Há uma comunidade nas ilhas paraenses chamada de Ilha dos Carás, na Ilha do Marajó, em meio à variedade de ilhas na foz do Rio Amazonas, onde estive pela primeira vez em 24 de novembro de 2012. Fica a cerca de 3 horas de barco a partir de Macapá. As únicas embarcações que chegam à região são as pequenas lanchas chamadas de “puc-puc”. Eu viajei até lá em uma delas, em meio a cestos de camarões, fardos de farinha e outros mantimentos encomendados pelos ribeirinhos. Fomos abrir uma igreja da Assembleia de Deus Zona Norte, onde trabalho como vice-presidente há quase 18 anos. A igreja fica em meio ao nada, na beira de um rio cercado de floresta. Foi um desafio gigantesco para o pastor que enviamos para lá, o Pr Benedito Nahum Barbosa. Eu cheguei à ilha e vi um cenário que poderia amedrontar qualquer um, menos a um obreiro de fé. Não há luz, água tratada e encanada, escola, posto de saúde, posto de polícia, há muitos mosquitos, morcegos, etc, mas apesar de todas as dificuldades, encontrei um povo muito receptivo e alegre. Trataram-me com tanto amor que rapidamente me senti em casa. Vi de perto o que passa um povo abandonado pelo poder público. Um senhor de cerca de 70 anos, que usava uma muleta, e que doou o terreno para construirmos a igreja, me disse que estava orando há mais de 30 anos para Deus pedindo que alguma igreja olhasse para aquela região esquecida e construísse uma igrejinha ali. Eu pude sentir a alegria em seus olhos. O alimento é retirado ali mesmo, açaí, farinha e peixe. Depois do almoço, dormi na passarela que leva ao sanitário. Foi o único lugar suspenso que encontrei para descansar meu corpo depois daquela longa e cansativa viagem. Descansei minha cabeça e o ângulo da minha visão vislumbrava a copa das árvores de açaí, e um céu azul espetacular, com aves como: arara, periquitos, tucanos, papagaios e tanta diversidade da fauna amazônica. Descobri que em meio a maior dificuldade nenhum deles passa fome, pois o pouco que cada um consegue, dividem, compartilham fraternalmente entre si. Na igreja eles reforçam ainda mais esse sentimento de união e fraternidade. A dificuldade não é, e nunca foi, empecilho para esse povo. Conseguiram um motor e alguns litros de gasolina. Pronto, era o suficiente para gerar energia elétrica e começarmos o culto. Tomamos banho na proa e alguns na popa da lancha, em um lugar depois da curva do rio, e trocamos nossa roupa dentro da própria lancha. Antes de começar o culto, por volta de 18:30h eu estava sozinho em frente à igreja, ali perto de mim, mais alguns poucos irmãos organizavam o motor para gerar a eletricidade. Eu pensei comigo: “acho que não vai dar ninguém nesse culto”. De repente começaram a entrar um após outro, vários barcos no rio. Em questão de minutos o rio estava tomado de barcos pequenos e médios. Eles foram ancorando no pequeno porto e usavam a parte de cima dos barcos como passarela, passando de um em um até chegar à igreja. Eu estava no culto à noite e preguei para uma igreja avivada. Olhei para o conjunto infantil e pude perceber que várias crianças não tinham sequer uma sandália. Mas aquelas criancinhas cantavam com tanta vontade de louvar a Deus. Ao final do culto um belo jantar foi servido a todos nós. Eu retornei a Macapá logo depois. E no meio da escuridão, o nosso barquinho ia se afastando. Eu olhava aquele pontinho de luz no meio da escuridão e ficava imaginando a vida daquele povo. Mas dali extraí muitas lições importantes, entre as quais, os principais foram a FRATERNIDADE e a FÉ, esses sentimentos que vinculam aquele povo, e que lhes permitem seguirem em frente mesmo em meio a toda aquela dificuldade. O Pr Benedito Barbosa continua lá até hoje, trabalhando para Deus e cuidando daquele sofrido e unido povo. Como o dinheiro quase não circula nessa região, ele recebe alguns dízimos em forma de peixe, galinha, açaí, pato, mas continua determinado a levar a Palavra de Deus aos mais necessitados. São guerreiros reais desconhecidos, que vivem nesse nosso grande Brasil, fazendo a Obra do Senhor e vivendo da fé. Ore por esses nossos irmãos, ore por esse povo, ore por essa igreja que resiste. Apoie o trabalho de missões e nunca deixe apagar a chama da fraternidade em seu coração.
44 anos do Naufrágio do Novo Amapá, o maior naufrágio da história do Brasil. Todo mundo já ouviu falar sobre a história do Naufrágio do Barco Novo Amapá, mas quase ninguém conhece as histórias que naufragaram junto com ele. Hoje quero compartilhar com vocês um pouco sobre uma destas tantas. A história de amor que aquele naufrágio levou junto. A história do casal Odivaldo Ferreira de Souza (mais conhecido como Tio Filho) e Célia Lúcia O. Monteiro, uma maranhense que a época residia em Beiradão, atual Vitória do Jari. Filho e sua esposa Célia Ele trabalhava na empresa Jari Celulose, sexto filho de uma família de 9 irmãos, filhos da Dona Maria Lindalva Ferreira de Souza (hoje com 90 anos) e Seu Paulo Coutinho de Souza (87) que até hoje moram na Av Marcílio Dias no bairro do Laguinho. Eu tinha apenas 3 anos de idade a época do fato, e ainda tenho uma foto ao lado deste meu tio tão querido por todos . O Barco Novo Amapá partiu às 14h do dia 06/01/1981 rumo ao Vale do Jari. A trag...
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