até o final do século XIX, São Luís, no
Maranhão, e Belém, no Pará, foram os dois principais núcleos de colonização da
Amazônia.
Em 1870, o nordeste do
Brasil foi atingido por uma seca prolongada o que levou muitos nordestinos a
migrarem. Muitos se dirigiram para a Amazônia, onde desenvolveram uma agricultura
de subsistência e a coleta de látex, das seringueiras nativas.
Esse período coincide com a
invenção do pneu por Dunlop (1888) e com o início da produção de automóveis. A
borracha passava a ser um produto de grande valor e de grande procura no mundo.
Em vista disso, a produção
de borracha na Amazônia aumentou bastante. Em 1910, metade da borracha
consumida no mundo saía da Amazônia. A procura de seringueiras nativas em meio
à Floresta Amazônica levou muitas pessoas, inclusive os migrantes nordestinos,
a se embrenharem na floresta. Chegaram até a região que é hoje o estado do
Acre, que na época, início do século XX, pertencia à Bolívia.
Muitos
conflitos em razão da maior presença de brasileiros que bolivianos nesse
território levaram o Brasil a assinar com a Bolívia o Tratado de Petrópolis em
1903. Por meio desse tratado o Brasil comprou o Acre por 2 milhões de Libras
esterlinas (moeda do Reino Unido) , e a Bolívia recebeu um pedaço
do território brasileiro que possibilitava o seu acesso ao Rio Madeira,
afluente do Amazonas (veja a figura).
A Bolívia poderia chegar, então, até o Oceano
Atlântico por via fluvial. Além disso, o Brasil precisaria construir a Estrada
de Ferro Madeira—Mamoré, para viabilizar
a saída para o mar pretendida pela Bolívia.
A
ocupação é a organização do espaço de 1930 a 1964
a) A cultura da pimenta-do-reino e da juta
Em 1930 ocorreu a imigração
de japoneses para a Amazônia. Uma parte se estabeleceu no estacado Pará, em
Tomé-Açu, não muito distante da cidade de Belém (veja a figura). Introduziram
aí a cultura da pimenta-do-reino, com sucesso (depois, com o tempo, a cultura
da pimenta-do-reino espalhou-se pela Região Bragantina). Os japoneses fundaram
em Tomé-Açu uma cooperativa, que se encarregou do cultivo e também da
industrialização da pimenta-do-reino, sendo dois terços da produção destinados
à exportação. Tomé-Açu é um exemplo sólido de agricultura com alto rendimento
em clima quente e úmido.
Outros
imigrantes japoneses se estabeleceram no estado do Amazonas e introduziram aí
a cultura da juta (planta que fornece uma fibra com a qual se fabricam
sacarias, panos para cortinas etc.). De início, a cultura da juta limitou-se à
localidade de Parintins, no vale médio do Rio Amazonas e próximo da divisa com
o estado do Pará. Posteriormente, essa cultura espalhou-se por uma vasta área,
como mostra a figura. Atualmente, a cultura da juta ocupa um lugar de destaque
na economia regional. É a principal cultura industrial.
b) A cultura da malva
A cultura da malva, uma
planta nativa, também foi responsável pelo povoamento da Amazônia a partir de
1930. Técnicos do Ministério da Agricultura haviam descoberto as propriedades
têxteis da malva, que possibilita fazer tecidos grossos com suas fibras. A
cultura da malva espalhou-se pela área próxima a Bragança, no Pará (veja
afigura).
Com a
construção da Rodovia Belém—Brasília, no governo de Juscelino Kubitschek
(1956-1961), e as facilidades advindas para o transporte, a cultura da malva
ocupou áreas ao longo dessa rodovia, no sudeste do Pará. Municípios como
Paragominas e Capitão Poço tornaram-se as principais áreas produtoras (veja na
figura onde se localizam).
Na
década de 1950, a
cultura da malva atraiu grande número de migrantes, principalmente de
nordestinos, possibilitando maior ocupação ou povoamento da região.
c) A produção da
borracha natural
Outra fase de fluxo migratório
para a Amazônia ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Alguns países da Ásia tropical,
como a Birmânia (atual Mianmá), Malaísia, Indonésia e outros, eram a essa
época grandes produtores de borracha natural, produzida a partir do látex
extraído das seringueiras (veja leitura complementar). Em razão da guerra,
esses países foram ocupados por tropas japonesas. O Japão juntamente com a
Alemanha e a Itália formavam os chamados países do Eixo, que guerreavam
contra a França, Inglaterra, Estados Unidos e outros países, denominados
Aliados.
A
ocupação desses países asiáticos por tropas japonesas interrompeu o
fornecimento de borracha natural para os Aliados. Assim, abriu-se para o
Brasil a oportunidade de aumentar sua produção de borracha natural, para
fornecer aos Aliados. Data dessa época um fluxo migratório para a Amazônia,
principalmente de nordestinos, contribuindo para seu povoamento e ocupação.
d) A exploração do minério de
manganês da
Serra do Navio: do início ao fim
Em
1953, a
Icomi (Indústria e Comércio de Minérios), em associação com a Bethlehem Steel
Corp,, poderoso grupo norte-americano, recebeu autorização do governo
brasileiro para explorar o minério de manganês da Serra do Navio, no Amapá,
por 50 anos (até o ano 2003).
As das reservas do minério
de manganês de alto teor (teor de 40%)* foram extraídas nos trinta primeiro
anos, no restante dos anos a empresa passou a explorar minério de baixo teor
juntamente com outros minerais.
A produção
de manganês destina-se aos Estados Unidos. Da Serra do Navio, localidade
distante de Macapá cerca de 198
km, o minério de manganês é transportado pela Estrada de Ferro do Amapá até o
porto marítimo de Santana. Tanto a ferrovia como o porto marítimo foram
construídos com a finalidade de escoar o minério de manganês. O manganês,
formando liga com o ferro, dá origem a um tipo de aço, sendo, portanto, uma
matéria-prirna muito importante para a indústria siderúrgica. A exploração do
minério de manganês no Amapá e a construção da ferrovia e do Porto de Santana
tiveram e ainda continuam tendo influência na ocupação e povoamento do Amapá.
O manganês extraído do Amapá está guardado no Deserto de Nevada,
nos Estados Unidos -
Em seu livro Amazônia: monopólio, expropriação e conflitos, o geógrafo Ariovaldo Umbelino de
Oliveira, ao discutir a questão mineral
na Amazônia, o
Projeto Carajás, a
internacionalização dos
recursos naturais da Amazônia, diz:
"A sociedade civil brasileira tem urgentemente que rediscutir
esse programa, sob pena de estarmos sendo coniventes com a destruição futura dos recursos naturais da Amazônia, comprometendo as gerações futuras neste país. O melhor exemplo, disso é o fato de que o manganês da Serra do Navio foi estocado no Deserto
de Nevada, nos Estados Unidos, onde é objeto de visitas turísticas. E a Serra do Navio, e o Amapá, e. a Amazônia, e o Brasil? "Vê-se que os Estados Unidos estocaram minério de manganês para o futuro em razão do esgotamento de suas principais jazidas”.
e) A exploração de cassiterita (minério de estanho) em Rondônia
Em 1958
teve início a exploração da cassiterita em Rondônia, sob a forma de
garimpagem. Muitas pessoas migraram para lá, mas os métodos primitivos de
extração e as dificuldades de escoamento impediam, no entanto, um maior
desenvolvimento da produção.
Em 1965,
quando a Rodovia Brasília— Acre alcançou Porto Velho, capital de Rondônia,
facilitando por conseguinte as comunicações e o transporte, a extração da
cassiterita tomou novo rumo. Pessoas que se dedicavam à coleta de látex na
floresta passaram a partir daí a dedicar-se à extração de cassiterita.
Além
disso, foi organizada uma empresa de mineração para explorar com técnicas
modernas o produto. Em poucos anos, essa empresa tornou o Brasil exportador de
estanho. Até 1969, dependíamos da importação do produto. A partir de 1970, o
Brasil passou a exportador.
O estanho é um metal utilizado na fabricação de latas para
acondicionar produtos alimentícios. A exploração desse minério contribuiu para
a ocupação e o desenvolvimento econômico de Rondônia, atraindo muitas pessoas,
principalmente quando a extração da cassiterita era feita sob a forma de
garimpo.
Apesar dos
fluxos migratórios, da imigração japonesa e da exploração do minério de manganês
no Amapá, da cassiterita em Rondônia e da borracha no Amazonas, a Amazônia
somente vai ter uma maior ocupação populacional a partir da década de 1960
(veja a tabela).
Até 1960, a
ocupação ou o povoamento da Amazônia era muito pequeno. A população em Roraima
e em Rondônia era inexpressiva. Foi só a partir da década de 1960, e mais
precisamente a partir de 1964, que passou a ocorrer um fluxo migratório de
outras regiões, principalmente para o estado de Rondônia. A população desse
estado alcançou, em 1991, 1.130.874 habitantes. Em relação ao censo de 1960, a população de
Rondônia aumentou cerca de 17 vezes; a de Roraima, cerca de 8; a do Pará, cerca
de 3,5; a do Amazonas, cerca de 3; a do Acre, cerca.de 2,6; e a do Amapá, cerca
de 4,.2 vezes. Rondônia foi o estado da Amazônia que mais cresceu em população
entre 1960 e 1991. O maior povoamento e aproveitamento econômico desse estado
é, portanto, um fato muito recente, de aproximadamente trinta anos.
Estudaremos, no próximo capítulo, o povoamento a partir da década de 1960 até
os dias atuais.
LEITURA COMPLEMENTAR
O caso das mudas de seringueiras da Amazônia levadas para a Ásia pêlos ingleses
Várias
plantas produzem borracha: o caucho, a mangabeira, a maniçoba, a balata, a maçaranduba e a Hevea
brasiliensis. De todas, a Hevea brasiiiensis se destaca, seja pela
quantidade produzida, seja pela aplicação. Todas elas receberam o nome geral de seringueira porque a
grande aplicação da
borracha era na fabricação de
seringas de uso médico.
A Hevea brasiliensis é uma árvore de
tronco robusto e folhagem escassa, nativa de várias áreas da
Amazônia (alto
dos rios Juruá, Purus,
Madeira, Tapajós e nas
matas de igapó do oeste
da Ilha de Marajó).
A maior importância econômica da borracha teve início depois que Charles Goodyear,
nos Estados Unidos, e Thomas Hancock, na Inglaterra, descobriram o processo de
vulcanização*. Contudo,
foi com a invenção do pneu
por Dunlop, em 1888, que a borracha adquiriu grande importância no mercado mundial.
O Brasil, com seus seringais nativos da Amazônia, tinha praticamente o monopólio do produto até 1912, pois a produção da América Central, da África equatorial e da índia era insignificante.
Do final do século XIX até 1912, o estado do Amazonas, o
principal produtor, viveu um importante surto econômico. Milhares de pessoas migraram
para a Amazônia em
busca de riqueza. Entre elas, muitos nordestinos fugidos da grande seca de
1870, os quais chegaram até o Acre.
São exemplos
desse período áureo as velhas e luxuosas construções nas cidades de Belém e Manaus, feitas com materiais
importados da Europa.
Esse período, no
entanto, foi de curta duração.
Enquanto o Brasil ficou dependendo da cole-ta da borracha silvestre, sem a
preocupação de
plantá-la e de
racionalizar o seu cultivo, os ingleses, percebendo a grande importância econômica do produto, levaram sementes
da Amazônia.
Em 1876, o inglês Henry
A. Wickham obteve 70 mil sementes de seringueira do vale do Tapajós e as transportou para a
Inglaterra, no vapor inglês Amazonas.
As sementes foram levadas para o Jardim Botânico de Kew, em Londres, onde seu diretor, Hooker, aclimatou-as e
cuidou para que elas germinassem. Das 70 mil sementes apenas 2.400 germinaram.
Em seguida foram levadas para as colônias inglesas do sul e sudeste da Ásia (a Inglaterra tinha aí um grande império
colonial). Primeiramente foram plantadas na Ilha do Ceilão (atual Sri Lanka).
Posteriormente foram cultivadas em Cingapura e, daí, as plantações foram ocupar grandes áreas do Sudeste Asiático, formando grandes plantations
na Malaísia,
Indonésia, Tailândia, Índia etc.
Uma vez racionalizado o cultivo, a produção das colônias inglesas superou a do
Brasil, que continuava confiando apenas na produção de espécies
nativas.
De primeiro produtor mundial, o Brasil passou a ocupar posição secundária, e atualmente é o 12? produtor do mundo, com uma
produção bem
baixa se comparada à dos países asiáticos. Enquanto a Indonésia produz por ano 1.284.000
toneladas de borracha natural, a Malaísia e a Tailândia,
cerca de 1.200.000 toneladas, o Brasil produz cerca de 23 mil toneladas de
origem silvestre e 22 mil de seringueiras plantadas. É uma produção cerca de 56 vezes menor que a
da Indonésia, que
foi o primeiro produtor mundial em 1991.
Vê-se, assim, que o Brasil perdeu há muito tempo o lugar de destaque na produção de borracha natural. E perdeu
porque confiou apenas na produção
silvestre e não se
preocupou em fazer plantações
racionalizadas como os ingleses fizeram na Ásia. Nos últimos
anos, entretanto, o plantio de borracha natural tem crescido no Brasil. E não só na Amazônia. Os
estados de São Paulo,
Bahia, Espírito
Santo e Mato Grosso também
produzem borracha natural. Quanto à borracha obtida de seringais plantados, o estado de São Paulo, a Bahia e Mato Grosso são os primeiros produtores
nacionais. Das espécies
silvestres o estado do Acre é o maior
produtor, seguido de Rondônia,
Amazonas e Pará.
CAPII: Amazônia: a ocupação e a organização do
espaço após 1964
As
idéias que deram sustentação ao plano dos governos
militares (1964-1982) para a ocupação da Amazônia
De 1964 a.1982_ instalou-se no Brasil o Regime Militar,
Durante esse período,
o país teve como presidentes da república apenas militares.
Segundo os militares:
1º) A Amazônia devia ser
ocupada por questão de segurança nacional,
ou seja, essa vasta porção do território brasileiro deveria ser defendida das ameaças externas. A Amazônia é
hoje uma região internacionalizada (como pratica.-mente todo o mundo), sem,
contudo, ter-se tornado território internacional, pois aí atuam grandes
empresas estrangeiras ou multinacionais na exploração de minérios, na
agricultura, na pecuária e na atividade industrial.
2º) A Amazônia devia ser
ocupada para melhorar não só a vida do caboclo da região, mas também a do
nordestino. Os nordestinos seriam atraídos para a
Amazônia, pois a pobreza da
população nordestina facilitava, segundo os militares, a penetração de idéias
políticas socialistas, contrárias, portanto, às defendidas por eles. Assim, a
Amazônia serviria como ''válvula de segurança", ou seja, ajudaria a
aliviar as tensões sociais no Nordeste, decorrentes dos violentos contrastes
sociais — uma
minoria proprietária de terras e de alta renda e a grande maioria miserável e pobre.
Com esse propósito, os
militares, então, partiram para a execução das seguintes medidas:
1. Criação de órgãos de
desenvolvimento regional — a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da
Amazônia) e a Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste).
2. Construção de rodovias
com o objetivo de integrar a Amazônia internamente e com as demais regiões do
Brasil.
3.
Levantamento e mapeamento dos recursos naturais da Amazônia através de
fotografias aéreas. O Projeto Radam (Radar da Amazônia) localizou e mapeou
jazidas minerais, permitindo que o governo federal estabelecesse planos para a
exploração mineral na região.
4. Instalação, em 1985, do
Projeto Calha Norte, que estabelecia bases militares ao norte dos vales
(calhas) dos rios Solimões c Amazonas, com o objetivo de controlar militarmente
a região, combater o contrabando de ouro e apaziguar os conflitos entre
garimpeiros, indígenas, empresários e fazendeiros (veja a figura). Apenas
algumas das bases previstas pelo projeto foram estabelecidas.
O Projeto Calha Norte
se estenderia pelo norte da Amazônia, abrangendo uma área de 6.500 km de extensão por 160 km de largura, ao longo
das fronteiras com a Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela e Colômbia.
A seguir vamos estudar um pouco
mais sobre as atitudes tomadas pêlos governos militares que contribuíram para
ampliar a ocupação da Amazônia.
Fatores
que incentivaram a ocupação e o povoamento da Amazônia após 1964:
a) A construção de rodovias de integração nacional
As
rodovias Transamazônica, Cuiabá — Santarém, Brasília — Acre, Perimetral Norte,
Manaus—Porto Velho e outras exerceram grande influência no aumento
populacional da Amazônia (veja a figura).
No capítulo anterior,
fizemos uma comparação da população de Rondônia entre 1960 e 1991. Agora
faremos a comparação entre 1970 e 1991. Em 1970 Rondônia tinha apenas 111 mil
habitantes. Em 1991, 21 anos depois, portanto, a população era de 1.130.874
habitantes, ou seja, o número de habitantes cresceu cerca de dez vezes.
Rondônia foi o estado da Amazônia que mais aumentou em população. A Rodovia
Marechal Rondon ou BR-364, conhecida como Cuiabá—Porto Velho, asfaltada em
1984, muito contribuiu para esse aumento populacional.
Cumpre lembrar que, em
Rondônia, juntamente com o aumento da população, vem ocorrendo também uma
grande devastação das florestas (veja a figura). Calcula-se que, se esse ritmo
de desmatamento continuar, Rondônia não terá mais florestas ainda no final do
século XX. Aí se perderão muitas espécies vegetais que o homem ainda nem
chegou a conhecer. A destruição das florestas ocorre por duas razoes
principais: lª) derrubada da mata, seguida da queimada, para a prática da
agricultura e formação de pastagens; 2ª)
intensa exploração madeireira (mogno, cerejeira, peroba, angelim, muiracatiara,
castanheira etc.).
b) A garimparem de ouro e
diamante
A garimpagem atraiu
milhares de pessoas para a Amazônia: ouro em Serra Pelada, no
Pará; diamante e ouro em Roraima e no estado do Amazonas, no vale do Rio
Tapajós e seus afluentes da margem direita; ouro no vale do Rio Madeira, no
Amazonas; diamante em Tocantins etc. (veja a figura).
Acontece
que a garimpagem tem causado enormes danos ambientais. Além da erosão de terras
provocada pelo desvio de água dos rios para a atividade de garimpagem, o uso do
mercúrio pelo garimpeiro no processo final da extração do ouro tem causado o
envenenamento de pessoas e peixes. O vale do Rio Tapajós é a principal área de
garimpo no Brasil e uma das mais poluídas com o mercúrio usado pêlos garimpeiros
(leia o quadro).
Garimpagem, mercúrio e envenenamento
O envenenamento por mercúrio usado nos garimpos pode
ocorrer de duas formas: a primeira, pelo vapor desprendido quando o garimpeiro
queima com o fogo do maçarico o
mercúrio
misturado ao cascalho para separar o ouro; a segunda, mais grave, é o envenenamento provocado pelo
consumo de peixes contaminados pelo mercúrio.
A forma mais comum de envenenamento é pela aspiração dos
gases do mercúrio,
durante a queima. Os sintomas são dor de
cabeça,
tontura, tremores, dormência nas
mãos, insônia, palpitação do coração e outros, variáveis de acordo com a pessoa. Já os habitantes das áreas banhadas pêlos rios contaminados apresentam
o segundo tipo de envenenamento, pois o peixe é alimento básico para
muitos deles. Veja, portanto, que a situação é grave.
Calcula-se que, desde 1958, a garimpagem no vale
do Rio Tapajós
despejou nas águas
desse rio e de seus afluentes centenas de toneladas de mercúrio. A
quantidade é maior
que a lançada na Baía de Mina-mata, entre 1938 e
1968, pelas indústrias
japonesas da região.
Milhares de japoneses morreram ou tiveram doenças terríveis. A
própria
medicina não sabia
diagnosticar a doença.
Somente bem mais tarde é que se
descobriu que o mercúrio era o
causador da tragédia.
c)
A exploração do minério de ferro e da bauxita
Até as décadas de 1960 e 1970, muitos minérios
utilizados pelo Canadá, pêlos Estados Unidos e por países europeus eram
fornecidos por multinacionais que os obtinham na África.
Por essa época, a
maioria das nações africanas conquistaram sua independência em relação às
metrópoles européias, fato esse conhecido como descolonização africana.
Com a independência, as novas nações africanas
poderiam aumentar o preço de seus minérios ou criar dificuldades para o
abastecimento dos países industrializados. Foi, então, que empresas
multinacionais, para escapar de um controle ou de obstáculos colocados pêlos
novos países africanos, voltaram-se para a pesquisa de minérios no subsolo
amazônico.
A United States Steel, poderosa empresa multinacional
norte-americana fabricante de aço, já no início da década de 1960,
começou a procurar minério de manganês na Amazônia. Em 1967 descobriu
importante jazida de minério de ferro e
de manganês na Serra dos Carajás, no vale médio do Rio Tocantins,
no sul do Pará (veja a figura).
Estudos mais detalhados realizados posteriormente
mostraram que a região de Carajás é uma importantíssima área de jazidas
minerais, talvez a mais importante do mundo. Além do minério de ferro e
manganês foram aí encontrados níquel, cobre, zinco, molibdênio, ouro, bauxita
(minério de alumínio) e outros.
Para o escoamento da produção dos minérios da Serra
dos Carajás foi construída a Estrada de Ferro Carajás, que une Carajás ao
Porto de Itaqui, no Maranhão. De Itaqui, os minérios são exportados para os
Estados Unidos, Japão, Alemanha, Canadá e outros países.
Em 1967 também foram descobertas as jazidas de bauxita (minério de alumínio), no vale
do Rio Trombetas, pela empresa canadense Alcan, que também dependia do
fornecimento de nações africanas.
Entre as jazidas minerais descobertas pelo Projeto
Radam, na década de 1970, destacam-se os depósitos de bauxita em Paragominas,
no Pará (veja a figura).
As jazidas de minério de
alumínio (bauxita) da Amazônia correspondem a um sexto das reservas mundiais;
são, portanto, bastante atrativas para os grupos mineradores do setor.
A Alcan Aluminium e mais cinco outras empresas
estrangeiras detêm o controle mundial do comércio de alumínio. Fazem parte das
"seis irmãs" a Alcan (Canadá), a Alcoa (EUA), a Reynolds (EUA), a
Kayser (EUA), a Péchiney (França) e a Alusuisse (Suíça).
A Albrás e a Alunorte, empresas formadas pela
associação da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), estatal brasileira, com a
Nippon Amazon Aluminium Co., industrializam a bauxita, produzindo alumínio e
alumina (esses dois produtos resultam da purificação da bauxita).
Os projetos de exploração da bauxita
ameaçam o meio ambiente. Nos países desenvolvidos, as pressões sobre as
indústrias que purificam a bauxita são grandes.
E por essa razão que essas
indústrias têm se instalado nos países subdesenvolvidos, onde as pressões
contra a poluição são menores ou até mesmo inexistentes. A exploração da
bauxita pela Mineração Rio do Norte no
vale do Rio Trombetas, por exemplo, já está causando problemas ao meio
ambiente. Os rejeitos poluentes da mineração da bauxita estão sendo
despejados em um lago natural, sedimentando-o e comprometendo a vida animal.
Para a
fabricação de alumínio e alumina é necessária muita energia elétrica. Para as
multinacionais associadas à Companhia Vale do Rio Doce, esse problema foi
resolvido com a construção da Hidroelétrica de Tucuruí, no Rio Tocantins.
Essa usina foi construída pela Eletrobrás, a empresa estatal responsável pela
política de energia elétrica no Brasil. (Leia o quadro 15-D, que trata do
impacto ambiental causado pelas usinas hidroelétricas.) Para construir essa
usina, o governo brasileiro assumiu empréstimos no exterior, aumentando sua
dívida externa.
Por que as "seis irmãs" procuraram o Brasil?
A produção mundial de alumínio é controlada por um cartel de seis
empresas lideradas pela Alcoa e pela Alcan. Nos anos 60, os países produtores de bauxita, tendo
à frente a
Jamaica, iniciaram esforços para
elevar o preço do minério internacionalmente. As multinacionais
reagiram, abrindo minas na Austrália e no Brasil, onde grandes reservas foram oportunamente
descobertas. Além disso,
devido a problemas de poluição e
aumento dos custos de energia, as "seis irmãs” resolveram transferir suas usinas para países subdesenvolvidos.
Para não elevar o custo de
produção para as fábricas de alumínio e alumina — Albrás, Alunorte e Alumar
(localize-as na figura 15.7) —, em vista do grande consumo de energia necessário
para purificar a bauxita, a Hidroelétrica de Tucuruí cobra a energia elétrica a
um preço 15% menor, O Brasil dá, assim, uma boa "colher de chá" para
as multinacionais, sem contar outras facilidades, como isenção de vários impostos.
Os impostos são o meio que
o governo utiliza para arrecadar dinheiro para construir estradas, hospitais,
postos de saúde, escolas, hidroelétricas, pagar os funcionários públicos, os
militares, a polícia etc. Assim, os impostos são importantes para o
desenvolvimento de qualquer país. Entretanto, para incentivar os investimentos,
muitas vezes o governo dispensa empresas do pagamento de impostos e até mesmo
oferece a elas empréstimos em dinheiro a juros bem baixos. Há muitas empresas
favorecidas com isenção de impostos. Assim, muitas vezes, a isenção de
impostos também pode ser importante para o desenvolvimento de uma região.
Os projetos minerais
contribuíram para o crescimento populacional da Amazônia. Operários,
engenheiros de minas, geólogos, técnicos, pessoal administrativo e
trabalhadores em geral foram atraídos para trabalhar na região.
Para
você ter uma idéia, a exploração do minério de ferro na Serra dos Carajás criou
cerca de 7 mil empregos; a exploração da bauxita no vale do Rio Trombetas abriu
cerca de 1.600 empregos; a fábrica da Albrás, 3 mil, e a da Alunorte, 850.
d) A construção de hidroelétricas
A
construção de uma hidroelétrica exige mão-de-obra numerosa. Assim, devemos
concluir que a recente construção de hidroelétricas na Amazônia tem incentivado
a ocupação e a exploração econômica da região.
Os governos militares e os
que os sucederam destinaram muito dinheiro para a construção de
hidroelétricas na Amazônia: Tucuruí, no Rio Tocantins, no estado do Pará;
Balbina, no Rio Uatumã, no estado do Amazonas; Samuel, no Rio Jamari, em
Rondônia; Curuá-Una, no Rio Curuá-Una, no município de Santarém, no estado do
Pará; São Félix, no Rio Araguaia, entre os estados de Mato Grosso e Tocantins;
e Coaracy Nunes, no Rio Araguari, no Amapá (veja a figura 15.10).
A energia elétrica é fator
importantíssimo para o desenvolvimento de atividades econômicas. Assim, a
construção de hidroelétricas na Amazônia representa a possibilidade de seu desenvolvimento
econômico. Mas, por outro lado, as grandes represas das hidroelétricas representam
problemas para o meio ambiente (leia os quadros 15-C e 15-D)
e) A criação da Zona
Franca de Manaus
Em 1967, o governo militar
criou a Zona Franca de Manaus, sob o controle da Suframa (Superintendência da
Zona Franca de Manaus). Localiza-se no distrito industrial da cidade de Manaus,
onde empresas nacionais e multinacionais podem se instalar sem a
obrigatoriedade de pagar impostos (Imposto sobre Produtos Industrializados,
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, Imposto sobre Exportação e
Importação) . A Zona Franca de Manaus começou a funcionar somente em 1972,
depois que as obras de infra-estrutura do distrito industrial estavam terminadas.
É um sistema semelhante ao implantado em Hong Kong e Cingapura, na Ásia, ou seja, um porto
livre.
Várias empresas
estrangeiras ali se instalaram, principalmente as de origem japonesa (Sanyo,
Sony, Toshiba, Yamaha, Honda etc.), seguidas de empresas norte-americanas,
alemãs, francesas e italianas. São principalmente indústrias do setor
eletrônico, elétrico, relojoeiro, mecânico, metalúrgico, químico, madeireiro
etc. Os produtos não são fabricados aí; são montados com peças importadas.
A isenção de impostos e a
mão-de-obra barata foram os principais fatores que atraíram as indústrias para
a Zona Franca. Com isso, elas exportam mercadorias de alta competitividade no
mercado internacional, devido a seu baixo custo.
Os problemas das grandes represas da Amazônia
“As grandes represas que atualmente estão sendo construídas na região amazônica provavelmente não causarão os mesmos problemas da represa Nasser [que
acabou prejudicando a agricultura num trecho do vale do Rio Nilo, no Egito],
assim como não
proporcionarão os
mesmos benefícios, a não ser, evidentemente, os da energia elétrica.
Não se
tratando de terras áridas,
essas represas não terão utilidade para a irrigação. Na maioria dos casos, não facilitarão a navegação ou ela não será necessária, o mesmo acontecendo com respeito ao
abastecimento de água potável. Quanto à pesca, esta certamente será prejudicada, pois os rios envolvidos são muito ricos em excelentes espécies de peixes de água corrente, as quais em geral não se adaptam às condições de represa.
Outros tipos de impactos ambientais que não ocorreram no deserto africano poderão surgir na Amazônia. Já vimos que o desmatamento em larga escala — mesmo quando substituído por áreas líquidas — reduz a evapotranspiração, alterando o ciclo das águas na região. Assim sendo, são condenáveis as represas que ocupam grandes áreas, e, em geral, as represas amazônicas, com poucas exceções, englobarão áreas grandes em relação ao volume de água represado, uma vez que os declives são muito pequenos naquela imensa planície.
Por outro lado, o afogamento de enormes massas de matéria orgânica, representadas pelas florestas
inundadas, leva à sua putrefação, acompanhada do consumo de oxigênio da água, e à geração de gás sulfídrico e outros produtos tóxicos à população de peixes e demais organismos aquáticos. O gás sulfídrico, além de muito tóxico, é altamente corrosivo, tendo já causado a perda de grandes turbinas na região amazônica.”
(Samuel Murgel Branco, O meio
ambiente em debate, São Paulo,
Moderna, 1994, p. 50.)
Para o Brasil, o que fica?
Argumenta-se que essas indústrias são grandes geradoras de emprego. E verdade.
A industrialização de Manaus impulsionou o crescimento do comércio e atraiu a
população do interior e de outros estados brasileiros. A população de Manaus
corresponde, hoje, a 48% do total da população do estado do Amazonas. É uma
forte concentração populacional.
f) A
construção da Ferrovia Norte—Sul
Está projetada a construção
de uma ferrovia que ligará Brasília (DF) e Anápolis (GO) a Açailândia, no sul
do Maranhão. Aí ela se ligará à Estrada de Ferro Carajás, que chega até o Porto
de Itaqui, em São Luís,
no litoral do Maranhão,por falta de dinheiro do governo, até 1993 tinha sido
construído apenas um pequeno trecho, no estado do Maranhão. Quando essa ferrovia
estiver concluída, acredita-se que as áreas ao longo de seu trajeto atrairão
muitas pessoas, pois as vias de transportes são fatores importantes para fixar
uma população em determinada região.Muitas outras iniciativas, tanto
particulares como oficiais, têm ocorrido na Amazônia, estimulando a ocupação
regional. Entretanto, essa ocupação tem sido realizada atualmente à custa de grandes conflitos entre os vários grupos que
têm interesses na Amazônia.
g) Os núcleos ou projetos de colonização dirigida
O
Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), um órgão federal,
criou, após 1964, os núcleos ou projetos
de colonização dirigida na Amazônia. Isso atendia à idéia dos
governos militares de colonizar essa vasta região, por questão de segurança
nacional e para aliviar as pressões sociais existentes principalmente no
Nordeste, como já vimos? Esses núcleos atraíram milhares de pessoas de várias
partes do Brasil, no período de 1970
a 1975.
O Incra introduziu
diferentes tipos de projetos ou núcleos de colonização (veja a figura):
O Projeto Integrado de Colonização (PIC), no qual o Incra fez o assentamento das famílias de colonos,
prestou assistência técnica por meio de agrônomos e concedeu empréstimos em
dinheiro;
O
Projeto de Assentamento (PA), no qual o Incra
fez a demarcação das terras de cada família e forneceu o documento da
propriedade, mas não prestou assistência técnica nem financeira.
Os núcleos de colonização
denominados agrovilas, criados
pelo Incra principalmente em trechos ao longo da Rodovia Transamazônica, fazem
parte do PIC.
As agrovilas não
apresentaram os resultados esperados. Enfrentaram uma série de problemas:
falta de assistência médica e escolar, localização distante de centros maiores,
insuficiente orientação técnica de como lidar com o solo, insuficiente
assistência financeira etc. Em vista disso, muitas famílias das agrovilas desistiram
do projeto e migraram para outras áreas. Houve um desestímulo para o
crescimento das agrovilas ou para a colonização dirigida pelo Incra.
Além dos projetos oficiais
de colonização dirigida, através do Incra, existiram também os realizados por
empresas particulares (veja a figura 15:11).
A
colonização por meio da grande empresa ou do
grande capital
Em 1974, no governo
militar do presidente Ernesto Geisel, a idéia de povoar ou ocupar a Amazônia por meio da colonização dirigida foi
abandonada.
Em seu lugar, o governo introduziu a
colonização por meio da grande empresa ou
do grande capital nacional
e estrangeiro, num processo de internacionalização da Amazônia. Isso não quer
dizer que antes não houvesse grandes empresas na Amazônia; muitas já haviam se
instalado bem antes.
Foi assim que grandes
empresas, estimuladas pelas facilidades oferecidas pelo governo federal
(isenção de impostos, empréstimos de dinheiro a longo prazo e a juros baixos,
descontos no imposto de renda — os chamados incentivos fiscais), começaram a
instalar enormes projetos agropecuários na Amazônia; Volkswagen, Bradesco,
Bamerindus, Tamakavy, Sadia, Suiá-Missu, Frigorífico Atlas S.A, (de que
participam empresas alemãs), Camargo Corrêa, Banco de Crédito Nacional,
Projeto Jari e muitas outras,
A chegada dos grandes
projetos agropecuários na Amazônia representou uma grande destruição da
floresta. Além disso gerou muitos conflitos de interesse entre as partes
envolvidas na ocupação: as grandes empresas, os indígenas, os sem-terra, os posseiros*,
os garimpeiros e a sociedade brasileira de modo geral.
Muitas tribos indígenas têm
perdido suas terras. Outras têm tido suas terras diminuídas, em vista da
penetração da grande empresa ou do grande capital.
Além disso, muitos
indígenas têm sido contagiados pelas doenças levadas pelo "novo conquistador",
principalmente pêlos garimpeiros,
enquanto outros são
absorvidos pela cultura da nossa civilização e transformados em peões ou
mão-de-obra barata para os fazendeiros da região.
Quando não são abatidos
pelas doenças, os indígenas são assassinados brutalmente pêlos garimpeiros,
pêlos grileiros e outros, como ocorreu em 1993 com os ianomâmis na
fronteira do Brasil com a Venezuela.
O garimpeiro é vencido pela grande empresa de mineração; o pequeno
agricultor, pela grande empresa agropecuária. Os sem-terra e os peões são
colocados, muitas vezes, sob a condição de servidão nas fazendas. Não são
protegidos por leis trabalhistas e são submetidos a péssimas condições de
trabalho e de moradia. Não podem deixar a fazenda enquanto não pagarem o que
devem ao dono da fazenda e do armazém onde compram alimentos.
O
posseiro é expulso da terra, de sua pequena
roça, onde pratica uma agricultura de subsistência. E, em meio a tudo isso, a
compra e venda de terras na Amazônia enriquece muita gente, inclusive corretores estrangeiros.
Os trabalhadores no extrativismo vegetal, como, por
exemplo, os seringueiros e os castanheiros (que coletam castanha-do-pará),
entram em conflitos com as empresas madeireiras e com os fazendeiros. Os
trabalhadores lutam para que as florestas não sejam derrubadas, pois elas são
para eles a fonte de vida, a fonte de sustento familiar. As empresas
madeireiras e os fazendeiros, por sua vez, desejam extrair madeiras para serem
vendidas ou desejam derrubar a floresta para formar pastagens.
O espaço
amazônico está sendo organizado segundo os interesses principalmente do grande
capital da grande empresa, E isso choca-se com os interesses do pequeno
agricultor, das comunidades indígenas, dos sem-terra e da sociedade
brasileira em geral.
Por que
isso se choca com os interesses da sociedade brasileira em geral?
Porque a Amazônia
está sendo destruída. Sua ocupação tem sido feita de forma desordenada sem os
necessários cuidados ecológicos. Desse modo, a ocupação da Amazônia necessita
de uma reavaliação. Não se pode continuar destruindo a floresta, os rios (com
mercúrio) e os ecossistemas. Não se pode, também, continuar expulsando e
matando indígenas e submetendo trabalhadores à condição de servidão.
Sabemos
que a maior ocupação e o maior aproveitamento econômico do espaço amazônico
deverão ocorrer um dia, devido à necessidade de desenvolvimento econômico do
país. Entretanto, o que se deve discutir é como deve ocorrer essa ocupação. Já
cometemos muitos erros, e eles devem nos servir de lição.
Qual a
melhor solução para uma exploração racional e não destruidora da Amazônia?
Essa pergunta precisa ser feita a todo o momento e deve orientar
a ocupação e organização do espaço amazônico.
TEXTO
COMPLEMENTAR I
Pistoleiros e açúcar
envenenado foram usados para desocupar terras na Amazônia.
Os conflitos entre as partes que disputam um lugar no espaço territorial amazônico têm causado muitas mortes. Foi
muito comum, quando da implantação dos grandes projetos agropecuários, contratar pistoleiros e jagunços (assassinos pagos) para expulsar posseiros e índios das terras dos projetos.
É
conhecido o "massacre do paralelo 11". Pistoleiros assassinaram iodos
os indígenas de
uma aldeia da tribo dos Cinta-Larga, para desocupar uma área de terra. É também conhecido o caso em que muitos índios "Beiço-de-Pau" morreram porque comeram
açúcar
envenenado fornecido pelo branco.
De 1.100 assassinatos de
trabalhadores rurais no Brasil no período de 1964 a
1985, 535 ocorreram na Amazônia.
Desses, 489 ocorreram no período de 1974 a 1985, justamente
quando foram implantados os grandes projetos agropecuários.
TEXTO
COMPLEMENTAR II
Projetos agropecuários na Amazônia*
... a Amazônia era
pouco habitada e com isso não havia mão-de-obra para trabalhar nas
fazendas em formação. Para
resolver esse problema entraram em ação os empreiteiros de mão-de-obra, conhecidos pelo apelido de "gatos". Assim,
eles foram procurar mão-de-obra
nas áreas onde
a crise agrária estava
mais acentuada, como é o caso
do oeste do Maranhão, Piauí, do Nordeste e de outros
estados; Goiás, Minas
Gerais, Paraná, São Paulo etc.
No seu local de origem, os trabalhadores rurais são seduzidos por propostas
mirabolantes, até serem
colocados em caminhão e,
depois de cuidadosamente vigiados em cada pouso, são entregues na frente de
trabalho. Os contratos são
verbais, O trabalhador não recebe
carteira de trabalho nem qualquer contrato avulso, Por isso não há limites para a exploração de sua força de
trabalho, Ele labuta de sol a sol, em condições de alimentação e de
habitação que
dependem exclusivamente do dono ou do administrador da fazenda.
O empresário do
projeto agropecuário não tem apenas o monopólio* do comércio; tem também o da justiça, visto que todas as pendências com os trabalhadores são resolvidas pela polícia privada, composta de capangas
(jagunços) armados
até os
dentes. Assassinatos, surras e o uso freqüente do cárcere privado, embora proibido pela
lei brasileira, lá ficam
impunes. Ao contrário, quando
os trabalhadores se unem e combatem os capangas, a polícia estadual é chamada para impedir a revolta.
Formado o pasto, implantadas as benfeitorias, os trabalhadores são dispensados em massa, sem
qualquer indenização.
Esgotados e, às vezes,
sem dinheiro sequer para retornar a sua terra, ficam na região. Penetram na mata, escolhem um
certo lugar e ali praticam uma agricultura de subsistência, tornando-se posseiros.
Ficam perto uns dos outros em virtude da insegurança que os cerca. Assim surgiram e
cresceram" grandes aglomerados de posseiros na região (Palestina e São Domingos do Araguaia, no Pará, a leste de Marabá, ao longo da Rodovia Transamazônica etc.}.
Aí surge e
começa outra
história que é o confronto entre os grileiros,
isto é, indivíduos que procuram apossar-se de
terras alheias mediante falsos documentos de propriedade da terra, e os
posseiros.
(Orlando Valverde e Tácito Reis de Freitas, O problema floresta! na Amazónia brasileira, Petrópolis, Vozes, 1982, p. 39-41)
CAP III - Amazônia: um desenvolvimento econômico à custa de um intenso
desmatamento (relevo e clima)
l- Amazônia: relevo, agricultura e
pecuária
a) O relevo da Amazônia: predominância de
terras de baixas altitudes
Para entender melhor a
prática da agricultura e da pecuária na Amazônia, vamos estudar um pouco o seu
relevo.
Observando a figura 16.1,
podemos notar que predomina na Amazônia um relevo de baixas altitudes.
As áreas de menores
altitudes (de 0 a
100 m)
estão ao longo dos rios Amazonas, Solimões e seus afluentes. Elas são
constituídas das várzeas e dos tesos, também chamados de terraços.
As várzeas são as terras situadas a menos de 10 m de altitude. Na época das
cheias, essas terras são inundadas pelas águas dos rios. Com a inundação, os
rios depositam nelas sedimentos, formando as planícies típicas da
Amazônia.
É nas várzeas,
aproveitando os sedimentos aí depositados, que se desenvolve a agricultura de
arroz e juta.
Os tesos ou terraços são as terras situadas entre 10 e 100 m de altitude. As partes
mais baixas dos tesos também sofrem inundação por ocasião das grandes
enchentes.
Seguindo em direção ao
Planalto das Guianas, ao norte, e ao Planalto Central, ao sul, encontram-se
também terras de baixas altitudes, entre 100 e 200 m. Essas terras formam os
baixos planaltos, ou baixos platôs, e recebem a denominação geral de terra
firme. A terra firme é formada de terrenos sedimentares mais antigos que os
dos tesos e das várzeas, e não é atingida pelas inundações.
As áreas das várzeas, dos
tesos (terraços) e da terra firme recebem a denominação geral de Planície
Amazônica.
Na Amazônia se encontram
ainda duas grandes áreas de planalto: o Planalto das Guianas, ao norte, e
parte do Planalto Central, ao sul.
O
Planalto das Guianas abrange
terras do
Brasil, da
Venezuela, da Guiana, do Suriname e da Guiana Francesa. É formado principalmente
por rochas cristalinas ou magmáticas, como o granito.
O Planalto das Guianas pode
ser dividido em:
• Planalto
Norte-amazônico, com altitudes entre 200
e 800 m,
que é uma continuação das terras baixas da Amazônia;
• a região serrana, ou seja, de serras, mais ao norte, situada nas fronteiras
com os países vizinhos.
Na região serrana
destaca-se a Serra do Imeri, na fronteira com a Venezuela, onde se localizam os
pontos de maiores altitudes do território brasileiro: o Pico da Neblina (3.014 m) e o Pico 31 de
Março (2.992 m).
Outras serras que se destacam no Planalto das Guianas são: Serra Parima, Serra
Paca-raima (onde fica o Monte Roraima, com 2.727 m, o oitavo pico de
maior altitude do território brasileiro), Serra Acaraí e Serra Tumucumaque
(veja as figuras 16.1, 16.2 e 16.3
a seguir).
Grande parte do Planalto
Central abrange a Amazônia. Entre as formas de relevo presentes nesse
planalto destacam-se as chapadas, que são grandes superfícies de rochas
sedimentares a mais de 600 m
de altitude e com encostas abruptas. Formam bonitas paisagens, onde se destacam
cachoeiras e vales belíssimos. As chapadas têm-se transformado em pontos
turísticos e cenários para filmes e telenovelas.
b) A agricultura e a pecuária amazônicas
A
agricultura de produtos alimentares
A
Amazônia nunca se destacou na produção de produtos agrícolas alimentares e na
pecuária. Foi sempre uma região importadora de produtos alimentares para
atender às necessidades de sua população urbana, principalmente.
As áreas
agrícolas geralmente são encontradas próximas às cidades. No interior surgem
as roças destinadas à subsistência da população, onde se destaca o cultivo de
mandioca, milho e arroz.
O
arroz, cultivado nas várzeas,
é um dos produtos agrícolas alimentares que se destacam em área plantada. Ele é
produzido em toda a Amazônia.
A
mandioca, plantada em
área de terra firme, é alimento básico para a população. E o primeiro produto
plantado logo após a derrubada da mata, formando assim os primeiros roçados
em combinação com o milho e o arroz.
A técnica de cultivo da mandioca é primitiva. Depois de dois anos
de cultivo, a área é abandonada após a colheita. O agricultor vai em busca de
outra área, onde repetirá a derrubada da mata, a queimada e o plantio.
Pratica-se, assim, a chamada agricultura itinerante ou de roça. Esse
tipo de agricultura vai deixando clareiras na mata, permitindo a formação de
capoeiras, ou seja, uma vegetação
secundária sem a característica primitiva, onde predominam plantas rasteiras e
arbustos.
O cultivo de milho também é feito em toda a Amazónia
e de maneira primitiva, segundo o sistema de roça (agricultura itinerante). Em
algumas áreas, ele é plantado em combinação com o feijão.
No baixo
Amazonas, no município de Alta-mira, no Pará, o milho é cultivado nas várzeas
altas, onde os solos mais férteis e menos sujeitos às inundações permitem maior
produtividade.
Nas áreas de criação de gado, como nos municípios de
Conceição do Araguaia, São João do Araguaia, Paragominas, São Domingos do Capim
e outros, a cultura do milho é praticada em combinação com a formação de
pastagens. Após a derrubada da mata e a queimada, planta-se o milho. Quando
este atinge a altura de dois palmos, planta-se o capim. Colhido o milho, a
pastagem estará formada para receber o gado. Esse sistema diminui o custo da
formação do pasto.
As novas
frentes de agropecuária na Amazônia
Nos
últimos anos, três novas frentes de agropecuária se destacam na Amazônia: o
estado de Tocantins (criado em 1988), áreas do estado de Rondônia e uma vasta
porção de terras ao norte de Cuiabá, no estado de Mato Grosso, na sua parte
amazônica.
No estado de Tocantins observa-se uma grande expansão da
cultura da soja. Graças à correção da acidez do solo pela utilização do
calcário, muitas terras de Tocantins se transformaram em grandes fazendas de
agricultura.
A Rodovia Belém—Brasília,
que se encontra com a Estrada de Ferro Carajás no sudoeste do Maranhão, teve
papel importante na expansão da cultura da soja no estado de Tocantins.
Através dessa rodovia e da E. F. Carajás, a soja é levada até o litoral, em São Luís, no Maranhão,
para ser exportada (veja a figura).
Em
Rondônia e Mato Grosso, projetos de colonização recentes realizados pelo Incra
e por iniciativas particulares atraíram milhares de agricultores de todo o
país (gaúchos, paranaenses, paulistas etc.). Nas manchas de terras férteis desses
dois estados, os agricultores introduziram com sucesso as culturas de café,
cacau, soja e milho.
Não podemos esquecer também
que foram as rodovias construídas na Amazônia que permitiram o escoamento da
produção
Em relação à pecuária, é
a Ilha de Marajó que se destaca no conjunto amazônico. A maior parte do rebanho
bovino do Pará (cerca de 80%) se encontra nos campos da Ilha de Marajó. Predomina
aí a pecuária de corte.
Vários fatores fazem dessa
ilha uma importante área de criação de gado: relevo plano, vegetação de
gramíneas e excelente posição geográfica em relação a centros consumidores (principalmente
a cidade de Belém e as Guianas, para onde a carne é exportada).
Nos
últimos anos, os criadores da Ilha de Marajó têm-se preocupado com a melhoria
do rebanho bovino. Os fazendeiros têm introduzido o cruzamento com raças
zebuínas, principalmente nelore, guzerá e gir.
Na Ilha
de Marajó existe também o maior rebanho de búfalos do Brasil. O gado bufalino foi introduzido na ilha há muitos anos,
tendo se adaptado muito bem às condições naturais da região. Do total de
1.400.000 cabeças de búfalos existentes no Brasil, a Amazônia possui 800.000
cabeças, ou seja, 57% do gado bufalino.
Além da
Ilha de Marajó, a pecuária bovina de corte vem se desenvolvendo com sucesso no
estado de Tocantins e na porção leste e sudeste do Pará (Paragominas, Guajarina,
Conceição do Araguaia etc.).
As bacias
leiteiras (áreas de criação de gado leiteiro) localizam-se próximo das
cidades. Há a bacia leiteira de Manaus, a de Porto Velho, em Rondônia, a de
Rio Branco, no Acre, e a de Belém.
No alto
Rio Branco, em Roraima, aproveitando a vegetação natural de campo e cerrado,
como também na porção leste do Amapá, pratica-se uma pecuária tanto de corte
como leiteira, que vem crescendo nos últimos anos.
Às
culturas industriais
Culturas
industriais são aquelas destinadas às indústrias que as preparam para o
consumo. Constituem as principais atividades agrícolas da Amazônia. Exemplos
desse tipo de agricultura são a pimenta-do-reino, a juta, a malva e a soja.
Apesar
do desenvolvimento agropecuário na Amazônia nos últimos anos, a falta de
tradição agrícola e pecuária tem sido obstáculo ao desenvolvimento dessas
atividades em certas áreas da região.
A
expansão da atividade agropecuária na Amazônia também tem sido realizada à
custa de grande desmatamento da Floresta Amazônica, da erosão do solo e da
destruição de ecossistemas.
Amazônia: clima, vegetação e extrativismo
vegetal
a)
O clima e a vegetação
Antes de
estudarmos o extrativismo, vamos conhecer um pouco do clima e da vegetação da
Amazônia. O tipo de vegetação encontrada na região tem muito a ver com o clima
e vice-versa,
O clima da Amazônia é equatorial úmido (veja a figura
16.8). Esse clima possui médias de temperatura elevadas, entre 25°C e 27°C, e índice pluviométrico
médio anual de 2.000 a
3.000 mm,
Na
porção ocidental da Amazônia, as chuvas caem em maior quantidade (3.000 mm). É aí que se
situa, por exemplo, São Gabriel da Cachoeira, localizada no noroeste do estado
do Amazonas (figura 16.8). Nessa localidade, as chuvas são intensas no
decorrer dos doze meses do ano, conforme você pode observar no climograma
(figura 16.9).
Nos
climogramas (figuras 16.9 e 16.10), as colunas em cor azul representam a
quantidade de chuva (precipitação chuvosa) que cai em cada mês do ano. A
quantidade de chuva deve ser lida na escala colocada à esquerda. A linha vermelha
representa as médias de temperatura em cada mês do ano. As médias de
temperatura devem ser lidas na escala à direita.
Observe que, em São Gabriel da Cachoeira, nos meses de maio,
junho, julho e agosto, o índice pluviométrico é elevado, isto é, nesses meses
chove bastante. Já em Rio
Branco, capital do Acre, nesses meses o índice pluviométrico
diminui (figura 16.10), isto é, chove pouco de maio a setembro. É o período da
seca.
As médias de temperatura
mensais sofrem pouca variação ao longo dos doze meses do ano. Elas se
apresentam elevadas, mesmo nos meses de outono e inverno do hemisfério sul (de
março a setembro). Na cidade de Rio Branco, em julho, a média de temperatura é
de 24°C.
Você deve se lembrar que,
quando estudamos o clima do Brasil (capítulo l deste volume), vimos que a
latitude influi na temperatura. Quanto menor for a latitude (maior proximidade
da linha equatorial), maiores são as médias de temperatura dos lugares
situados na mesma altitude.
Fonte: Graça Maria
Lemos Ferreira, Moderno atlas geográfico.
Pois bem, Rio Branco e São
Gabriel da Cachoeira localizam-se em baixas latitudes. Aliás, a latitude de São
Gabriel da Cachoeira é zero, pois está situada na linha do Equador.
Quanto
à vegetação nativa, a Amazônia é coberta na maior parte por uma floresta
equatorial úmida, que recebe o nome de Floresta Amazônica. Na porção nordeste
de Roraima surgem os campos e o cerrado; na porção leste do Amapá e em
Tocantins, vamos encontrar também o cerrado. Os campos e o cerrado ocupam,
assim, uma pequena área, se compararmos com a ocupada pela Floresta Amazônica.
Considerando
toda a sua extensão no continente sul-americano, a Floresta Amazônica ocupa
uma imensa área territorial: 5,5 milhões de quilômetros quadrados. Para você
ter idéia, essa área corresponde a mais da metade do continente europeu (10.500.000 km ) ou
quase a metade do território brasileiro.
A maior parte (62%) dessa floresta equatorial localiza-se em
território brasileiro e a outra parte (38%) em alguns países da América do Sul
(Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana
Francesa). Veja a figura 16.11.
No Brasil,
a Floresta Amazônica abrange cerca de 42% do território brasileiro (veja a figura
16.12).
A Floresta Amazônica é a floresta tropical que apresenta a maior
diversidade biológica, isto é, a maior variedade de espécies vegetais entre
todas as florestas do planeta. Há florestas tropicais na América Central, na
Ásia e na África.
Enquanto nas florestas de clima temperado, como a floresta
temperada da França, existem cinqüenta espécies de árvores, na Floresta Amazônica
já foram registradas cerca de 2.500 espécies. Em apenas um hectare (10.000 m2) da
Floresta Amazônica há trezentas espécies vegetais diferentes. Constitui um
grande ''laboratório vegetal'', ainda pouco estudado. Como a Mata Atlântica, a
Floresta Amazônica poderá fornecer provavelmente muitas substâncias importantes
para a cura de doenças e para muitas outras finalidades.
Apesar de
toda a importância das florestas equatoriais e tropicais do planeta, elas têm
sido desmaiadas (estudaremos o caso da Floresta Amazônica no item 3 deste
capítulo).
b) O extrativismo vegetal e as reservas extrativistas
O
extrativismo vegetal predador e o extrativismo vegetal conservacionista
O
extrativismo vegetal ainda é uma atividade econômica importante na Amazônia.
Emprega milhares de trabalhadores e movimenta a economia regional.
Em nosso
estudo, é necessário distinguir dois tipos de extrativismo vegetal:
o predador, que
destrói a vegetação;
o conservacionista, que conserva a vegetação.
A extração madeireira na Amazônia
O
extrativismo vegetal madeireiro não pode ser confundido com silvicultura.
Esta, como o próprio nome diz, se refere à cultura de árvores. São reflorestamentos
realizados com o objetivo de obter matéria-prima para as indústrias; resinas,
essências, celulose para a fabricação de papel, madeira para a fabricação de
chapas de compensados e de aglomerados etc. Os reflorestamentos têm sido
realizados principalmente com várias espécies de pinus, pinheiros e eucaliptos.
O
extrativismo de madeiras nativas das florestas é um extrativismo predador. Ele
é responsável por grandes danos ao meio ambiente. Provoca grandes
desmatamentos, com conseqüências graves para o solo, como sua erosão e o
assoreamento de rios, e também a escassez e desaparecimento de espécies
vegetais. Enfim, provoca desequilíbrios ecológicos e graves alterações nos
ecossistemas.
Praticam
esse tipo de exploração não somente madeireiros individuais (cortadores de madeira
nas matas), mas sobretudo empresas nacionais e multinacionais.
Essas
empresas vêm desmatando, com grande voracidade as florestas equatoriais e
tropicais da África, da Ásia e das Américas do Sul e Central.
Calcula-se
que, de um total de 14 milhões de quilômetros quadrados de florestas equatoriais
e tropicais úmidas que cobria o globo terrestre, cerca de 5,6 milhões de
quilômetros quadrados já foram destruídos pêlos homens.
Atuam na Amazônia mais de dez multinacionais do ramo
madeireiro. São empresas de origem japonesa, dinamarquesa, alemã, suíça,
norte-americana, holandesa e costarriquenha, além de dezenas de empresas
nacionais que também têm contribuído para a devastação da Floresta Amazônica.
As
madeiras exploradas (mogno, cerejeira, imbuía, caviúna, sucupira, peroba,
Angelim, aroeira, castanheira e outras) destinam-se à exportação e ao mercado
interno. Apesar de a legislação brasileira proibir o abate da
castanheira-do-pará, ela não tem sido poupada.
Espécies como o mogno e a cerejeira são muito procuradas
para a fabricação de móveis finos e para a exportação. Ao longo das rodovias,
essas árvores já não são mais encontradas, Atualmente é preciso penetrar fundo
na Floresta Amazônica para encontrá-las. Essa entrada mata adentro e o
transporte das madeiras acabam destruindo outros vegetais, pois as toras de madeira
são arrastadas, eliminando arbustos e árvores em crescimento.
O
extrativismo vegetal de castanha-do-pará
A
castanheira-do-pará é uma árvore de caule cilíndrico e se apresenta sem ramos
até a copa. A árvore adulta atinge de 20 a 30 metros de altura e é nativa da Floresta
Amazônica, ocorrendo nas áreas de mata de terra firme*. Duas importantes áreas
de produção se estendem pelo vale do baixo Rio Tocantins e no vale do Rio
Itacaiúnas, no Pará.
A colheita
da castanha-do-pará ocorre no final do mês de janeiro, quando os ouriços que
contêm as sementes amadurecem e caem.
Uma vez
coletados, os ouriços são quebrados e as castanhas retiradas e levadas ao
barracão do proprietário ou do arrendatário do castanhal. Como o coletor de
castanhas também é seringueiro, ele utiliza os ouriços vazios como combustível
para defumar o látex.
A cidade
de Marabá, no Pará, é o maior centro exportador de castanha-do-pará. A Brazil
nut, nome da castanha-do-pará no mercado internacional, é exportada para a
Europa, Estados Unidos e Japão.
Várias são as aplicações do óleo extraído da castanha-do-pará:
matéria-prima de remédios, de cosméticos e de sabão; lubrificante na indústria
de aparelhos de alta precisão, como, por exemplo, balanças de laboratórios.
Além disso, a castanha-do-pará é um alimento de alto valor nutritivo, rico em
proteína.
O
extrativismo vegetal de borracha
Já vimos
alguns aspectos da produção de borracha na leitura complementar do capítulo 14;
se necessário, releia o texto.
Duas
importantes questões a ser discutidas quando se estuda o extrativismo vegetal
na Amazônia são a posse da terra e as relações de trabalho.
Na região
dos seringais, há terras que constituem propriedade particular e outras que
são públicas, isto é, pertencem à União (governo federal), ao estado ou aos
municípios.
Nas terras
particulares, o seringueiro aluga uma certa área da floresta ou um seringai* mediante
um preço estabelecido pelo proprietário ou seringalista.
Geralmente
um seringai tem de 100 a
120 seringueiras, que o seringueiro sangra para a extração do látex. Ele chega
a recolher até 20 litros
de látex por dia. Depois o látex é defumado, isto é, é aquecido no fogo ou na
fumaça, para ser endurecido e transformado em bolas, chamadas pélas, que
chegam a pesar 40 quilos.
Em seguida
o seringueiro vende a sua produção ao dono da terra ou do seringai, que, por
sua vez, vende a borracha para as usinas de Manaus, Belém e Porto Velho.
Dessa
forma, a menor renda fica para o seringueiro, que trabalhou na coleta do
produto. Às vezes, o seringueiro não vende a produção para o dono da terra ou
do seringai; eíe troca a borracha por produtos como sal, açúcar, álcool,
querosene etc., no barracão, espécie de armazém pertencente ao proprietário da
terra onde fica o seringai.
As
reservas extrativistas
Nas terras
da União e até mesmo nas terras particulares que deixaram de ser exploradas há
muito tempo, os seringueiros e os castanheiros (colhedores de castanha-do-pará)
conseguiram a criação, por parte do governo federal, de reservas extrativistas
na Amazônia.
Famílias
são assentadas nessas reservas extrativistas através da concessão, pelo
governo, de uso dos recursos florestais. Cabe a elas organizar a extração
vegetal e proteger a área contra desmatamentos e queimadas. Os seringueiros ficam
aí mais protegidos de ataques de pessoas ou grupos envolvidos na disputa de
terras. Muitos seringueiros até então já tinham sido assassinados por grileiros e fazendeiros.
A primeira reserva
extrativista de seringueiros e castanheiros foi criada em 7 de março de 1989,
após o assassinato, em 1988, do seringueiro e líder sindical Chico
Mendes, que muito lutou pela criação de reservas. Essa reserva fica em Xapuri
onde Chico Mendes morava (leia o quadro 16-A).
Até o final de 1992, foram criadas mais oito reservas
extrativistas: uma em Rondônia, mais uma no Acre (onde fica também a de
Xapuri), urna no Amapá, uma no Tocantins, três no Maranhão e uma em Santa Catarina.
A luta de Chico Mendes e de seus
companheiros deu resultado. As reservas extrativistas são uma realidade. Além
das nove, outras ainda deverão ser criadas.
As reservas extrativistas são também uma garantia
contra os desmatamentos e a destruição de ecossistemas. Nelas há preocupação em
se fazer uma exploração racional, sem ameaça aos recursos vegetais.
Pretende-se assegurar o desenvolvimento auto-sustentado, ou seja, ao mesmo
tempo que a floresta é explorada, ela é preservada da destruição. É, portanto,
a harmonia entre a necessidade de conservação dos recursos vegetais e^a
necessidade de desenvolvimento econômico. E uma vitória contra aqueles que não
se importam com a natureza.
A
ocupação
da Amazônia:
uma necessidade urgente de reavaliação
Como vimos, a partir de 1974 o governo federal
decidiu fazer a ocupação e a organização do espaço amazônico por meio de
grandes empresas e, entre elas, empresas agropecuárias.
Para atrair empresas e
fazendeiros a se instalarem na Amazônia, o governo federal ofereceu uma série
de vantagens: isenção de impostos, empréstimos de dinheiro a juros baixos e a
longo prazo, descontos no imposto de renda etc. Com
esses incentivos, muitas empresas agropecuárias se instalaram na Amazônia. Com
isso, o rebanho de gado bovino cresceu em curto espaço de tempo. A
maior parte dos projetos agropecuários incentivados pelo governo federal,
através da Sudam, localiza-se na região do Rio Araguaia, em trechos do Pará,
Mato Grosso e Tocantins, como pode ser observado na figura 16.15.
O desmatamento provocado
pela expansão da pecuária nessa região tem sido intenso, com a utilização de
machado, foice, fogo, motosserras e o correntão.
O correntão, como o próprio
nome diz, é uma grossa corrente, com cerca de 100 metros de
comprimento, cujas extremidades ficam presas a tratores que a arrastam no
solo, arrancando e destruindo a vegetação. É uma técnica utilizada em áreas
de cerrado ou em matas de troncos finos. Segundo o Prof. Orlando Valverde,
somente em 1979 a
Liquifarma Agropecuária Suiá-Missu S. A. (grupo econômico italiano) derrubou
cerca de 20 mil hectares de mata no nordeste de Mato Grosso utilizando a
técnica do correntão. Exemplos como esse são comuns em toda a Amazônia, onde as
sementes de capim, para formar o pasto, são jogadas até mesmo por avião.
Em
algumas áreas da Floresta Amazônica, como pode ser observado na figura 16.16, o
desmatamento já ultrapassou 50% da área. E o caso da região Bragantina, no
Pará, e do estado de Rondônia.
Ao longo de algumas
rodovias, como, por exemplo, da Belém—Brasília e da Cuiabá—Porto Velho, o
desmatamento também é intenso. Calcula-se que, nessas áreas, o desmatamento já
tenha atingido cerca de 40% da área florestal.
Até o final de 1990 já
tinham sido desmatados 415 mil quilômetros quadrados da Floresta Amazônica.
Para você ter idéia do que isso representa, essa área corresponde a quase a
área territorial do estado de São Paulo e do estado do Paraná juntos.
Calcula-se que, de 1978 a 1988, a Floresta Amazônica
foi desmatada em média, por ano, cerca de 21 mil quilômetros quadrados.
Nos anos de 1987 e 1988, os
satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registraram
enormes desmatamentos e queimadas na Amazônia. No ano de 1987, o desmatamento
atingiu a impressionante área de 80 mil quilômetros quadrados, o que
corresponde a quase a área territorial do estado de Santa Catarina, que é de
95.985 km2. No ano de 1988, o desmatamento na Amazônia foi de 48
mil quilômetros quadrados, o que corresponde a uma área maior que a área
territorial do estado do Espírito Santo (45.597 km2).
Tornaram-se mais intensos
os desmatamentos nesses dois anos em virtude da Constituição que entrou em
vigor em 1988. Proprietários de terras inativas (não-exploradas) temiam que, pela nova
Constituição, essas terras fossem desapropriadas
pela falta de uso.
Muitos
proprietários de terras na Amazônia tomaram, então, providências urgentes para
transformá-las em
pastagens. Com isso mostrariam que as propriedades estavam
sendo utilizadas e não correriam o risco de perdê-las ou de serem
desapropriados.
Para você avaliar a intensidade do desmatamento, em 1988,
no dia 24 de agosto um satélite espacial norte-americano forneceu para o Inpe,
em São José
dos Campos, no estado de São Paulo, informações de 7.400 pontos de queimadas
ocorrendo na Amazônia.
Essas
enormes queimadas têm contribuído para a ocorrência do efeito estufa, já
estudado no volume l desta coleção de Geografia.
Procurando
resumir as causas dos desmata-mentos na Amazônia, temos:
• a
prática da agricultura de subsistência e a extração de lenha (o desmatamento
causado, nesse caso, é pequeno se comparado a outros);
• a
formação de pastagens para a criação de gado;
• a
inundação de áreas da Floresta Amazônica para a construção de barragens das
hidroelétricas;
• a exploração madeireira realizada por empresas nacionais e
estrangeiras, que destroem não somente as espécies vegetais que lhes interessam,
mas também outros vegetais.
A ação humana na Amazônia
tem sido irresponsável, e a sua ocupação tem sido movida pelo desejo de lucro
a qualquer custo. Não podemos nos esquecer de que, na natureza, tudo se
relaciona, que há interdependência entre todos os elementos que a formam. Se
um deles se modifica, todo o conjunto se altera. Assim, as conseqüências do
desmatamento não ficam apenas no perigo de se acabar com a floresta, o que já
é muito, levando em conta a grande diversidade de espécies vegetais. As
conseqüências são muito mais amplas: a extinção de espécies animais, alteração
profunda no clima do Brasil e do mundo, erosão do solo, alteração do nível das
águas dos rios. Tudo isso provoca intensa desarmonia (desequilíbrio) na
natureza, cujo resultado final pode ser a desertificação da região.
Como já foi dito
anteriormente, a ocupação atual da Amazônia necessita urgentemente de uma
reavaliação. Caso isso não aconteça, corremos o risco de ver uma das mais
belas e ricas criações da natureza — a Amazônia — destruída num curto espaço
de tempo.
LEITURAS COMPLEMENTARES
TEXTO COMPLEMENTAR I
Exploração insensata
Iniciamos agora a "Conquista da Amazônia", última grande selva tropical do globo.
Queremos "integrá-la"
e para isso partimos das mesmas atitudes de destruição do colono de 1500, mas com tecnologias mais
desenvolvidas. Se o colono do Rio Grande do Sul levou cento e cinqüenta anos
para, a machado e fogo, destruir cem mil quilômetros quadrados de floresta, na Amazônia, com o trator, a motosserra, o
"desfolhante" e os incêndios
gigantescos de cem mil hectares ou mais, por vez, a eficiência é bem outra. Em cinco anos causamos mais
estragos que nos quinhentos anos anteriores de nossa história. As grandes empresas, muitas das quais
estrangeiras e sem nenhuma tradição
agropastoril, todas interessadas no lucro próprio, sem nenhum conhecimento de estudos ecológicos, derrubam simplesmente a floresta, para
substituí-la por
plantações ou
pastos, os quais não se sabe
ainda quanto tempo vão durar.
Os exemplos de desastres já havidos
de nada têm
servido, infelizmente, para alertar a todos.Além do fogo da roça, já por si irracional, temos o escândalo da piromania (mania de fogo) nacional.
Quem hoje sobrevoa este continente, se, em vez de aprofundar-se na leitura do
noticiário
esportivo ou dormir, observar atentamente a paisagem, em qualquer época do ano, mas especialmente durante os
períodos
secos, pode ver fogo ou os estragos do fogo em toda a parte, A bruma produzida
pela fumaça da
queimada alcança vários milhares de metros de altura.
Adaptado de José A.
Lutzenberger, Manifesto ecológico
brasileiro;
fim do futuro?, Porto Alegre, Movimento, 1986, p. 22-23.
TEXTO COMPLEMENTAR I
Chico Mendes e as reservas extrativistas da Amazônia
Francisco Alves Mendes Filho, Chico Mendes, seringueiro e
ecologista, foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri
(Acre) e membro do Conselho dos Seringueiros, consultor do Banco Mundial e do
Banco Interamericano para o Desenvolvimento, para projetos da Amazônia.
Em 1987, Chico Mendes recebeu o Prêmio Global 500, da Organização das Nações Unidas. Ainda no mesmo ano recebeu em Nova Iorque uma
medalha da Sociedade para um Mundo Melhor e, em 1908, o titulo de Cidadão Honorário do Rio de Janeiro, Sempre lutou contra o
desmatamento da Amazônia e em
prol da criação de
reservas extrativistas no Brasil. Em 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes foi
brutalmente assassinado na porta de sua casa, em Xapuri, no Acre.
Eis um trecho de suas declarações: "Descobrimos que, para se garantir
o futuro da Amazônia, era
necessário criar
a figura da reserva extrativista como forma de preservar a floresta, mas como
forma econômica, como
proposta econômica ao
mesmo tempo. (...) O que nós
queremos com a reserva extrativista? Que as terras sejam da União e que elas sejam de usufruto dos
seringueiros ou dos trabalhadores que nelas habitam, pois não são extrativistas só os seringueiros. Nessas regiões, o seringueiro é ao mesmo tempo castanheiro, mas em outras
regiões tem o
castanheiro, tem os trabalhadores de babaçu, tem outras espécies de trabalhadores extrativistas, o
pessoal que trabalha com a juta, enfim, tem várias espécies de trabalhadores extrativistas na Amazônia".
(Citado por Cândido Grzybowski (org.), O
testamento do homem da floresta — Chico
Mendes por ele mesmo. Rio de Janeiro, Fase, 1989.)
TEXTO COMPLEMENTAR II
Utilizam até agente laranja para destruir a floresta
Quando terminou a guerra do Vietnã, sobraram nos Estados Unidos imensos
estoques do desfolhante chamado agente laranja, que aniquilou as matas [do
Vietnã] e
causou moléstias
horríveis em
sua população. Esse
material foi em parte contrabandeado para a Zona Franca de Manaus, e lá adquirido no comércio. No Acre, observam-se claros sinais de
aplicação
generalizada de desfolhantes: árvores
mortas em pé,
capoeiras ou pastos malformados, nenhum gado (...) É que o desfolhante foi também um dos meios utilizados pêlos grileiros para expulsar seringueiros e índios.
Não tendo
como sobreviver sem a mata, tiveram que emigrar.
Orlando Valverde e Tácito Lfvio Reis de Freitas, O problem& florestal na Amazónia brasileira, p. 41.
EXERCÍCIOS
1-(UNIFAP) As medidas que visavam ao desenvolvimento da
Amazônia não tiveram o sucesso tão propagandeado pelo governo federal, no
sentido do desenvolvimento econômico e social da região. Dentre essas medidas,
coloca-se a criação de órgãos federais com objetivos diversos como:
1- Integrar a porção ocidental da Amazônia mediante a isenção de
impostos e a criação de centros industriais e agropecuários.
2- Coordenar e supervisionar programas e planos regionais e
decidir sobre a distribuição de incentivos fiscais na chamada Amazônia legal.
3- Executar a estratégia de distribuição controlada da terra,
através de projetos de colonização.
Os objetivos 1, 2 e 3 correspondem, respectivamente, aos seguintes
órgãos.
A) SUFRAMA, SUDAM e INCRA
B) SUDAM, INCRA e SUFRAMA
C) SUFRAMA, INCRA e SUDAM
D) SUDAM, SUFRAMA e INCRA
E) INCRA, SUFRAMA e SUDAM
2-(UFPA) Analise
as afirmações abaixo e assinale a alternativa que contem todas as corretas em
relação aos 30 anos de intervenção intensiva do Governo Federal na Amazônia,
através da SUDAM,
1- A ocupação foi baseada, preferencialmente, em grandes projetos
agropecuários e agro-industriais.
2- Apos o desmatamento e o empobrecimento do solo, foi comum o
abandono de tais projetos.
3- Os problemas agrários do sul do Para" foram resolvidos através
da reforma agrária. ;
4- Os recursos públicos sob forma de incentivos fiscais foram
utilizados para o assentamento dos sem-terra.
5- Com os projetos integrados de colonização evitou-se o êxodo
rural para a Amazônia ocidental,
6- Lucraram com esse tipo de
desenvolvimento parte da burguesia regional, empresas nacionais e
multinacionais e o Estado brasileiro que dominou, política e economicamente, a
região.
A) 1, 3, 4
B) 2, 4, 5
C) 1,2,6
D) 4, 5, 6
E) 1,2, 3e6
3-
(FIT-Faculdade Integrada do Tapajós-97) "Foi-se o tempo — As entidades que congregam garimpeiros tern
demonstrado sua preocupação com a gradual queda de produção do ouro.
especialmente em áreas da Amazônia que, tradicionalmente, fizeram “bamburrar” muita gente".
(Fonte: Noticia publicada no Jornal "Diario do Para",
15/12/96)
O fato em destaque pode ser associado:
A) ao esgotamento do minério de ouro em "Serra pelada", devido
a longo período de exploração mecanizada feita pelos garimpeiros.
B) a liberação pela CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) das áreas de
reservas auríferas para garimpagem, inclusive as minas de recém descoberta
Serra Leste.
C) aos acordos feitos pelos garimpeiros e empresas mineradoras,
entre elas a CVRD, com o intuito de divisão igualitária do lucro
D) à decadência da exploração com lavra manual na maioria das
áreas de garimpagem, em especial “Serra Pelada”, o minério localizado no fundo
das cavas só pode ter exploração mecanizada.
E) a fiscalização do governo na maioria dos garimpos da Amazônia,
que procura controlar o uso do mercúrio nesta atividade.
4- {FIT-Faculdade Integrada do Tapajós-97) Um
empresário desejoso de criar gado de corte, sem derrubar florestas, precisaria
de área de campos naturais. Pelas características fitogeográficas, qual a
melhor área da Amazônia para tal atividade:
A) Sul do Para
B) Ilha do Marajó
C) Zona Bragantina
D) Oeste do Para
E) Vale do Rio Madeira
5-
(UNAMA-97) Em novembro de 1996, o Jornal "O Liberal" publicou um
caderno especial sobre a economia do Para nas Ultimas décadas. Nele, nosso Estado
e chamado de "pobre Estado rico". O uso da expressão pode ser
justificada.
A) devido a crescente pobreza urbana, principalmente em Belém,
onde as áreas de invasão proliferam nas periferias.
B) porque o Para continua como fornecedor de matéria prima, embora
tenha todos os fatores que favoreceriam a industrialização, em especial uma
excelente rede de transportes rodo-ferroviario.
C) porque mesmo predominando em seu território solos ricos e
férteis, possui uma agricultura incipiente voltada apenas para o abastecimento
do próprio Estado.
D) pela extrema contradição de ser o segundo produtor de minérios
do pai's, possuir uma vastíssima província mineral e adotar um modelo
extrativista numerador e exportador, que gera concentração de renda,
desemprego, miséria e conflitos fundiários,
E) porque apesar da exuberante floresta com grande diversidade
botânica, possui reduzida produção extrativa vegetal que destina-se apenas ao
mercado interno.
6-
(UNAMA-97) Os solos em um dos recursos naturais de fundamental importância
na organização do espaço econômico de uma região. No caso Amazônico...
A) os solos denominados de "terra firme", localizados
distantes dos cursos fluviais, são de formação mais recente que os de várzea e
considerados bastante férteis, dai serem propícios ao cultivo de vegetais de
ciclo curto.
B) os solos de várzeas são de formação recente, aluviões
quaternários, estão situados as margens dos rios possuem boa fertilidade por
receberem um processo de adubação natural, por esse motivo permitem a atividade
agrícola com excelentes rendimentos.
C) predominam os solos de origem basáltica, sobretudo os chamados
"terra roxa", que possibilitam cultivo de varies cereais, dentre eles
a soja.
D)a maioria dos solos são de extrema fertilidade, fato comprovado
pela exuberância e diversidade da floresta equatorial, considerada o maior
banco genético do planeta.
E) embora os solos de várzea sejam os mais férteis da região, sua
utilização e limitada por fatores como: as grandes cheias e a reduzida área dos
mesmos, já que a rede hidrográfica e inexpressiva.
7- (UNAMA-00) Sobre a
recente ocupação do espaço Amazônico são fatos a destacar.
A)o desmatamento que ocorre no sul e sudeste do Para\ para
fabricação de carvão vegetal, destinado ao abastecimento da siderurgia do Projeto
Grande Carajás.
B) a pecuarização de Roraima, com a destruição de áreas de antigos
seringais para a criação de gado de corte.
C) a implantação de projetos de colonização integrada, feita pelo
INCRA no norte do Para e Amapá.
D)a chegada de grandes contingentes
de migrantes gaúchos e paranaenses para a dedicam a atividade agro-industrial.
E) a proliferação de garimpos no
nordeste do Pará (região bragantina e do salgado) , que tem provocado uma
corrida de nordestinos principalmente do Maranhão e Piauí.
8-(UEPA-97)
"Rica em recursos naturais. Pobre quanto ao desenvolvi mento econômico e
social", : A citação acima reflete a contradição que caracteriza a
realidade amazônica. Analisando as raízes dessa contradição, pode-se afirmar;
A) as atividades extrativas, desenvolvidas na região desde o
período colonial são responsáveis pelo seu empobrecimento, visto que apresentam
baixa produtividade e grandes danos ambientais.
B) os Grandes Projetos visam ao aproveitamento industrial de
nossos recursos naturais, o que permitira o desenvolvimento regional, gerando
empregos e divisas a população local.
C)a migração nordestina e
sulista ocorrida em direção a Amazônia durante o período militar, causou
desemprego e desestruturação social, contudo serviu para solucionar os problemas
fundiários existentes nestas regiões.
D)a retirada dos recursos naturais - das drogas do sertão ao (erro
de Carajás - visando a exportação, tern sido a principal característica da exploração
da região,, cujos resultados são expressos em graves problemas sociais e
ambientais sofridos pela maioria da população.
E) o projeto de Integração Nacional, implementado nos anos 40,
marcou a passagem da economia extrativa a urbano-industrial, o que possibilitou
o desenvolvimento sócio-ambiental de nossa região.
9-(UEPA-2006) Há alguns
anos os colonos dos Estados meridionais do Brasil viviam sitiados pela grande
lavoura; hoje estão sitiados pelo grande capital e migram rumo a Amazônia
Ocidental em busca de terras para retomarem, em um novo espaço, as velhas tradições
de produção familiar. Neste contexto, e VERDADEIRO afirmar que:
A) os migrantes sulistas expropriados de suas pequenas
propriedades transformaram-se, na maioria das vezes, em grandes latifundiários
e proprietários de empresas agro-exportadoras.
B) esses migrantes vão constituir mão-de-obra especializada. para
os grandes projetos agropastoris, favorecendo uma diminuição dos conflitos
fundiários.
C)os migrantes sulistas aclimatam-se facilmente a Amazônia e
conseguem em um curto período, uma significativa produção agrícola devido as
políticas publicas existentes para o setor.
D) a causa de atração para a Amazônia Ocidental e a fertilidade
dos solos nessa área, o que vai facilitar a atividade agrícola e a adaptação
desses lavradores.
E)os lavradores sulistas raramente conseguem recriar suas
condições originais e sua antiga condição social de pequeno proprietário; os
pequenos sítios existem em numero reduzido no Acre e em Rondônia.
10-(Cesupa-97) Nas
ultimas décadas foram planejadas e construídas grandes hidrelétricas na
Amazônia, cujo objetivo principal era o abastecimento energético dos grandes
projetos de investimentos que se implantaram desigualmente no espaço amazônico.
A esse respeito e correto afirmar.
A) a Usina Hidrelétrica de Tucurui, a segunda do pais, esta
localizada no rio Tapajós, na região oeste do Estado do Para.
B) a Usina Hidrelétrica de Samuel, a terceira em tamanho da
Amazônia, esta localizada no rio Purus, na região Sudeste do Estado do
Amazonas.
C) a Usina Hidrelétrica de Balbina, a primeira usina a entrar em
operação na Amazônia, esta localizada no rio Amazonas, na região oeste do Para.
D) a Usina Hidrelétrica de Tucurui, a primeira genuinamente
brasileira, esta localizada no rio Tocantins, na mesorregião do Sudeste
Paraense.
E) a Usina Hidrelétrica do
Paredão, a terceira a entrar em operação, localiza-se no rio Araguari, na
região norte do Estado de Roraima.
11-(Cesupa-97) "Laraia,
R. & Da Malta, R., em 1978, referindo-se a cidade de Tucurui (Pa) na década
de 60, acentuava: "a cidade esta dividida em duas zonas, uma onde se
encontram as instalações da estrada de ferro e outra onde se localizam o
mercado, casas, igreja, comercio e o porto. As diferenças existentes entre
estas duas zonas são bem nítidas, tanto no que se refere aos aspectos urbanísticos
quanto a situação socioeconômica dos moradores de cada uma. Quando a noite
chega, pode-se notar uma verdadeira delimitação de cada zona: enquanto a
primeira e iluminada peia energia elétrica fornecida pela estrada de ferro, a
segunda fica mergulhada na escuridão....". Sobre essa dicotomia sócio-espacial
e correto afirmar.
A) embora o texto refira-se as peculiaridades da idade de Tucurui
na década de 60, revela a atualidade da contradição sócio-espacial dessa cidade
e de outras da Amazônia, sob os efeitos dos grandes projetos.
B) a realidade retratada no texto, há muito foi excluída da
realidade urbana das cidades da Amazônia. O desenvolvimento e o progresso nas
relações entre os grandes projetos e seu entorno, alteraram e aboliram essa
dicotomia.
C) desde o final dos anos oitenta que a dicotomia sócio-espacial -
cidade da companhia versus cidade pioneira — foi superada com a incorporação da primeira pela administração
municipal de Tucurui(Pa).
D) o texto evoca uma realidade do passado que não se reproduz no
presente. Certamente, apos 1970, as políticas públicas implantadas na Amazônia
produziram uma nova realidade, mais igualitária e extensiva a todos os
cidadãos.
E) essa realidade dicotômica somente se reproduz na cidade de
Tucurui(Pa). A maioria das cidades em que foram implantados grandes
empreendimentos não expressa essa segregação sócio-espacial.
12-
(UNIFAP) Habitado em terras localizadas em ambos os lados da fronteira
Brasil e Venezuela, os índios Yanomamis constituem o maior grupo indígena entre
os que mantém seu modo de vida tradicional, A recente chacina desse grupo
indígena, tern suas causas na política governamental, através:
1- Do projeto ferrovia Norte-Sul, que com a 'lebre do ouro",
atraiu levas de garimpeiros para explorar a área, envenenando os rios com
mercúrio.
2- De projetos que estimulam a exploração e formação de
assentamentos de imigrantes, em terras desses índios.
3- Do programa de integração nacional que incentivou a ida de
colonos e garimpeiros para aquela região.
4- Do projeto calha norte que incentivou a colonização do norte do
país.
5- Do Projeto Trombetas, que instalou suas bases na terra Yanomamis,
com o apoio total do governo.
A) 1,2,3
B)2,3,4
C) 1,4,5
D)2,3,5
E) 1,3,5
13-
(UNAMA) A região Amazônica e vista, por grupos nacionais e
internacionais, como área de fácil penetração e implantação de projetos que
visam a exploração de seus recursos naturais e a produção de energia na área.
Foi instituído pelo governo um regime de incentives para implantação desses
projetos na região, que trouxe conseqüências ambientais e sociais para a
população. Assim...
1- Com a construção do projeto Albras-Alunorte, em Barcarena, os
habitantes da região tiveram suas vidas estruturadas pela geração de empregos
para a população.
2- Com a construção da barragem de Tucurui' muitos morreram:
fauna, flora e homem.
3- A implantação de grandes projetos na Amazônia e questionado
pela opinião publica devido ao violento desmatamento que causa prejuízos
incalculáveis para a flora e fauna locais.
4- E constante, hoje, nessa região o apossamento de terras, por
grandes empresários, que, ao longo dos anos, vinham sendo ocupadas pela
população nativa.
5- Com a construção da
hidrelétrica de Tucurui houve o alarga-mento dos principais rios, tornando-os
navegáveis em trechos mais estreitos, facilitando a vida dos ribeirinhos.
A) 1,2,3
B)3,4,5
C) 1,2,5
D)2,3,4
E) 1,4,5
14- (UFPA) "No
Sugar em que havia mata, hoje há perseguição grileiro mata posseiro só pra lhe
roubar seu chão castanheiro, seringueiro, já viraram ate peão afora os que já
morreram como ave de arribação Zé da Nana ta de prova, naquele lugar tern cova
gente enterrada no chão: pois mataram índio, que matou grileiro, que matou
posseiro disse um castanheiro para um seringueiro que matou
um estrangeiro roubou
seu lugar." ("saga" da Amazônia, Vital farias)
Os versos acima destacam personagens que fazem parte da realidade
atual do espaço amazônico. Nesse sentido, afirma-se que:
A) Grileiro e posseiro são os principais personagens dos conflitos
no espaço rural: o primeiro sendo proprietário legal da terra e o segundo
apenas ocupante.
B) Os posseiros são agricultores que cultivam pequenas parcelas de
terra e que não possuem os títulos de propriedade das mesmas; incluem-se nessa
categoria os indígenas.
C) Os grileiros, também chamados de "gatos", são pessoas
responsáveis por recrutar trabalhadores ou peões para os projetos agropecuários
da região.
D) Os peões são trabalhadores recrutados para realização de
atividades diversas, em geral por baixos salários e sem registro em carteira.
E) Castanheiros e seringueiros,
também chamados de "paulistas", são pessoas que adquirem extensas
propriedades para a exportação dos castanhais ou seringais nativos.
15- (UNIFAP/2004) "A
recente ocupação da Amazônia deve ser vista no contexto da
acumulação de
capital e da modernização, e não em termos de desenvolvimento,
pois a apropriação recente
de seus recursos naturais renováveis e não-renováveis, pelo capital nacional e
internacional, resultou numa destruição maciça de seu
patrimônio
natural e na marginalização da maioria das populações locais" (DIEGUES, 1999).
Neste contexto, é correto
afirmar que:
(A) A
biodiversidade da Amazônia é um fator determinante para o
desenvolvimento de biotecnologias, considerando que 85% das espécies são utilizadas como fármacos.
(B) Apesar dos altos índices de
investimentos, a Amazônia não constitui uma fronteira econômica, social e política com potencial para novas
oportunidades.
(C) A ocupação da Amazônia está relacionada à concentração fundiária, porém as disputas pela posse da terra
na região são praticamente inexistentes.
(D) Os focos de modernidade, na região, são
exemplificados pela presença da Zona
Franca de Manaus e pêlos grandes
projetos minero-metatúrgicos,
(E) A criação de reservas e parques na Amazônia tem proporcionado a melhoria
da qualidade de vida para o conjunto da população regional.
16- (UNIFAP/2001)
Leia o seguinte texto
A
preocupação de que
os efeitos do Plano Colômbia
respinguem no Brasil levou o exército
brasileiro a reforçar sua
presença na
fronteira da Amazônia, diz
o 'The New York Times" de ontem, O jornal cita uma frase de Mauro Sposito,
chefe da força
brasileira na fronteira: "Sabemos que quando os gringos reforçarem a mão do Exército lá, podemos ser atingidos também ". (..) Segundo o jornal, a campanha é "só, o sinal mais visível de que está a caminho uma militarização em larga escala da Amazônia, enquanto a guerra da Colômbia ameaça atingir seus vizinhos ". O repórter
Larry Rohter afirma que o projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) ganhou importância militar para vigiar as fronteiras com a
Colômbia.
Segundo ele, em outubro o país fez um
acordo para dividir dados coletados pelo Sivam com países vizinhos e os EUA.
folha on-line - Brasil - Amazônia está sendo militarizada.
(Pl).Da Folha de S. Paulo (31/10/2000),
A partir dos estudos sobre questões amazônicas e
com o apoio do texto, podemos afirmar que
(A) o reforço militar
que está sendo
firmado para a Amazônia conta
com o apoio dos EUA, para salvaguardar as intensas relações comerciais existentes no norte
brasileiro com este país, e
especificamente, para eliminar a rota do narcotráfico existente na Amazônia.
(B) o projeto SIVAM, conforme foi citado no texto, ainda está firmando suas bases de vigilância aérea na Amazônia, porém o Brasil está encontrando sérios problemas diplomáticos, bem como forte concorrência armamentista e tecnológica com países fronteiriços, como é o caso da Colômbia, Venezuela e Suriname.
(C) o Plano Colômbia
existente na fronteira entre Brasil e Colômbia, manifesta a forte resistência do cartel do narcotráfico à implantação do SIVAM e evidencia seu
interesse por proteção da rota
do narcotráfico
existente na Amazônia.
(D) a garantia de instalação do projeto SIVAM substitui os demais projetos de controle
militar sobre as áreas
fronteiriças da
Amazônia - a
exemplo do Projeto Calha Norte - já que aquele apresenta maiores recursos bélicos, científicos e tecnológicos para garantir a integridade
territorial brasileira na região.
(E) o projeto SIVAM visa criar uma rede integrada de comunicações, utilizando aviões, radares fixos e satélites para a manipulação de dados e informações destinados ao controle do tráfego aéreo, objetivando detectar e
coibir o contrabando e o narcotráfico, identificando focos de queimadas e facilitando,
evidentemente, a ação
Norte-Americana sobre as riquezas naturais da região Amazônica.
17- (UNIFAP/2005) Quando se pensava que as
descobertas sobre a nascente do rio Amazonas estavam finalizadas, cientistas
brasileiros anunciaram a localização de uma outra nascente deste rio,
demonstrada no mapa a seguir. Esta descoberta pode ser estratégica para países
da América do Sul drenados pela bacia amazônica, quanto a presença de água doce
em seus territórios.
De acordo com o texto, com
os seus conhecimentos e com a representação do mapa, é possível afirmar que
(A) a partir da descoberta da nova nascente, o rio Amazonas
ultrapassa o rio Nilo quanto a extensão territorial, entretanto esta descoberta
não implica no aumento do potencial de água doce no Brasil, considerando que a
nascente já existia.
(B) a antiga nascente do rio Amazonas, localizada no lago
Titicaca, dava ao Brasil o destaque de possuir a maior reserva de água doce do
planeta. Com a descoberta da nova nascente, o rio Amazonas passa a destacar-se
no contexto mundial como o mais extenso.
(C) a descoberta da nova nascente do rio Amazonas aumenta o seu
potencial de água doce, colocando o Brasil em uma posição privilegiada como
detentor de um recurso estratégico ao desenvolvimento do país.
(D) com a
descoberta da nova nascente do rio amazonas, este passa a englobar na
sua bacia o lago Titicaca caracterizando-se como um rio flúvio-lacustre,
contribuindo para a integração da Bolívia e do Peru ao Mercosul.
(E) a nova nascente do rio Amazonas provoca a modificação no seu aspecto fisiográfico, o qual passa a ser
um rio de planalto e navegável em toda a sua extensão,
contribuindo para o aumento dos fluxos comerciais e migratórios
entre Bolívia, Peru e Brasil.
18- (UNIFAP/97) A
Superintendência de
Desenvolvimento da Amazônia -
SUDAM - é o órgão encarregado de gerir, em sua política financeira, os incentivos fiscais para atrair investimentos
na Região. Antes
de sua criação, vários Projetos foram desenvolvidos na Amazônia. Que alternativa apresenta correia relação entre o projeto, sua finalidade
é conseqüência, e a época de criação da SUDAM
?
(A) A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, construída para
escoar a produção de
cacau, é hoje
utilizada para desenvolver o ecoturismo.
(B) A Zona Franca de Manaus, criada com o objetivo de desenvolver
um pólo
industrial na Amazônia,
trouxe benefícios
sociais para a região, como a
diminuição da taxa
de desemprego, a melhoria de capacitação profissional, os salários mais .elevados, a assistência à saúde, etc.
(C) A ICOMI, instalada para extração e exportação do
manganês de Serra
do Navio, contribuiu para aumentar o superávit na balança comercial do Brasil, fazendo retomar
grandes lucros para o Amapá.
(D) O Fordlândia foi
um projeto de plantação de
seringueiras que fracassou por desrespeitar as condições ecológicas.
(E) O
Projeto Grande Carajás,
destinado a explorar a maior mina de ferro do mundo,
transformou Marabá na
"capital da violência
rural".
19-
(UNIFAP/2000) "A devastação obedece a um padrão geográfico. Para definir esse padrão, foi criada a expressão "arco do desflorestamento ", que
indica a faixa de terras submetidas a
profunda
interferência
humana."
MAGNOU, Demétrio. Conhecendo o Brasil Região Norte. São Paulo: Moderna, 2000.
O texto expressa a problemática da degradação
ambiental na Amazônia.
Marque a alternativa que indica conseqüências do desmatamento na qualidade do meio ambiente.
(A) a perda do banco genético composto por inúmeras espécies
animais e vegetais ainda desconhecidas e o desequilíbrio no clima, alterando o regime
das chuvas e provocando secas ou inundações na floresta e nas áreas vizinhas.
(B) o desequilíbrio na
produção de oxigênio, já que é nas florestas que ocorre a maior
produção de oxigênio e a eliminação da maior reserva genética existente no planeta, com
importância na
economia, na medicina, na alimentação e na indústria.
(C) o impacto negativo sobre o solo e sobre a floresta, já que a ausência da vegetação aumenta o humo, camada
superficial pobre em nutrientes, provocando o empobrecimento do ecossistema.
(D) a alteração nas
condições climáticas, provocando o desequilíbrio entre a produção de oxigênio e de fotossíntese e a alteração da biodiversidade, com redução de espécies vegetais e aumento das espécies animais.
(E) a redução
generalizada dos índices
pluviométricos,
provocando secas localizadas e a diminuição da quantidade de gás carbônico na
atmosfera, provocado principalmente
pelo aumento da temperatura.
21-(UNIFAP/2006)-Leia o texto abaixo:
“ Os desmatamentos para a criação de
grandes latifúndios agropecuários substituiu a floresta por pastagens e empobreceu
grandes extensões de solo. Projetos como o Grande Carajás e Jarí, a exploração
mineral e hidrelétrica são fontes de grandes impactos ambientais de âmbito
regional” (Adaptado
de ROSS, 1995)
De
acordo com texto e com os seus conhecimentos, associe a coluna superior com a
inferior, indicando as conseqüências para a destruição provocada pelos grandes
projetos implantados na Amazônia.
I
– Degradação da Biodiversidade
II
– Destruição do solo
III
– Mudanças Climáticas
IV
– Estresse e doenças
(
) A retirada da floresta rompe com o sistema natural de ciclagem dos
nutrientes, ficando desprotegido da ação da erosão da chuva e tornando-se
improdutivo.
(
) O desmatamento elimina de um só vez grande contingente de espécies ainda
desconhecidas pela ciência e homogeneíza o ecossistema quando se implanta a
monocultura.
(
) As monoculturas implantadas na Amazônia são mais sensíveis ao ataque de
pragas e parasitas que são combatidas com agrotóxicos, os quais destroem, por
sua vez, a diversidade dos ecossistemas.
(
) As florestas são responsáveis pela umidade local. Sua destruição elimina essa
fonte injetora
de
vapor d’água na atmosfera e, ao mesmo tempo, diminui a captura do CO2 atmosférico.
A
associação correta, pela ordem, é:
(A) I, II III e IV
(B) II,
IV, I e III
(C) IV,
II, III e I
(D) III,
I, II e IV
(E) II,
I, IV e III
22-(Fatec-SP/2007)
Nos últimos anos, as taxas de crescimento urbano da Amazônia foram bastante
elevadas. Segundo o Censo 2000 (IBGE), 70% da população da região vive em
núcleos urbanos.
Entre as causas que melhor justificam esse
crescimento, é correto citar:
a) A instalação da zona franca de comércio em Manaus
e a construção da Rodovia Transamazônica.
b) O esgotamento da capacidade de absorção de
mão-de-obra dos grandes centros da Região Sudeste e a migração de suas
indústrias para a área de Carajás.
c) As altas taxas de natalidade no meio rural, que
obrigam parte dos filhos dos agricultores a procurar meios de sobrevivência
nas cidades de mineração.
d)As políticas de ocupação da Amazônia, a ampliação
da fronteira agropecuária e a adoção do modo agroindustrial de produção.
e) O fato de o solo da região amazônica ser pobre e
incapaz de produzir altas quantidades de alimentos, o que obriga as pessoas a
migrar para as cidades.
23-(PUC-RS,
adaptada) No Brasil, têm se identificado focos de tensões em áreas
indígenas, causadas pelo extrativismo mineral e vegetal, bem corno pela invasão
das reservas por posseiros para transformá-las em áreas agrícolas. O complexo
regional e o Estado que centralizam o maior número de conflitos são,
respectivamente,
a) Nordeste e Rio Grande do Norte.
b) Norte e Rio Grande do Norte.
c)Amazônia e Pará.
d) Nordeste e Piauí.
e) Amazônia e Ceará.
25-(FGV-SP)
O grande problema ambiental causado pela produção de ferro-gusa que se
concentra na área do Projeto Carajás, na Amazônia, é:
a) A formação de ilhas de calor no sul do Pará e norte
da Região centro-oeste, diante da crescente urbanização na região.
b) A ocorrência de chuvas ácidas, uma vez que ao
redor desse projeto ocorreu a formação de uma densa complementaridade
industrial. (cj)O desmatamento de várias áreas para a obtenção do carvão
vegetal, ainda utilizado nos fornos siderúrgicos da região.
d) A contaminação dos afluentes e subafluentes da
margem esquerda do Rio Amazonas por metais pesados, que ali são despejados
devido às atividades de siderurgia.
e) A destribalização e o quase
extermínio dos primitivos habitantes - os indígenas - que ocupavam a região.
26-(Mackenzie-SP)
No ano de 2003, o desmatamento
na Amazônia brasileira superou a marca dos 21 mil km , conforme se observa na
tabela acima, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente.
A
principal causa do avanço desse desmatamento, nos estados onde o índice é
maior, é:
a) a intensificação da extração
mineral, que desde o período colonial norteou a ocupação humana e econômica
dessa região.
b) a expansão exclusivamente da
pecuária bovina de corte, uma vez que as condições de relevo e de clima são
ideais para essa prática econômica.
c^urna conjugação de fatores,
como a boa fase dos agronegócios, a grilagem de terras públicas e a exploração
predatória de madeira.
d) a necessidade do crescimento
da área para o cultivo da cana-de-açúcar, respondendo ao aumento da produção
de automóveis movidos a álcool na última década.
e) a
implantação da política de descentralização econômica, que tem levado à região
atividades do setor secundário e aliviado as tensões nos estados do Centro-Sul
do país.
27-(Unesp/2007) A figura mostra a área da reserva Raposa-Serra do Sol, com 1,7 milhão de hectares e pouco habitada, no norte do Brasil.
Sobre essa área, pode-se afirmar
que é uma reserva:
a) de garimpeiros, localizada no
Estado de Rondônia, limitada pela Venezuela e Guiana.
b) indígena, localizada no
Estado de Rondônia, limitada pela Venezuela e Guiana.
c} de garimpeiros, localizada no
Estado de Roraima, limitada pela Venezuela e Suriname.
d) indígena, localizada no
Estado de Roraima, limitada pela Venezuela e Suriname.
e)
indígena, localizada no Estado de Roraima, limitado pela Venezuela e Guiana.
28-(UFPR/2007, adaptada)
No cinturão de máxima diversidade biológica do planeta (...) a
Amazônia se destaca pela extraordinária continuidade de suas
florestas, pela ordem de grandeza de sua principal rede hidrográfica e pelas sutis variações de seus ecossistemas.
AB’SABER,
A. Os domínios da natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo:
Ateliê, 2003.
Analise agora as seguintes
frases:
I. A Amazônia, domínio das
florestas ombrófilas (pluviais), tem como um dos seus limites naturais a porção
oriental dos Andes e ocupa áreas da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e
Bolívia, além do Brasil.
II. A presença da floresta
prende-se, prioritariamente, à alta incidência de energia solar, à entrada de
massas de ar úmido e à baixa amplitude térmica, determinadas pela sua posição
geográfica.
III. O regime do rio Amazonas,
principal eixo da rede hidrográfica da Amazônia, é predominantemente pluvial,
embora suas nascentes estejam relacionadas ao regime nival.
Qual (ou quais) das frases está
(estão) correta(s)?
a) Apenas 1.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III
e)
Todas.
29-(UERJ) O avanço da
produção de soja na Amazônia Legal tem levado a um significativo aumento dos
problemas ambientais. Por outro lado, seu cultivo vem contribuindo para a
incorporação de vastas áreas ao espaço econômico nacional. Essa expansão
ocorreu sobretudo em ecossistemas originalmente adversos ao plantio da soja,
como o cerrado e, mais recentemente, a floresta equatorial.
Dentre os fatores que
viabilizaram esse processo de expansão podemos citar:
a) Declínio da produção em
outras áreas do país e redução do protecionismo norte-americano.
b) Aplicação de políticas
de estímulo ao pequeno proprietário e manutenção de mão-de-obra barata.
c) Investimento em
pesquisas na área de biotecnologia e crescente demanda no mercado internacional.
d) Existência de uma boa
rede de transporte e estabelecimento de acordos de livre comércio com a União
Européia.
30- (FGV-SP)
Cerca de uma dezena de bacias sedimentares estão
situadas na Amazônia Legal Brasileira,
perfazendo quase 2/3 dessa área territorial. Três
delas - bacias do Solimões, Amazonas e Paranaíba
-são as mais importantes, não só
pelo tamanho (juntas ocupam aproximadamente 1,5 milhão
de km ), mas principalmente pelo seu potencial.
Fonte: Amazônia legal,
2003
O texto refere-se à existência,
nessas bacias sedimentares, de expressivos depósitos de:
a) Níquel e minério de
ferro.
b) Ouro e diamantes.
c) Manganês e estanho,
d) Petróleo e gás natural.
e)
Urânio e tório.
prof.gesiel,vou fazer a prova para a educação e tenho que fazer uma redação,voce poderia me dizer alguns temas que podem ser cobrado na redação.pesquisei nas provas da universa e encontrei uma sobre "acessibilidade dos deficientes".mande as dicas para:analisacramento@hotmail.com.agradeço!
ResponderExcluirEU GOSTARIA DE AGRADECER PELO MATERIAL, MUITO BOM, VOU USAR NO MEU ACERVO PESSOAL.
ResponderExcluir