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domingo, 11 de setembro de 2011

Resumo de Geografia do Brasil para concursos e vestibulares - Prof Gesiel


RESUMO DE GEOGRAFIA DO BRASIL-PROF GESIEL OLIVEIRA

Melhor resumo de Geografia do Brasil, preparado pelo melhor professor de Geografia - Gesiel Oliveira

CAP I – O Processo de Construção do Espaço Brasileiro
Formação geo-histórica do território brasileiro
·    A expansão Marítimo-Européia (século XV – XVI)
·    Busca de novas mercadorias
·    Expansão dos mercados
Desenvolvimento do capital mercantil na Europa (Burguesia Mercantil)

Principais Conseqüências
·    Incorporação de áreas para serem domínios das potências européias (Colônias)
·    Neocolonialismo (Dominação econômica)
·    Inserção do Brasil no modelo capitalista de produção.

 FRENTES ECONÔMICAS:
A Economia o Espaço Colonial e o Processo de Expansão do território.
1.1-A FRENTE DA ECONOMIA AÇUCAREIRA:
A) Contexto: a partir da quarta década do século XVI.
B) Espaço: litoral oriental do nordeste(zona da mata).
C) Características:
·   posição geográfica litorânea privilegiada
·   iminência de Portugal perder tal território para outras potencias
·   clima tropical úmido e do solo de massapé
·   implantação do sistema de capitanias hereditárias
·   culturas secundarias (interior) pecuária extensiva bovina e algodão no sertão e cultivo do fumo no recôncavo baiano
·    Nordeste: como centro econômico e político da colônia (capital Salvador 1580-1763)
·   Amazônia: Coleta drogas do sertão: séc XVII

1.2- A ECONOMIA MINERADORA E A EXPANSÃO TERRITORIAL:
A) Contexto: Século XVIII.
B) Espaço: Interior do espaço brasileiro como os estados de Minas Gerais (sudeste), Goiás e Mato Grosso (Centro-Oeste).
C) Fatores:
C.1 - A decadência da economia açucareira, (proibição de comercio do açúcar com os holandeses)
C.2 - Entrada e bandeiras (busca de jazidas de metais e pedras preciosas, bem como para à caça ao índio, destruição de quilombos e fundação de fortes), que consistiu na deflagração de expedições particulares e estatais.
Características:
- A frente da mineração manteve a mesma estrutura político-sócio-econômico da economia açucareira.
- A grande participação do estado português na cobrança de imposto sobre a produção mineral, o que deu origem a movimentos de contestação a Portugal, como a inconfidência mineira.
- A predominância de técnicas de exploração do ouro arcaicas,(esgotamento precoce das jazidas e desse ciclo econômico) no final do século XVIII.
- A transferência do eixo econômico do nordeste para o Centro-Sul (Minas Gerais e Rio de Janeiro)-Capital Copabana 1763-1961
-Migrações e povoamento em direção ao interior do país com a fundação de cidades ao longo das áreas produtoras de minerais preciosos.

1.3 - A ECONOMIA CAFEEIRA:

A) Contexto: Primeira metade do século XIX ate meados do século atual.
B) Espaço: Centro-Sul brasileiro (Vale do Paraíba, Oeste paulista e Norte do Paraná).
C) Fatores:
a abertura dos portos (1808), a quebra do pacto colonial, a vinda da família real para o Brasil.
C.3 - A grande participação do capital britânico, que financiou a infra-estrutura para o beneficiamento do café, através de empréstimos financeiros, visando incorporar ainda o Brasil como um grande mercado consumidor e fonte de matérias-primas para a economia inglesa.
Conseqüência da Cafeicultura
·       A fundação de cidades importantes ao longo das ferrovias.
·       A expansão do transporte ferroviário e o aparelhamento do porto de Santos.
·       a imigração estrangeira, sobretudo de italianos, que contribuíram ara o processo de industrialização.
·       O acúmulo e capitais, utilizados posteriormente na industrialização.
·       A descentralização política, com a adoção da República e a política dos governadores.

1.4- O arquipélago econômico: regiões que desenvolviam atividades com relações precárias, sem uma efetiva integração econômica do país ate a década de trinta. Cinco grandes regiões mercantis: a) centro cafeeiro, com núcleo no Rio de Janeiro:b) o nordeste açucareiro e algodoeiro, centrado em recife;c) a Bahia — com sede em Salvador — que inicia o período como produtora de açúcar e fumo, mas que lentamente transforma-se em exportadora de cacau no final do século XIX; d) o sul, orientado para a pecuária e para a fabricação de charque: e, por final, e) a Amazônia, que assume importância crescente no exterior brasileiro, no ultimo quarto do século XIX, através das exportações de borracha natural, (1870-1912) centrada em Belém, secundada em Manaus.

Cap II- A INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA
2.1 – Característica da Industrialização Brasileira
·       Foi do tipo tardia ou retardatária.
·       Utilizou capital e tecnologia do exterior, originando a dependência tecnológica e o endividamento externo.
·       Ocorreu a priorização das industrias e bases de consumo, em detrimento às de bases, originando um parque industrial incompleto.
·       Por ter se acelerado no período entre guerras.
·       Por ser do tipo substitutiva.
·       Concentrada no Sudeste Brasileiro (principalmente em SP e RJ)
·       O processo industrial solidificou-se a partir da década de 50 com a abertura do mercado com grandes empréstimos do exterior, medidas essas que integravam o Plano de Metas do Governo J.K.
·       A metrópole paulista e o ABCD : Ao longo do eixo da via Anchieta - Imigrantes, na direção da Baixada Santista, os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema passaram a abrigar as grandes montadoras automobilísticas implantadas no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961). Com elas, instalaram-se fábricas de autopeças e metalúrgicas e, mais tarde, indústrias químicas. O chamado ABCD transformou-se na maior região industrial da América Latina.
·       O vale do Paraíba: É o coração econômico do Brasil, maior concentração populacional, industrial e científica

2.2 – Conseqüências do Processo Industrial
·       A divisão territorial do trabalho na Amazônia, Nordeste e Centro-Sul, originando um desenvolvimento desigual e combinado.
·       A superação do isolamento regional, através da efetivação da estratégia de “Integração Regional” por meio das rodovias radiais e a construção de Brasília.
·       A hipertrofia do setor terciário e a expansão informal, em virtude da indústria não terem absorvido a maioria da população que imigrou o campo.
·       Acentuação da dependência externa em virtude do grande endividamento.
·       Na déc. de 80 começa a desconcentração industrial: para o interior, menos impostos, preço de imóveis.

As indústrias se dividem, genericamente, em dois setores básicos:
a) O setor de bens de produção e b) bens de consumo.
Assim, a indústria de bens de produção ou de bens de capital produz mercadorias que são utilizadas pelos capitalistas para produzir outras mercadorias, que têm como destino o consumidor final.  Essa indústria pode ser subdividida em:
·       de bens intermediários, quando produz matérias-primas ou insumos básicos destinados a outras indústrias;
·       de bens de equipamento, quando produz maquinário utilizado para a produção de novas mercadorias.
               
A indústria de bens de consumo é produtora de mercadorias destinadas ao consumidor final.  Subdivide-se em:
·       de bens duráveis, quando suas mercadorias apresentam um ciclo de reposição longo, como é caso da indústria automobilista e de eletrodomésticos;
·       de bens não duráveis, quando suas mercadorias têm ciclo de reposição curto, como ocorre com a indústria têxtil, alimentícia, de calçados, etc.

CAP III - URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
Processo acelerado de urbanização a partir da segunda metade do século XX. (20.000.000 em 1950, e 180.000.000 em 2007),
Na última década do século XX, o número de pessoas vivendo nas áreas rurais do Brasil baixou para 31,8 milhões, número inferior àquele registra­do 50 anos antes. No início do século XXI, menos de 30% dos brasileiros vivem nas zonas rurais.

Desigualdades regionais
O processo de urbanização da população brasi­leira não é uniforme. As diferentes regiões e estados do país apresentam uma urbanização desigual e con­trastes marcantes na distribuição da população en­tre o meio rural e o meio urbano. As desigualdades no ritmo do processo de urba­nização refletem as disparidades econômicas regio­nais e a própria inserção diferenciada de cada região na economia nacional. A elevada parcela da população urbana no con­junto total da população do Sudeste expressa um estágio avançado de modernização econômica, com profunda transformação da economia rural e subordinação da agropecuária à indústria. Expres­sa também o peso decisivo da economia urbana na produção regional da riqueza.
A Região Sul viveu um processo de urbanização lento até a década de 1970. A estrutura agrária familiar e policultora restringia o êxodo rural. De­pois, a mecanização acelerada da agricultura e a concentração da propriedade da terra impulsio­naram a transferência rápida da população rural para o meio urbano.
No Nordeste, o movimento urbanizador asseme­lha-se à trajetória sulista anterior a 1970. Uma popu­lação rural relativamente elevada decorre da estrutura minifundiária e familiar tradicional da faixa do Agres­te, que retém a força de trabalho no campo e controla o ritmo de êxodo rural. A baixa capitalização e produ­tividade do setor agrícola limita a expulsão da popula­ção rural. O desenvolvimento insuficiente do mercado regional limita a atração exercida pelas cidades. Além disso, parcela significativa do êxodo rural da popu­lação nordestina jamais apareceu nas estatísticas re­gionais. Trata-se das migrações inter-regionais direcionadas para o Sudeste, que transferiram popu­lações do campo nordestino para as áreas urbanas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
As novas frentes pioneiras agrícolas e o conseqüente fluxo de populações para a Amazônia, nas últimas décadas, orientaram-se para as áreas rurais, restringindo o crescimento relativo da população urbana. São esses fluxos que explicam a significati­va parcela de população rural em estados como Maranhão, Pará, Tocantins e Rondônia.
Em poucas décadas, o Brasil transformou-se numa sociedade urbana, deixando para trás as es­truturas econômicas e os comportamentos repro­dutivos típicos do mundo rural. Essa "revolução silenciosa" teve profundo impacto sobre os padrões de crescimento vegetativo da população.

AS FORMAS DE URBANIZAÇÃO
O processo de urbanização brasileiro apoiou-se essencialmente no êxodo rural, ou seja, na transfe­rência de populações do meio rural para as cidades. A migração rural-urbana tem como condição pré­via a formação de uma força de trabalho excedente no campo, que perdeu os meios de sobrevivência no setor agropecuário. Uma das causas da sua forma­ção é a modernização técnica do trabalho rural, com a substituição do homem pela máquina.
Outra causa é a persistência de uma estrutura fundiária concentradora. O monopólio das terras por uma elite resulta na carência de terras para a maioria dos trabalhadores rurais. Essa carência manifesta-se pela extrema subdivisão e parce­lamento das propriedades em determinadas áreas, em função do crescimento das famílias. A continuidade do crescimento vegetativo gera uma pres­são demográfica sobre a terra, cuja válvula de es­cape é o movimento migratório.
A atração exercida pelas cidades só pode ser com­preendida se analisado o processo de abandono do campo. Destituída dos meios de sobrevivência na zona rural, a população dirige-se às cidades em busca de empregos e salários na construção civil, no comércio ou nos serviços. A presença de um mercado urbano diversificado abre a possibilidade do trabalho infor­mal, sem vínculo empregatício. Os serviços públicos de assistência social e hospitalar, mesmo bastante pre­cários, realçam a atração exercida pelo meio urbano.
CIDADES E METRÓPOLES
Nos países de antiga industrialização do noroeste da Europa, o movimento urbanizador produziu, há mais de um século, um pequeno número de aglomera­ções metropolitanas assentadas sobre uma vasta rede de cidades médias e pequenas. No Brasil, o processo de urbanização, muito mais recente, foi essencialmen­te concentrador: gerou cidades grandes e metrópoles.
A tendência à metropolização foi um reflexo das condições em que ocorreu a modernização da eco­nomia do país. A industrialização baseou-se em in­vestimentos volumosos de capital, provenientes do Estado, de empresas transnacionais ou de grandes grupos privados nacionais. O monopólio constituiu o arcabouço da economia urbano-industrial desde a década de 1930 e, principalmente, durante a indus­trialização acelerada do pós-guerra.
A implantação de uma economia monopolista correspondeu à concentração da produção, da for­ça de trabalho e do mercado em determinados pon­tos do território. Um número reduzido de cidades que apresentavam vantagens prévias foi alvo dos volumosos investimentos. Elas se tornaram pólos de atração populacional, crescendo e diversificando a sua economia. A concentração econômica determi­nou a aglomeração espacial.
Na última década, porém, o êxodo rural conheceu alterações significativas. O ritmo de crescimento das cidades médias ultrapassou o das metrópoles, em conseqüência da tendência à dispersão industrial pelas ci­dades do interior, especialmente na Região Sudeste.
As regiões metropolitanas
A Lei Complementar nü 14, de 1973, estabe­leceu a noção de Região Metropolitana (RM), aplicando-a às nove principais aglomerações ur­banas do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Fortaleza e Belém). Esse dispositivo legal definiu as RMs como áreas administrativas formadas pêlos maiores municípios do país e pêlos municípios em seu entorno.
Depois de 1990, em função das grandes transfor­mações que ocorreram em nosso país e por conta de mudanças nos critérios internacionais de classificação - que, além da população, leva em conta a estrutura produtiva -, o conceito de RM foi estendido para mais 14 áreas, inclusas aí as nove áreas originais.
Essas 23 RMs estão regionalmente assim distri­buídas: no Sudeste estão São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Vale do Aço (MG), Campi­nas (SP) e Baixada Santista (SP); no Sul, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Vale do Itajaí (SC), norte/nordeste catarinense, Maringá (PR) e Londrina (PR); no Nordeste encontram-se as de Salvador, Recife, Fortaleza, Natal, Maceió e São Luís; no Centro-Oeste, Goiânia e a Região Integrada de Desenvolvimento (Ride) do entorno Brasília, e finalmente no Norte na RM de Belém.
Esse conjunto de áreas metropolitanas concen­tra cerca de 40% da população brasileira. As prin­cipais RMs do Sudeste concentram cerca de metade da população de todo o conjunto das áreas metro­politanas.
Segundo os novos critérios de classificação de RMs, podem-se distinguir áreas onde o processo de metropolização já se verificou de forma plena e ou­tras onde este processo se encontra em diferentes fases de evolução. Do ponto de vista quantitativo, considera-se como uma área de metropolização ple­na aquela em que o principal município tenha pelo menos 800.000 habitantes, já que um núcleo urba­no desse porte apresenta funções urbanas diver­sificadas e especializadas, características inerentes a uma grande metrópole.
As RMs de São Luis, Natal, Maceió, Londrina, Baixada Santista, norte-nordeste catarinense, Florianópolis, Maringá, Grande Vitória, Vale do Itajaí e Vale do Aço, estão no estádio de “metropolização emergente"; as demais já apresentam "metropolização plena".A constituição das aglomerações metropolitanas fez emergir um conjunto de problemas que ultra­passavam a competência política do poder munici­pal. As prefeituras não estavam habilitadas paraplanejar o desenvolvimento de meios de transporte, infra-estrutura viária, serviços de saneamento e abas­tecimento de água para as áreas urbanizadas que englobavam os limites de vários municípios conurbados. A criação das regiões metropolitanas visou fornecer um quadro administrativo capaz de responder às novas realidades urbanas.O processo de metropolização, que contínua a se desenvolver, está conduzindo ao aparecimento da primeira megalópole do país, no espaço geográfico de expansão das duas principais aglome­rações urbanas brasileiras. Pelo Vale do Paraíba, adensa-se o espaço urbanizado sob o comando ime­diato das metrópoles de São Paulo e do Rio de Ja­neiro. A presença de barreiras físicas muito nítidas - a Ser­ra do Mar, a leste, e a Serra da Mantiqueira, a oeste -aprofunda a tendência à formação de uma verdadeira megalópole, valorizando o espaço geográfico do Vale do Paraíba. A concentração de estabelecimentos indus­triais e o crescimento dos núcleos urbanos desse eixo agravam os problemas de circulação da megalópole.
A antiga e congestionada rodovia Dutra é cada vez mais insuficiente para dar vazão ao tráfego de mercadorias e pessoas, impondo obras de ampliação da velha rodovia, a modernização da ponte aérea e a discussão de projetos de ligações ferroviárias mo­dernas (o trem-bala).

NIVEIS DE URBANIZAÇÃO
Abaixo estão listados termos comuns ao conceito de metropolização relacionados às megalópoles.
·         Conurbação ou aglomeração urbana:Corresponde ao encontro ou junção entre duas ou mais cidades em virtude de seu crescimento horizontal. Em geral esse processo dá origem a formação de regiões metropolitanas.
·         Metrópole:A cidade principal ou cidade-mãe, isto é, a cidade que possui os melhores equipamentos urbanos do país (metrópole nacional), ou de uma grande região do país (metrópole regional)". No Brasil cidades como São Paulo e Rio de Janeiro são metrópoles globais, e Belém, Manaus, Recife, metrópoles regionais. Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e Fortaleza são metrópoles nacionais.
·         Região metropolitana:Corresponde ao conjunto de municípios conurbados a uma metrópole e que desfrutam de infra-estrutura e serviços em comum.
·         Megacidade:Corresponde ao centro urbano com mais de dez milhões de habitantes. Hoje em torno de 21 cidades do mundo podem ser consideradas megacidades, dessas 17 estão em países subdesenvolvidos. No Brasil, São Paulo está nessa categoria, normalmente representada por uma megalópole.
·         Tecnopólo: Corresponde a uma região tecnológica, ou seja, locais onde se desenvolvem pesquisas de ponta. Como exemplo temos o Vale do Silício na costa oeste dos EUA; Tsukuba, cidade japonesa, dentre outras. No Brasil, temos alguns tecnopolos localizados em especial no estado de São Paulo, como Campinas (UNICAMP), São Carlos (UFSCar), e vale do Paraíba (ITA, UNITAU, e algumas unidades da (FATEC).
·         Cidade global: são as cidades que polarizam o país todo e servem de elo de ligação entre o país e o resto do mundo, possuem o melhor equipamento urbano do país, além de concentrarem as sedes das instituições que controlam as redes mundiais, como bolsas de valores, corporações bancárias e industriais, companhias de comércio exterior, empresas de serviços financeiros, agências públicas internacionais. As cidades mundiais estão mais associadas ao mercado mundial do que a economia nacional.
·         Desmetropolização: Processo recente associado à diminuição dos fluxos migratórios em direção das metrópoles. Esse processo se deve em especial a chamada desconcentração produtiva, que faz com que empresas em especial industrias, se retirem dos grandes centros onde os custos de produção são maiores, e se dirijam para cidades de porte médio e pequeno, onde é mais barato produzir, em função de vários fatores como, por exemplo, os incentivos fiscais. Hoje no Brasil cidades como Rio de Janeiro ou São Paulo não são mais aquelas que recebem os maiores fluxos de migrantes, mas sim regiões como interior paulista, o sul do país ou até mesmo o nordeste brasileiro, principalmente na cidade de Curitiba, Fortaleza e até mesmo Brasília e Manaus.
·         Verticalização:Processo de crescimento urbano que se manifesta através da proliferação de edifícios. A verticalização demonstra valorização do solo urbano, ou seja, quanto mais verticalizado, mais valorizado.
·         Megalópole é uma extensa região urbanizada, pluri-polarizada por metrópoles conurbadas, formada pela aglutinação e fusão de duas ou mais metrópoles.

 

PRINCIPAIS MEGALÓPOLES

Abaixo está uma lista das maiores megalópoles do globo.
·         Bos-wash: O nome vem de Boston à Washington, DC; Localização: nordeste dos Estados Unidos; População: cerca de 50 milhões de habitantes; Metrópoles abrangentes: Boston, Nova York, Filadélfia, Baltimore e Washington, DC.
·         Chippits: Localização: ao norte dos Estados Unidos, na região dos Grandes Lagos; População: equivalente à de Bos-wash; Metrópoles abrangentes:Cleveland e Detroit;
·         Tokkaido : Localização: sudeste do Japão; População: cerca de 45 milhões de habitantes; Metrópoles abrangentes: Tóquio, Kawasaki, Nagoya, Quioto, Kobe, Nagasaki e Osaka;
·         Megalópole renana:  Localização: Europa ocidental, junto ao vale reno; População: cerca de 33 milhões de habitantes; Metrópoles abrangentes: Amsterdã, Düsseldorf, Colônia, Bonn e Stuttgart.
·         Vale do Paraíba : Localização: Entre São Paulo e Rio de Janeiro;

CAP IV- REGIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO
1-REGIÕES DO IBGE;
2-REGIÕES GEOECONÔMICAS
3-REGIÕES MORFOCLIMÁTICAS
4- REGIÔES DE PLANEJAMENTO

3.1- REGIÕES DO IBGE
As Regiões do Brasil são uma divisão que tem caráter legal e que foi proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1969. O IBGE levou em consideração apenas aspectos naturais na divisão do país, como clima, relevo, vegetação e hidrografia; por essa razão, as regiões também são conhecidas como "regiões naturais do Brasil". Há uma pequena exceção com relação à região Sudeste, que foi criada levando-se parcialmente em conta aspectos humanos (desenvolvimento industrial e urbano). Cada um destes grupos é uma região, e as regiões brasileiras são: 1 • Centro-Oeste,( 3 estados-MT,GO e MS-18,9% do Brasil) 2 • Nordeste (9 Estados-PI,MA,PB,CE,PE,RN,BH,SE e AL-18,2%), 3 • Norte(7 Estados AM,AP,AC,RR,RO,TO e PA, 45,2%), 4 • Sudeste (SP,RJ,MG e ES, 10,6%), 5 • Sul (RS,PR e SC, 6,8%).

3.2 - REGIÕES GEOECONÔMICAS
Em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger propôs a divisão regional do Brasil em três regiões geoeconômicas ou complexos regionais. Essa divisão tem por base as características histórico-econômicas do Brasil, ou seja, os aspectos da economia e da formação histórica e regional.
1-       Região geoeconômica Nordeste
2-       Região geoeconômica Centro-Sul
3-       Região geoeconômica Amazônia

1- NORDESTE:
Devido as diferenciações do espaço regional nordestino, costuma-se dividir esse complexo regional em quatro sub-regiões: o Nordeste ocidental (ou Meio-Norte), o Sertão, o Agreste e a Zona da Mata.
1.1- Meio Norte: extrativismo vegetal do babaçu e da carnaúba. Os principais núcleos urbanos nessa região são as cidades de São Luis e Teresina, capitais políticas estaduais,destaque para exportação de ferro pelo porto de Itaqui (PGC)

1.2-O Sertão: É a mais extensa, clima semi-árido, vegetação da caatinga; escassez das chuvas, (secas). A atividade mais importante: pecuária extensiva."brejos", são espécies de "oásis" em meio ao Sertão Principal cidades são: Fortaleza, metrópole regional do litoral setentrional. Sobral, Juazeiro do Norte e Crato (no Ceara), Patos (na Paraíba), Garanhuns e Petrolina (em Pernambuco), Juazeiro e Jacobina (na Bahia) funcionam como centros importantes do interior sertanejo.

1.3- O Agreste: zona de transição entre o Sertão e a Zona da Mata. Climático: transição. As principais atividades: policultura comercial — dedicada ao algodão, ao café e a produtos de subsistência — e a pecuária leiteira. As principais cidades da sub-região são conhecidas como "capitais do Agreste" (caso de Campina Grande, na Paraíba) ou de capitais regio­nais (como ocorre com Caruaru, em Pernambuco, Feira de Santana e Vitória da Conquista, na Bahia, e Arapiraca, em Alagoas).

1.4-A Zona da Mata: se estende pela faixa de planícies costeiras, acompanhando o litoral desde o Rio Gran­de do Norte ate o sul da Bahia. Antiguidade de seu povoamento; Concentra duas grandes metrópoles nordestinas (Salvador e Recife), alem das outras capitais políticas estaduais (Natal, João Pessoa, Maceió e Aracaju).
Três subdivisões da Zona da mata: áreas geoeconômicas Zona da Mata açucareira, onde a secular e decadente cultura canavieira e as grandes propriedades dominam a paisagem rural. E uma área problemática tanto na zona rural como na urbana. No campo, o trabalhador muito mal remunerado vive em precárias condições socioeconômicas. Nas cidades, inchadas pelo êxodo rural, os crônicos problemas ligados a pobreza evidenciam-se pela favelização e precariedade dos serviços básicos de saneamento.
A segunda área geoeconômicas e o Recôncavo Baiano, localizado nas proximidades de Salvador. Nessa tradicional área de cultivo do tabaco e expressiva exploração petrolífera, a industrialização se intensificou nas ultimas décadas, desde a instalação do Pólo Petroquímico de Camaçari.
Por fim, no sul da Bahia(ou zona da mata cacaueira) esta a mais importante área cacaueira do pais, organizada em torno das ci­dades de Ilhéus e Itabuna. A tradicional cultura do cacau entrou em decadência, não só devido as condições internacionais, mas principalmente em função da devastação provocada pela praga "vassoura-de-bruxa". Os áureos tempos da riqueza cacaueira já fazem parte do passado da Bahia meridional.

Obs: a seca não é o principal motivo da emigração do sertão, o principal fator é o econômico
Indústria da seca: Para os latifundiários do Sertão, a seca tornou-se um negócio lucrativo. Alem de as obras hidráulicas e de transportes valorizarem suas propriedades, eles também tinham o "direito" de escolher quais trabalhadores mereceriam participar das frentes de trabalho, fortalecendo ainda mais o controle político de tipo coronelistico que mantinham sobre a população local.
Áreas de destaque: Complexo minero-metalúrgico do Maranhão (porto de Itaqui); Pólo têxtil e de confecções de Fortaleza, no Ceará; Pólo petroquímico de Camaçari, na Bahia (Recôncavo Baiano); Complexo agroindustrial de Petrolina e Juazeiro (fruticultura), em Pernambuco e na Bahia; Áreas de moderna agricultura de grãos, nos cerrados do oeste baiano, no sul do Maranhão e do Piauí; Áreas de moderna agricultura de grãos, nos cerrados do oeste baiano, no sul do Maranhão e do Piauí. (polpa de frutas para exportação);

CENTRO-SUL
Características econômicas e da intensa forma de ocupação do espaço:
·   alta concentração industrial, com um parque mo­derno e diversificado, além de elevados índices de produtividade;
·   predomínio da agropecuária comercial e meca­nizada, que também apresenta grande produti­vidade;
·   intensa atividade comercial, interligada ao mer­cado nacional e mundial;
·   avançada rede de serviços bancários, médico-hospitalares e educacionais;
·   rede de transportes densa e moderna, que contribuiu para a grande integração intra-regional maior do país, e para o próprio desenvolvimento da integração nacional;
·   alta concentração de capitais, com o mais eleva­do índice de investimento externo do país;
·   predomínio da população urbana;
·   presença da única metrópole internacional do país, São Paulo.
·   Entre as atividades produtivas, destaca-se o parque industrial da região, o maior da América Latina.
·   Alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)

PRINCIPAIS SUB REGIÕES
1- Eixo da Via Dutra ou Vale do Paraíba
Entre São Paulo e Rio de Ja­neiro: é um conjunto de cidades indus­triais.
No estado de São Paulo, destacam-se: São Jo­sé dos Campos (aviões, máquinas, automóveis, componentes eletrônicos, equipamentos cirúrgi­cos, fibras ópticas e material bélico, este último vinculado ao Instituto Tecnológico da Aeronáuti­ca - ITA); e Taubaté (máquinas pesadas, metalur­gia, automóveis). No estado do Rio de Janeiro, as principais são; Volta Redonda (siderurgia), Barra Mansa (metalurgia) e Resende (química e farma­cêutica).Uma das atividades tradicionais do Vale do Paraíba é a criação de gado para a produção do lei­te que abastece São Paulo e o Rio de Janeiro.
2- Zona da Mata Mineira. Área de pecuária lei­teira, atualmente também tem desenvolvido gran­des plantações de café. Juntamente com as do Triângulo Mineiro, suas plantações fazem de Mi­nas Gerais o grande produtor nacional de café, par­ticipando com quase a metade do total nacional.
3- Estado do Espírito Santo. É hoje o segundo produtor nacional de café, além de desenvolver ou­tros cultivos. No litoral do Espírito Santo, têm grande importância os portos de Vitória e Tuba­rão. Este merece destaque especial, pois é através dele que a produção de ferro do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais (2ª maior exploração de ferro do Brasil) é exportada, em especial para os Estados Unidos, a Europa e o Japão. Em 1995, o espaço urbano que envolve a capital do es­tado foi elevado pelo IBGE à categoria de região metropolitana.
4- Bacia de Campos. Área tradicionalmente produtora de cana-de-açúcar, ganhou destaque na­cional pela grande produção de petróleo na plata­forma continental, hoje possui a maior produção em atividades. Uma outra área foi descoberta recentemente (Bacia de Santos) que deve entrar em atividade somente em 2010
5- Depressão Periférica Paulista. Apre­senta extensa área recoberta por cana­viais, cultivados principalmente a partir da década de 80, quando teve início o uso do álcool como combustível. Embora muitas culturas da área, sobretudo as de subsistência, tenham sido substituídas por canaviais, ainda merecem destaque os cultivos de laranja e milho.Entre as cidades importantes dessa sub-região estão Piracicaba e Tatuí.
 6- Triângulo Mineiro. Sua atividade tradicional é a pecuária de corte, destacando-se o gado zebu. Embora criado de forma parcialmente extensiva, apresenta boa rentabilidade, pois pratica-se a seleção de espécies e há pastagens cultivadas. Também é antiga e tradicional a cultura do arroz (rizicultura), desenvolvida na terra ro­xa dos vales fluviais, princi­palmente no do rio Grande. Recentemente, foram in­troduzidas na área outras cul­turas comerciais, como o ca­fé, que é plantado em solos de cerrado, antigamente consi­derados impróprios para a cultura. Parte das plantações de café de Minas Gerais, o primeiro produtor brasileiro, está no Triângulo Mineiro.
Duas cidades disputam a liderança econômica da área: Uberaba e Uberlândia, segui­das de Araguari, Ituiutaba e Araxá, fa­mosa estância hidromineral.
7- Oeste Paulista. Essa área beneficia-se da terra roxa e produz principalmente café e algodão. Em geral, o café é plantado no topo das colinas, en­quanto o algodão é cultivado nos vales. Nos terre­nos menos favoráveis, cultiva-se amendoim, geral­mente em pequenas propriedades. Outras culturas da área são mamona, milho, cana-de-açúcar e soja. A criação e a engorda de gado bovino são rea­lizadas juntamente com a agricultura. O plantio de capim para a formação de pastagens nas áreas de criação permite o aproveitamento das terras cansa­das. Há pastagens especiais denominadas invernadas destinadas apenas à engorda de gado antes da venda aos frigoríficos. Algumas cidades importan­tes dessa área são Bauru, Araçatuba e Presidente Prudente. Destaque para a produção de Laranja e Cana-de-açúcar.
8- Noroeste de São Paulo. Ocupa o primeiro lu­gar na produção nacional de laranja, sobretudo na região entre as cidades de Araraquara e São José do Rio Preto, com destaque para Bebedouro. O suco da laranja é industrializado e exportado, principal­mente para os Estados Unidos.
9- Vale do Ribeira. Considerado a área mais po­bre do estado de São Paulo, o Vale do Ribeira tem plantações de banana e chá, cultivado por imigran­tes japoneses e seus descendentes. Registro é a prin­cipal cidade do Vale.
10- O Norte de Minas Gerais: Área predominantemente agrícola, com plan­tações de algodão, arroz e milho, tem também cria­ção extensiva de gado de corte. A sub-região possui várias características naturais semelhantes às do Nordeste, como clima semi-árido e vegetação de caa­tinga, razão pela qual está incluí­da no chamado Polígono das Se­cas. Aí se localiza o Vale do Je­quitinhonha, considerado o mais pobre de todo o Sudeste. As cida­des de maior importância regio­nal são Governador Valadares, Teófilo Otôni e Montes Claros.
11- Área metropolitana de Curitiba e litoral paranaense: A cidade de Curitiba, situada num planalto, a aproximadamente 900 metros de altitude, possui quase 1,5 milhão de habitantes. Sua área metropo­litana, composta de 14 municípios, tem aproxima­damente 2,5 milhões de habitantes. É a segunda metrópole da região Sul, com grande desenvolvi­mento industrial, foi atingida pela desconcentração industrial da região metro­politana de São Paulo, superada apenas pelo inte­rior paulista.
Essa área concentra indústrias alimentares vinculadas à intensa atividade agropecuária do es­tado, além de empresas dos setores madeireiro, quí­mico e de material elétrico. Sua principal zona de atuação são os estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. A importância econômica e o rápido cresci­mento dessa sub-região tornaram o porto de Para­naguá o mais movimentado do estado e um dos mais importantes do Brasil. Esse porto também é de fundamental importância para o Paraguai, já que o país não tem saída para o mar.
12- Norte paranaense : Considerado uma das áreas agrícolas mais importantes do Brasil, o norte do Paraná foi duran­te muitos anos a principal zona cafeeira do país. No entanto, quando a soja passou a ser mais valoriza­da no mercado internacional, grandes áreas tradi­cionalmente cafeeiras desapareceram para dar lugar ao novo cultivo. Desse modo, na década de 80 o papel ocupa­do pelo norte do Paraná na produção de café foi aos poucos se transferindo para o estado de Minas Gerais. Atualmente, o Paraná é o quarto produtor nacional de café. Hoje a região é considerada policultora, com plantações de milho, arroz, feijão, algodão, trigo e soja. O estado do Paraná é o principal produtor na­cional de algodão, trigo, milho e feijão, além de de­ter o segundo lugar na produção de soja do país.
As principais cidades dessa sub-região são Londrina e Maringá, que compõem a segunda zo­na mais industrializada do Paraná. Desde o processo de modernização agrícola ini­ciado na década de 70 e do esgotamento dessa fron­teira agrícola no início dos anos 80, todo o norte pa­ranaense tem perdido habitantes com a emigração.
13-O vale do Itajaí: região colonizada principal­mente por alemães, é uma das mais importantes áreas industriais do Sul. Destacam-se as cidades de Blume­nau, Brusque e Joinville, grandes centros de indústrias têxteis.e de confecção, e Joinville, com indústrias diversifica­das. A policultura associada à criação de suínos e aves demonstra a influência dos imigrantes na área.
14-Vale do Tubarão (litoral sul de SC): No litoral Sul a atividade econômica mais im­portante é a extração do carvão mineral, principal­mente nos municípios de Criciúma, Siderópolis, Urussanga e Lauro Müller. Uma parte do carvão catarinense é utilizada nas usinas termelétricas; ou­tra é transportada pelo porto de Imbituba até as si­derúrgicas da região Sudeste.
15-Centro-oeste paranaense e catarinense e noroeste gaúcho
Área de solos férteis, foi ocupada predominantemente por imigrantes europeus, na maioria italianos e alemães, mas também eslavos. No início da colonização, apresentava grande número de pe­quenas e médias propriedades dedicadas à policul­tura associada à criação de suínos e aves. A partir da década de 70, no entanto, o culti­vo e a expansão da soja transformaram a área. As propriedades ampliaram-se, concentrando uma sé­rie de pequenas propriedades, os minifúndios. Co­mo o número de empregos foi redu­zido, essas áreas também passaram a apresentar o fenômeno da emi­gração.
Com a modernização e as inovações tecnológicas introduzi­das, a criação de suínos e de aves passou a ser atividade cada vez mais especializada e integrada à in­dústria de carnes e conservas, os frigoríficos. Veja no mapa abaixo as principais áreas de criação de to­do o Sul do país.
Novos gêneros agrícolas tam­bém passaram a ser produzidos na área a partir da modernização, como a maçã em Vacaria, no Rio Grande do Sul, e Fraiburgo, em Santa Catarina. Fraiburgo tem atraí­do várias indústrias nacionais e estrangeiras produ­toras de geléia e suco de maçã.
16-Nordeste do Rio Grande do Sul
Povoado a partir do século XIX por imigran­tes italianos, que introduziram na área o cultivo da uva, o nordeste do Rio Grande do Sul apresenta a mais tradicional produção de vinho do país. Caxias do Sul cresceu com as vinícolas e é hoje a segunda cidade mais importante do estado, por ser um pólo metal-mecânico. Tem um parque industrial diversi­ficado, no qual se destacam, entre outras, as indús­trias químicas e de material de transporte, como carrocerias de ônibus. Também são importantes as cidades de Bento Gonçalves, Farroupilha e Garibaldi. Na agropecuária, além da uva há também o cul­tivo da maçã e a criação de aves.
17- Centro-sul do Rio Grande do Sul
Apresenta três áreas distintas: a) Campanha Gaúcha, b) a região central e o c) sudeste.
17.1- Campanha Gaúcha: o relevo plano de coxilhas e a vegetação de campos possibilitaram a ocupação desde o século XVIII, com a pecuária extensiva. Atualmente, além dos bovinos, a área tem também o maior rebanho de ovinos do Brasil. A produção agrícola mais destacada é a do arroz, mas têm-se de­senvolvido o cultivo de soja e a vinicultura, em San­tana do Livramento. A criação do Mercosul trouxe benefícios à Campanha. Sua posição geográfica de fronteira com dois dos integrantes da aliança, Argentina e Uruguai, é um dos fatores que facilitam- as trocas comerciais.
Até a década de 70, o Sul apresentava o segun­do maior rebanho de bovinos do Brasil, superado apenas pela região Sudeste. No entanto, conforme a região centro-oeste expandiu essa atividade, o Sul passou a ter o terceiro rebanho do Brasil.Nos últimos anos, aumentou o número de pastos plantados no Sul, a alimentação do gado foi melhorada com o uso de forrageiras e teve inicio o cruzamento de espécies européias com espécies de gado zebu. Tudo isso permitiu que a região mantivesse regularmente sua produção de carne e come­çasse a produzir também para exportação, sobretu­do para a União Européia. As principais cidades da Campanha são Uruguaiana, Santana do Livramento e Bagé.
17.2-Região central do Rio Grande do Sul:  a pe­cuária também é a atividade econômica mais im­portante, embora seja praticada a cultura de arroz, soja e fumo. No Rio Grande do Sul, a produção de fumo desenvolveu-se a partir da década de 1920, com a instalação de indústrias de cigarros. Hoje es­sa área central é uma importante região fumageira, estando em Santa Cruz do Sul a maior fábrica de cigarros da América do Sul, voltada sobretudo pa­ra a exportação.
17.3- Sudeste do RS: já teve participação decisiva na forma­ção do estado, principalmente com a indústria saladeiril do século XIX, o sudeste do Rio Grande do Sul tem perdido importância em relação a outras áreas gaúchas. Apesar disso, Pelotas é um dos maiores centros urbanos do estado, destacando-se por sua indústria alimentícia (doces e conservas). A cidade de Rio Grande, que possui expressiva indústria pesqueira e química, tende a ampliar sua im­portância, graças à reativação de sua função por­tuária, estimulada pelo Mercosul.
18-Área metropolitana de Porto Alegre: Situada à margem do lago Guaíba, a cidade de Porto Alegre apresenta uma posição geográfica que muito favoreceu o seu desenvolvimento. Está pró­xima ao rio Jacuí, que possibilita a ligação hidroviária com o interior, e da laguna dos Patos, que fa­cilita a ligação com o oceano Atlântico. O Rio Grande do Sul foi o estado da região Sul que menos se beneficiou da desconcentração econômica do Sudeste, sobretudo em função de seu maior isolamento geográfico. Apesar disso, a metrópole de Porto Alegre — cuja área metropolitana é compos­ta por 24 municípios — desenvolveu atividades industriais diretamente vinculadas à produção agro-pecuária: têxtil, de vestuário, de calçados e de pro­dutos alimentares. São importantes também as in­dústrias química, petroquímica e siderúrgica. A indústria automobilística, instalada em Gravataí, próxima à capital, deve iniciar a produção em 1999. Porto Alegre é a maior metrópole da região Sul e a quarta do Brasil, com aproximadamente 1,3 milhão de habitantes, e mais de 3 milhões, em sua área metropolitana. A área de influência da metrópole.é o próprio Rio Grande do Sul, além do sul e do oeste catari­nense. Mas, em alguns setores de atividade, sua in­fluência ultrapassa o extremo meridional do país.
19- Soja e pecuária no centro-oeste: Depois da déc. de 70 tivemos um forte avanço da soja, em razão da correção de acidez do solo e da expansão da pecuária extensiva

AMAZÔNIA:
A região geoeconômica da Amazônia ou Complexo Regional da Amazônia é a maior do Brasil
A agropecuária é a principal atividade econômica, seguida do extrativismo vegetal e da exploração mineral.
imensos recursos minerais
Clima Equatorial quente e úmido
Vegetação higrófila e latifoliada
Solos pobres a ácidos, naturalmente impróprios para o cultivo
Rios perenes,  possui o maior rio do mundo (cerca de 7000Km de extensão)
A floresta sobrevive de si própria: retroalimentação
a) A cultura da pimenta-do-reino e da juta
Em 1930 ocorreu a imigração de japoneses para a Amazônia. Uma parte se estabeleceu no estacado Pará, em Tomé-Açu, não muito distan­te da cidade de Belém
b) A cultura da malva
A cultura da malva, uma planta nativa, tam­bém foi responsável pelo povoamento da Amazônia a partir de 1930.A cultura da malva espalhou-se pela área próxima a Bragança, no Pará. Com a construção da Rodovia Belém—Brasí­lia, no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), e as facilidades advindas para o transporte, a cultura da malva ocupou áreas ao longo dessa rodovia, no sudeste do Pará. Municípios como Paragominas e Capitão Poço tornaram-se as principais áreas pro­dutoras
C) Borracha natural: Em 1870, o nordeste do Brasil foi atingido por uma seca prolongada o que levou muitos nordestinos a migrarem. Muitos se dirigiram pa­ra a Amazônia, onde desenvolveram uma agri­cultura de subsistência e a coleta de látex, das seringueiras nativas.
Esse período coincide com a invenção do pneu por Dunlop (1888) e com o início da pro­dução de automóveis. A borracha passava a ser um produto de grande valor e de grande procura no mundo.
Em vista disso, a produção de borracha na Amazônia aumentou bastante. Em 1910, metade da borracha consumida no mundo saía da Amazônia. A procura de seringueiras nati­vas em meio à Floresta Amazônica levou mui­tas pessoas, inclusive os migrantes nordesti­nos, a se embrenharem na floresta. Chegaram até a região que é hoje o estado do Acre, que na época, início do século XX, pertencia à Bolívia.
Muitos conflitos em razão da maior pre­sença de brasileiros que bolivianos nesse territó­rio levaram o Brasil a assinar com a Bolívia o Tratado de Petrópolis em 1903. Por meio desse tratado o Brasil comprou o Acre por 2 milhões de  Libras esterlinas (moeda do Reino Unido) , e a Bolívia recebeu um pedaço do território brasileiro que possibilitava o seu acesso ao Rio Madeira, afluente do Ama­zonas. O ciclo da borracha chega ao seu fim, quando alguns ingleses entram na Amazônia e coletam milhares de mudas de seringueiras e as levam para cultivá-las no sudeste asiático, provocando uma forte concorrência para as vendas do Brasil, aliado  a isso, tivemos a criação da borracha sintética, que não depende do látex. Isso por volta de 1912.
d) A exploração do minério de manganês da Serra do Navio: do início ao fim
Em 1953, a Icomi (Indústria e Comércio de Minérios), em associação com a Bethlehem Steel Corp,, poderoso grupo norte-americano, rece­beu autorização do governo brasileiro para ex­plorar o minério de manganês da Serra do Na­vio, no Amapá, por 50 anos (até o ano 2003).
As das reservas do minério de man­ganês de alto teor (teor de 40%) foram extraídas nos trinta primeiro anos, no restante dos anos a empresa passou a explorar minério de baixo teor juntamente com outros minerais.
A produção de manganês destina-se aos Es­tados Unidos. Da Serra do Navio, localidade distante de Macapá cerca de 198 km, o minério de manganês é transportado pela Estrada de Fer­ro do Amapá até o porto marítimo de Santana. Tanto a ferrovia como o porto marítimo foram construídos com a finalidade de escoar o minério de manganês. O manganês, formando liga com o ferro, dá origem a um tipo de aço, sendo, portanto, uma matéria-prirna muito importante para a indústria siderúrgica. A exploração do minério de manganês no Amapá e a construção da ferrovia e do Porto de Santana tiveram e ainda continuam tendo in­fluência na ocupação e povoamento do Amapá. A maior parte do manganês extraído do Amapá está guardado no Deserto de Nevada, nos Estados Unidos.
e) A exploração de cassiterita (minério de estanho) em Rondônia
Em 1958 teve início a exploração da cassi­terita em Rondônia, sob a forma de garimpagem. Muitas pessoas migraram para lá, mas os métodos primitivos de extração e as dificuldades de escoamento impediam, no entanto, um maior desenvolvimento da produção.
Em 1965, quando a Rodovia Brasília— Acre alcançou Porto Velho, capital de Rondô­nia, facilitando por conseguinte as comunicações e o transporte, a extração da cassiterita tomou novo rumo. Pessoas que se dedicavam à coleta de látex na floresta passaram a partir daí a dedi­car-se à extração de cassiterita. Além disso, foi organizada uma empresa de mineração para explorar com técnicas modernas o produto. Em poucos anos, essa empresa tor­nou o Brasil exportador de estanho. Até 1969, dependíamos da importação do produto. A par­tir de 1970, o Brasil passou a exportador.O estanho é um metal utilizado na fabrica­ção de latas para acondicionar produtos alimen­tícios. A exploração desse minério contribuiu pa­ra a ocupação e o desenvolvimento econômico de Rondônia, atraindo muitas pessoas, princi­palmente quando a extração da cassiterita era feita sob a forma de garimpo. Para sua exploração foi construída a Hidrelétrica de Samuel no Rio Jamari, em RO.Essa é uma das áreas de maior tensão agrária da Amazônia.

OS GRANDES PROJETOS PÚBLICOS E PARTICULARES NA AMAZÔNIA E SUAS REPERCUSSÕES AMBIENTAIS
Os militares no período de 1964 a.1982 par­tiram para a execução das seguintes medidas:
1. Criação de órgãos de desenvolvimento re­gional — a Sudam (Superintendência do Desen­volvimento da Amazônia) e a Sudeco (Superin­tendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste).
2. Construção de rodovias com o objetivo de integrar a Amazônia internamente e com as demais regiões do Brasil. As rodovias Transamazônica, Cuiabá — San­tarém, Brasília — Acre, Perimetral Norte, Ma­naus—Porto Velho e outras exerceram grande influência no aumento populacional da Amazônia.
3. Levantamento e mapeamento dos recur­sos naturais da Amazônia através de fotografias aéreas.
O PROJETO RADAM (Radar da Amazônia) localizou e mapeou jazidas minerais, permitindo que o governo federal estabelecesse planos para a exploração mineral na região.
4. Instalação, em 1985, do PROJETO CALHA NORTE, que estabelecia bases militares ao norte dos vales (calhas) dos rios Solimões e Amazonas, com o objetivo de controlar militarmente a re­gião, combater o contrabando de ouro e apazi­guar os conflitos entre garimpeiros, indígenas, empresários e fazendeiros. Apenas algumas das bases previstas pelo projeto foram estabelecidas.
A garimparem de ouro e diamante
A garimpagem atraiu milhares de pessoas para a Amazônia: ouro em Serra Pelada, no Pará; diamante e ouro em Roraima e no estado do Amazonas, no vale do Rio Tapajós e seus afluentes da margem direita; ouro no vale do Rio Madeira, no Amazonas; diamante em To­cantins etc.
Acontece que a garimpagem tem causado enormes danos ambientais. Além da erosão de terras provocada pelo desvio de água dos rios para a atividade de garimpagem, o uso do mer­cúrio pelo garimpeiro no processo final da extração do ouro tem causado o envenenamento de pessoas e peixes. O vale do Rio Tapajós é a principal área de garimpo no Brasil e uma das mais poluídas com o mercúrio usado pêlos ga­rimpeiros
PROJETO GRANDE CARAJÁS: Em 1967 descobriu importante jazida de minério de ferro e de manganês na Serra dos Carajás, no vale médio do Rio Tocantins, no sul do Pará .
Estudos mais detalhados realizados poste­riormente mostraram que a região de Carajás é uma importantíssima área de jazidas minerais, talvez a mais importante do mundo. Além do minério de ferro e manganês foram aí encontra­dos níquel, cobre, zinco, molibdênio, ouro, bau­xita (minério de alumínio) e outros.
Para o escoamento da produção dos miné­rios da Serra dos Carajás foi construída a Estra­da de Ferro Carajás, que une Carajás ao Porto de Itaqui, no Maranhão. De Itaqui, os minérios são exportados para os Estados Unidos, Japão, Alemanha, Canadá e outros países. O Projeto dos Pólos de Alumínio, controlado por um consorcio entre a CVRD e transnacionais - a americana Alcoa, a anglo-holandesa Billiton-Shell e a japonesa Nalco, e outro empreendimento do Programa Grande Carajás. A transformação da bauxita em alumínio consome grandes quantidades de energia elétrica. Para resolver esse problema, a Eletronorte construiu a usina hidrelétrica de Tucurui, no Rio Tocantins, que provocou inundação de um grande trecho de floresta, mortes de animais e parte da flora.

PROJETO TROMBETAS: A bauxita do Vale do Rio Trombetas- A bauxita da Serra de Oriximiná, no Vale do Rio Trombetas, foi descoberta em 1966 pela Alcan, empresa canadense que esta entre as seis grandes corporações mundiais do alumínio. Nos anos 1970, o projeto de exploração do minério foi acelerado como reação aos esforços dos paises exportadores, liderados pela Jamaica, para aumentar os preços internacionais do produto. O Brasil, que não participa da associação dos paises produtores de bauxita, tornava-se assim um elemento chave para a estratégia das grandes empresas transnacionais.
Em 1975, foi criada a Mineração Rio do Norte (MRN), um consórcio de grupos estatais, privados e transnacionais para explorar a bauxita na região. Atualmente, os principais acionistas da Mineração Rio do Norte são a CVRD, a Alcan, a anglo-holandesa Billiton-Shell Metais e a Companhia Brasileira de Alumínio, do grupo Votorantim. A MRN produz 6.000.000 t de bauxita por ano, o que equivale a cerca de 73% da produção nacional desse minério. O pólo de exploração da MRN abrange a jazida, o porto fluvial do Rio Trombetas e a usina de beneficiamento situada junto ao porto.

DESMATAMENTO
O desmatamento intenso da Floresta Amazônica e um fato relativamente recente, verificado em espe­cial a partir dos anos 1970. Em 1978, a área florestal devastada atingia apenas 3,8% do total. Em 2004, esse índice era de cerca de 17%. A maior extensão de desmatamento na historia da Amazônia ocorreu em 1995, quando foram perdidos 29.100 km2 de florestas. A segunda maior deu-se em 2004, com a perda de 26.100km2.
Os estados mais afetados foram Para, Mato Grosso e Maranhão, que concentram mais de três quartos de toda a destruição florestal.
Como os menores índices de desmatamento ocorrem no Amapá e em Roraima, conclui-se que o fenômeno tem-se verificado de forma mais dramática nas porções meridional e oriental da Amazônia, área que passou a ser conhecida como "arco do desmatamento". Essa concentração geográfica da destruição tern como explicação o processo de ocupação pelo qual a região vem passando nas ultimas décadas. Ate os anos 1960, o desmatamento era pouco expressivo, não só em razão da reduzida população ali radicada, mas também pelo tipo de atividades econômicas desenvolvidas, especialmente o extrativismo vegetal, que causavam danos apenas superficiais ao ambiente. Nessa época, havia, praticamente, apenas uma forma de penetração na região, que era a navegação fluvial, o que contribuía para a preservação da floresta.

A criação da Zona Franca de Manaus
Em 1967, o governo militar criou a Zona Franca de Manaus, sob o controle da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus). Localiza-se no distrito industrial da cidade de Manaus, onde empresas nacionais e multinacionais podem se instalar sem a obrigatoriedade de pagar impostos (Imposto sobre Produtos Indus­trializados, Imposto sobre Circulação de Merca­dorias e Serviços, Imposto sobre Exportação e Importação) . A Zona Franca de Manaus começou a fun­cionar somente em 1972, depois que as obras de infra-estrutura do distrito industrial estavam ter­minadas. É um sistema semelhante ao implanta­do em Hong Kong e Cingapura, na Ásia, ou seja, um porto livre.
Várias empresas estrangeiras ali se instala­ram, principalmente as de origem japonesa (Sa­nyo, Sony, Toshiba, Yamaha, Honda etc.), se­guidas de empresas norte-americanas, alemãs, francesas e italianas. São principalmente indús­trias do setor eletrônico, elétrico, relojoeiro, me­cânico, metalúrgico, químico, madeireiro etc. Os produtos não são fabricados aí; são montados com peças importadas.A isenção de impostos e a mão-de-obra ba­rata foram os principais fatores que atraíram as indústrias para a Zona Franca. Com isso, elas exportam mercadorias de alta competitividade no mercado internacional, devido a seu baixo custo.

SIVAM: Sistema de Vigilância da Amazônia- é um projeto elaborado pelas forças armadas do Brasil com a finalidade de monitorar o espaço aéreo da Amazônia. O SIVAM tem como finalidade a monitoramento da Amazônia Legal (que compreende a Região Norte do Brasil, o estado do Mato Grosso e parte do estado do Maranhão). Para tanto, foram criados subsistemas de monitoramento com os seguintes objetivos:
·   Monitoramento da atividade aérea - cuja responsabilidade é do Comando da Aeronáutica, envolvendo a FIR Amazônica. Inclui no seu acervo de sensores, radares bidimensionais e tridimensionais, bem como a capacidade de integrar informações de aviões de alarme aéreo antecipado AEW, integrados por meio de enlace de dados.
·   Monitoramento da região amazônica - cuja responsabilidade é da Casa Civil da Presidência da República, através do SIPAM. Suas capacidades vão desde o monitoramento da mata amazônica, unidades de conservação, meteorologia, vigilância do espectro eletromagnético, vigilância terrestre e célula de comando e controle de operações.
O equipamento necessário para a montagem do sistema foi fornecido pela empresa estadunidense Raytheon e pelas empresas brasileiras Atech e Embraer. O SIVAM troca informações com o Sistema de Proteção da Amazônia – SIPAM e com o Sistema de Controle do Espaço Aéreo, trabalhando de maneira integrada entre si. Será uma grande base de dados e todos os órgãos vão compartilhar esse conhecimento.

DOMÍNIOS OU REGIÕES MORFOCLIMÁTICAS

CONCEITO: Domínio morfoclimático é um conjunto espacial de grandes dimensões carac­terizado por uma interação coerente entre as feições do relevo, os tipos de solo, as condições de clima e hidrologia e as formas de vegetação. Os diversos ele­mentos que formam o conjunto influenciam uns aos outros, gerando equilíbrios ecológicos peculiares.
De acordo com o modelo de classificação elabo­rado por Aziz Ab’Saber, reconhecem-se seis grandes Domínios morfoclimáticos no Brasil:

DOMÍNIO AMAZÔNICO

Ocupa mais de 2,5 mi­lhões de km; é uma floresta heterogênea e latifoliada (folhas largas); A vegetação de terrenos inundáveis (matas de várzea e igapós) ocupa aproximadamente 10% do ecossistema florestal. A vegetação de terra firme (a chamada Hiléia) estende-se por cerca de 80% da área. Além disso, o Domínio Amazônico apresenta múltiplos enclaves de campos e cerrados. Abriga apro­ximadamente oitenta mil espécies vegetais e trinta mi­l espécies de animais, compondo uma imensa diversidade biológica: um verdadeiro paraíso para a engenharia ge­nética e suas aplicações nas indústrias de alimentos e farmacêutica. Por isso, a preservação da floresta deixou de ser bandeira exclusiva dos ecologistas, tornando-se tema estratégico de grandes empresas transnacionais. A riqueza e a exuberância do ecossistema flores­tal, porém, contrastam com a pobreza de grande par­te dos solos da região. Mais de 70% do Domínio Amazônico são constituídos por solos ácidos e intemperizados, de baixa fertilidade. Apenas algu­mas planícies aluviais, inundadas pelo Rio Amazo­nas, apresentam solos ricos em nutrientes. Esse contraste revela a fragilidade do ecossistema amazônico, A reciclagem dos nutrientes orgânicos e minerais necessários à manutenção dos ecossistemas regionais não é feita pêlos solos, mas pela própria flo­resta. As toneladas de folhas, frutos e flores que caem anualmente sobre o solo transformam-se em matéria orgânica e mineral que são consumidos pela vegetação. Ou seja: a vegetação nutre-se dela mesma. Além, a floresta protege os solos, impedindo que os poucos nutrientes sejam carregados pelas águas da chuva.
Há cálculos que indicam que o desmatamento já atingiu mais de 16% de toda a Amazônia. As áreas mais afetadas concentram-se especialmente ao longo das rodovias Belém-Brasília e Cuiabá - Porto Velho. Em função das direções dos fluxos migratóri­os, os estados de Rondônia e do Pará têm sido os mais afetados, enquanto o estado do Amapá e Amazonas são aqueles que, até agora, menores impactos sofreram.
A construção de usinas hidrelétricas, como as de Balbina (no Rio Uatumã, próximo a Manaus) e Tucuruí (no Rio Tocantins), provocou a submersão de vastas áreas florestadas e trouxe diversas influências danosas aos ecossistemas e às popula­ções locais.
Domínio dos Cerrados
O Domínio dos Cerrados abrange as chapadas e chapadões do Brasil central. Trata-se de uma região tropical, de verões chuvosos e invernos secos. As características climáticas são, em parte, responsá­veis pela baixa fertilidade dos solos. No verão, as chu­vas abundantes "lavam" o solo, retirando seus nutrientes. No inverno, a seca prolongada aumenta as taxas de evaporação, provocando o acúmulo de ferro e de alu­mínio, responsáveis pela toxidez e acidez dos solos. O cerrado, vegetação dominante, é composto prin­cipalmente por dois estratos: o arbóreo-arbustivo, de caráter lenhoso, e o herbáceo-subarbustivo, for­mado por gramíneas e outras ervas. A combinação desses estratos produz uma cobertura vegetal em forma de um grande mosaico, constituída por trechos de campos limpos (predominância de gramíneas), de campos sujos (gramíneas e arbustos), de campos cerrados (predominância de arbustos, com espécies de três a cinco metros) e cerradões (florestas cujas copas se tocam e criam sombra, e onde o estrato herbáceo-arbustivo é muito ralo). Nos vales dos rios que cortam o cerrado, apare­ce uma formação florestada conhecida como mata ciliar, ou mata galeria. Ela forma uma proteção natural contra o assoreamento dos rios, A derru­bada dessas matas, em razão da ampliação das terras cultivadas (principalmente soja) ou destinadas a pastagens (pecuária extensiva), é um dos principais problemas ambientais do Domínio dos Cerrados. O cerrado compõe um ecossistema bastante pe­culiar, radicalmente distinto das florestas tropicais úmidas. O ecossistema florestal, quando desmatado pelas queimadas, não se regenera. O cerrado, ao contrário, abriga espécies que só sobrevivem em virtude das queimadas. A relação especial entre o cerrado e o fogo ainda continua intrigando os es­tudiosos do assunto, pois é um tipo de vegetação que se regenera com o fogo.
Uma parte considerável dos problemas ambientais do cerrado tem como causa principal a expansão da agropecuária nessa região. Os projetos agropecuários têm causado, direta e indiretamente, a redução da flora e da fauna, e ameaçado a existência de várias espécies características do Brasil central. Hidrografia rala, com pouco rios. Vegetação tropófila (adapta-se tanto à ambientes secos como à úmidos).Clima tropical semi-úmido ou típico.

 

DOMÍNIO DA CAATINGA

Caatinga (do Tupi-Guarani: caa (mata) + tinga (branca) = mata branca). Localiza-se na região do interior do Nordeste, apresentando depressões e clima semi-árido, caracterizado pelas altas temperaturas e pela má distribuição de chuvas durante o ano. A massa equatorial atlântica, formada no arquipélago dos Açores, ao chegar ao Nordeste, é barrada no Planalto Nordestino (notadamente Borborema, Apodi e Araripe), onde ganha altitude e precipita (chuvas orográficas), chegando praticamente seca à Caatinga. Apesar de sua aparência, a vegetação da Caatinga é muito rica, variando a maioria delas conforme a época de chuvas e conforme a localização. É o único bioma exclusivamente brasileiro, o que significa que grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta. A caatinga ocupa uma área de cerca de 750.000 km², cerca de 11% do território nacional englobando de forma contínua parte dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte do Norte de Minas Gerais no Vale do Jequitinhonha (Sudeste do Brasil). Apresenta baixo IDH de sua população, predominância de rios temporários e ocorrência périódica de secas. Obs.: O clima não é o principal fator responsável pela emigração, pois o principal é o fator econômico. Nas áreas de maior altitude, que recebem chuvas de relevo, encontram-se alguns trechos de matas úmi­das, conhecidas regionalmente como "brejos". A irri­gação, o sobrepastoreio, o cultivo excessivo e a mineração figuram entre as principais causas dos processos de desertificação já iniciados na bordas da caatinga.

DOMÍNIO DOS MARES DE MORROS

Localizado em grande parte da porção leste, é assim chamado por causa de sua forma, oriunda da erosão, gerada principalmente pela ação das chuvas. Encontram-se na região a floresta tropical, Mata Atlântica ou mata de encosta, caracterizada pela presença de uma grande variedade de espécies, a planície litorânea, largamente devastada (95% da vegetação já foi desmatada), onde ainda se destacam as dunas, os mangues e as praias, e serras elevadas, como a Serra do Mar, a Serra do Espinhaço e a Serra da Mantiqueira. No litoral do Nordeste, encontra-se o solo de massapê, excelente para a prática agrícola, sendo historicamente ligado à monocultura latifundiária da cana-de-açúcar. Apresenta clima tropical típico e tropical litorâneo, caracterizado pela atuação da massa tropical atlântica, formada no arquipélago de Santa Helena.
Também chamado de domínios de "meia-laranjas". Trata-se de uma formação florestal densa e heterogênea, ainda mais rica em espécies vegetais que a Hiléia amazônica. A introdução do cultivo da cana-de-açúcar no Nordeste e, mais tarde, do café nas serras do Su­deste, foram responsáveis pelo início da devastação da mata original. Hoje, restam menos de 5% da cobertura vegetal primária, verdadeiras ilhas flo­restais em alguns trechos montanhosos das escarpas planálticas. Certas áreas — como a zona da mata nordestina ou a zona da mata mineira — possuem "mata" apenas no nome.
A devastação da Mata Atlântica tem agravado os processos erosivos que atingem a região, como os desmoronamentos e deslizamento de materiais, especialmente nas escarpas mais íngremes.

DOMÍNIO DAS ARAUCÁRIAS

As araucárias se estendiam a grandes porções do Planalto Meridional, mas, por causa da intensa devastação gerada para o desenvolvimento da agropecuária e do extrativismo, hoje só são encontradas em áreas reflorestadas e áreas de preservação. (90% já foi desmatada). Abrange planaltos e chapadas, constituindo uma vegetação aciculifoliada(folhas em forma de agulha), aberta e rica em madeira mole, utilizada na fabricação de papel e papelão. Destaca-se ainda na região o solo de terra roxa, localizado em praticamente toda porção ocidental da região sul,sudoeste de São Paulo e Sul do Mato Grosso Do Sul.Altamente fértil e oriundo da decomposição de rochas basálticas, o solo de terra roxa, foi largamente utilizado no cultivo do café. Apresenta clima subtropical, caracterizado por chuvas bem distribuídas durante todo o ano, por verões quentes e pela atuação da massa polar atlântica, responsável pelos invernos frios, marcados pelo congelamento do orvalho(geada).

DOMÍNIO DAS PRADARIAS

Localizado no extremo sul do Brasil, também apresenta clima subtropical, sendo portanto marcado pela atuação da massa polar atlântica. Abrange os pampas, Campanha Gaúcha ou Campos Limpos, marcados pela presença do solo de brunizens, oriundo da decomposição de rochas sedimentares e ígneas, o que possibilita o desenvolvimento da agricultura e principalmente da pecuária bovina semi-extensiva.
As pradarias ocupam a região conhecida como campanha gaúcha e apresentam um relevo suave­mente ondulado, em forma de colinas, que são cha­madas de "coxilhas"(colinas arredondadas e ricas em herbáceas e gramíneas) e das matas-galerias nas margens dos rios. Pradaria é uma planície vasta e aberta onde não há sinal de árvores nem arbustos, com capim baixo em abundância. São regiões muito amplas e oferecem pastagens naturais para animais de pastoreio e as principais espécies agrícolas alimentares foram obtidas das gramíneas naturais através de seleção artificial, sendo este o fator que facilitou a introdução da pecuária desde os tempos coloniais.
Essas colinas são recobertas por vegetação campestre e, nos topos mais planos, forma-se um tapete herbáceo ralo e pobre em espé­cies. Nas encostas, a vegetação torna-se mais densa e diversificada. A pecuária extensiva é a principal atividade econômica da região. Por causa do pisoteio ex­cessivo do gado, registra-se uma sensível diminui­ção das espécies forrageiras nativas dos campos gaúchos. O uso recorrente da queimada como técnica de limpeza das pastagens contribui para o empobreci­mento dos solos. A pecuária e a monocultura de trigo e soja, em ex­pansão nas áreas originalmente recobertas pêlos cam­pos, têm provocado a diminuição da fertilidade dos solos, o aumento dos processos erosivos e até, em algumas áreas, o início de um processo de desertificação. Há 50 anos, o "deserto de São João", no município de Alegre­te (RS) Rosário do Sul, São Borja e Itaqui, abrangia doze ha; hoje, ultrapassa os 185 ha.

AS FAIXAS DE TRANSIÇÃO
As faixas de transição correspondem a vastas ex­tensões territoriais não incluídas em nenhum dos Do­mínios. São unidades paisagísticas nas quais se mesclam características dos Domínios morfoclimáticos vizinhos ou, ainda, áreas onde a instabilidade das condições ecológicas deu origem a uma interação entre os ele­mentos naturais que nada têm a ver com as caracterís­ticas dos Domínios circundantes. Ex: Pantanal Mato-Grossense, o Meio-Norte do Brasil, (entre o Domínio Amazônico e a Caatinga), os manguezais, o Agreste Nordestino, etc...

REGIÕES DE PLANEJAMENTO:
Foram órgãos criados pelo Governo federal com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de determinadas regiões onde iriam se estabelecer. Vejasmo as principais:

SUDAM: A Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia , é uma autarquia do governo federal do Brasil, criada no governo de Castelo Branco em 1966, com a finalidade de promover o desenvolvimento da região amazônica, criando incentivos fiscais e financeiros especiais para atrair investidores privados, nacionais e internacionais. A SUDAM veio a substituir uma outra autarquia denominada Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), criada por Getúlio Vargas em 1953. Também tinha o objetivo de desenvolver a região amazônica. Em 24 de agosto de 2001, o presidente Fernando Henrique Cardoso, na medida provisória nº. 2.157-5, criou a Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA), e extinguiu a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), devido às inúmeras denúncias de corrupção envolvendo a organização. Esta decisão foi tomada após várias críticas quanto à eficiência desta autarquia, passando a ser a responsável pelo gerenciamento dos programas relativos à Amazônia Legal. Em agosto de 2003 o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou a recriação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
Area de competência: era a chamada Amazônia Legal é uma área que engloba vários nove estados brasileiros pertencentes à Bacia amazônica e, conseqüentemente, possuem em seu território trechos da Floresta Amazônica.

SUFRAMA: A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) é uma autarquia criada pelo Decreto-Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) que administra a Zona Franca de Manaus - ZFM, com a responsabilidade de construir um modelo de desenvolvimento regional que utilize de forma sustentável os recursos naturais, assegurando viabilidade econômica e melhoria da qualidade de vida das populações locais. A Suframa viabilizou a implantação dos três pólos que compõem a ZFM - comercial, industrial e agropecuário - e promove a interiorização do desenvolvimento por todos os estados da área de abrangência do modelo, identificando oportunidades de negócios e atrai investimentos para a região tanto para o Pólo Industrial de Manaus quanto para os demais setores econômicos da sua área de atuação.

SUDENE - Superintendência de desenvolvimento da amazônia: é uma entidade de fomento desenvolvimentista  destinado a promover soluções sócio-econômicas para a periodicamente afetada por estiagens e com populações com baixo poder aquisitivo e de instrução. Criada orginalmente pela lei 3.6921 de 1959, o órgão foi idealizado no governo do Presidente Juscelino Kubitscheck, tendo à frente o economista Celso Furtado, como parte do programa desenvolvimentista então adotado. Seu principal objetivo era encontrar soluções que permitissem a progressiva diminuição das desigualdades verificadas entre as regiões geo-econômicas do Brasil. Para tal fim, foram engendradas ações de grande impacto, tais como a colonização do Maranhão, projetos de irrigação em áreas úmidas, cultivo de plantas resistentes às secas, e outras. Absorvida pelas administrações que se seguiram, durante a Ditadura militar de 1964 foi sendo cada vez tendo seu uso desviado dos objetivos primaciais, sendo considerada uma entidade que, além de não realizar os fins a que se propunha, era um foco de corrupção. Por conta disso, e após uma sucessão de escândalos, em 1999 a imprensa iniciou um debate sobre a existência do órgão, extinto finalmente em 2001 por Fernando Henrique Cardoso. A retomada das propostas de Juscelino e Furtado, porém, foram defendidas pela administração de Lula, e finalmente o órgão foi, em 2002, recriado, desta feita com o nome de Agência do Desenvolvimento do Nordeste e a sigla ADENE.

SUDEVAP - Superintendência do Desenvolvimento do Vale do Paraíba do Sul: criada a partir de um projeto de lei de 1977 cuja função era a recuperação econômica e social da bacia do rio Paraíba do Sul, mas sua atuação se restringia ao norte paulista, sul do Rio de Janeiro e sudeste mineiro. A idéia tem origem a partir de um grupo de trabalho formado por prefeitos paulistas em 1967. A SUDEVAP seria uma autarquia vinculada ao Ministério do Interior com atuação na Bacia do Rio Paraíba do Sul e com a real finalidade de racionalizar e dinamizar o desenvolvimento no Vale Paraíba ante o progresso industrial da região e a falta de investimentos, principalmente em relação ao saneamento básico. Alguns autores dão a entender que esta superintendência não passou de um projeto.

SUDESUL: Superintendência de Desenvolvimento do Sul
criada em 1967 e extinta em 1990 através do decreto 92.240, proporcionou benefícios  para os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná na década de 70 e 80  que apresentaram extraordinário crescimento e desenvolvimento sócio-econômico.O órgão era responsável pelo acompanhamento da aplicação de recursos no Sul por parte do governo federal e articulava ações e investimentos para os Estados. Dezessete anos depois de extinto, a SUDESUL volta à pauta da Câmara Federal por meio de um projeto de um deputado catarinense. A intenção, segundo o parlamentar, é retomar o planejamento e coordenar as ações federais para o desenvolvimento da Região Sul – incluindo o Mato Grosso do Sul. (atualizado até 06 de dezembro de 2007, o projeto ainda não havia sido votado)

SUDECO - Superintendencia de Desenvolvimento do Centro Oeste: Com a proposta de alavancar o desenvolvimento do Centro Oeste durante o regime militar, a Sudeco foi criada e 1967. Com a extinção em 1990, a superintendência deixou para o Banco do Brasil a responsabilidade de cuidar da política de desenvolvimento da região, e pôs fim ao avanço do projeto de criação do Banco de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Badeco), que seria o responsável direto. A recriação da Sudeco só ocorreu no atual governo, pois foi extinta em 1990 pelo ex-presidente Fernando Collor de Melo. A Superintendência de Desenvolvimento Sustentável do Centro-Oeste (Sudeco) entrou novamente em vigor desde o primeiro semestre de 2005, objetivando financiar projetos de interesse social nas áreas de indústria, comércio, turismo e agronegócios dentro de sua área de competência.

CAP V-O ESPAÇO AGRÍCOLA E QUESTÃO AGRÁRIA
A modernização e a capitalização da economia rural estão associadas ao desenvolvimento urbano e in­dustrial. No plano espacial, essa ligação se exprime por meio do preço da terra.
Nas áreas mais urbanizadas e industrializadas, o preço da terra agrícola é mais elevado, pois a proxi­midade dos mercados consumidores aumenta a con­corrência pelo uso dela. Pecuaristas e produtores das mais diferentes culturas disputam com empresários urbanos a utilização de terras servidas por estradas de rodagem ou ferrovias.
O alto preço da terra, por sua vez, condiciona o desenvolvimento da produtividade das atividades agropecuárias.
Em São Paulo, sul de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul encon­tra-se um complexo econômico agropecuário mo­derno, vinculado às necessidades industriais e altamente dependente de fluxos financeiros. A pro­dução - voltada para o mercado interno ou para a exportação — incorpora máquinas e insumos agrí­colas e utiliza recursos avançados da pesquisa agropecuária.
O Brasil Central e as franjas meridionais e orien­tais da Amazônia são espaços de expansão da agropecuária moderna, cada vez mais integrados aos mercados do Centro-Sul. O desenvolvimento agrí­cola dessas áreas é reflexo do transbordamento da economia rural dos estados do Sul e de São Paulo, que fornecem o capital, a força de trabalho e as téc­nicas para a difusão da economia rural de mercado.
A faixa litorânea úmida do Nordeste constitui um espaço singular, marcado até hoje pelo predo­mínio da agricultura comercial tradicional (plantations), organizada em torno de grandes pro­priedades e culturas tropicais. De certa forma, os traços estruturais que definiram os usos coloniais da terra permanecem presentes na sub-região.
Em Pernambuco e Alagoas, esse sistema de pro­dução está combinado com a agroindústria canavieira, voltada para a produção de álcool e açú­car. Mais longe do litoral, nas zonas semi-áridas do Agreste, predomina a produção camponesa de tipo familiar, que combina a pequena produção agrícola com a criação de gado.
MIGRAÇÕES E FRONTEIRAS AGRÍCOLAS
Nas regiões interiores, distantes dos centros ur­banos e industriais e, portanto, dos mercados con­sumidores, os preços da terra são muito menores. Esse é o domínio da pecuária tradicional, extensiva, baseada no uso de pastagens naturais de campos, cerrados ou caatingas e numa baixa densidade de animais. Nos vales dos rios e junto às estradas, apa­recem zonas de lavouras camponesas em pequenos estabelecimentos.
O Centro-Sul e o Nordeste são pólos de onde partem fluxos migratórios em direção às fronteiras agrícolas. Trata-se de excedentes populacionais expulsos da economia rural dessas áreas, os quais se instalam em terras distantes como posseiros ou pe­quenos proprietários.
Os fluxos migratórios que deixam o Nordeste refletem a estagnação econômica regional, marcada pelo domínio do latifúndio e pela fragmentação intensa das propriedades camponesas. Em geral, estabelecem-se como posseiros na Amazônia oriental Entre as princi­pais zonas de fixação destacam-se o Maranhão (vales do Mearim e Pindaré) e o Bico do Papagaio (área deli­mitada pela confluência dos rios Tocantins e Araguaia, envolvendo o norte do estado de Tocantins, o sudoeste do Maranhão e o sudeste do Pará).
Os fluxos migratórios que deixam São Paulo e os estados do Sul refletem as conseqüências da mo­dernização da economia rural regional. A valoriza­ção das terras provoca mecanização e concentração fundiária, expulsando os sitiantes, pequenos cam­poneses e assalariados rurais.
As rodovias de integração que cortam o Centro-Oeste na direção da Amazônia orientam as migra­ções. Esses fluxos, especialmente intensos nas últimas décadas, geram a ocupação dos cerrados do Centro-Oeste e das áreas de matas amazônicas do norte de Mato Grosso, de Rondônia e do Acre.
O NOVO "OURO VERDE" INVADE O CENTRO-OESTE
A partir do início dos anos 1970, a soja começou a se expandir pelo Centro-Oeste, suplantando de forma gradativa cultivos comerciais já existentes (como o arroz), substituindo lavouras de subsistên­cia e pecuária extensiva e incorporando espaços até então disponíveis para o uso agrícola. Essa expansão foi realizada por experientes empresários oriundos principalmente da Região Sul do Brasil, que passaram a desenvolver o cultivo da soja com técnicas cada vez mais modernas. O baixo preço das terras no Centro-Oeste - alia­do aos incentivos concedidos pela extinta Superin­tendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) hoje Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA) e às linhas especiais de crédito criadas pelo governo - facilitou sobremaneira o processo de expansão. Também devem ser ressaltadas as exce­lentes condições naturais do ecossistema do cerra­do, onde se destacam a topografia plana, que facilita a mecanização, e a intensa insolação. A grande participação do governo federal, espe­cialmente no início do processo, objetivava não só atender às demandas de matérias-primas do nascente setor agroindustrial e de uma população urbana cada vez mais numerosa, mas também incentivar a ex­portação de produtos não tradicionais que contri­buíssem para a melhoria da situação da balança comercial do país. A criação de infra-estrutura para o desenvolvi­mento da agropecuária regional deu-se com a cria­ção de programas como o Prodoeste e o Polocentro (1975), que apontavam para uma ocupação racio­nal dos cerrados e seu aproveitamento em escala empresarial, com apoio no crédito subsidiado. As grandes empresas, quase sempre originárias do Centro-Sul do país, geralmente se deslocavam para a região com instrumentos técnicos modernos e importantes recursos de capital para instalações, maquinaria e equipamento.
O incremento recente da produtividade da cul­tura de grãos no Brasil pode ser aferido no gráfico. Entre 1990 e 2005, a área plantada com grãos no Brasil cresceu apenas cerca de 29%, mas a produção deu um salto de mais de 95%. O incre­mento da produtividade que o cultivo de soja da Região Centro-Oeste registrou nesse período foi o grande responsável pelo crescimento da produ­ção brasileira.
ESTRUTURA FUNDIÁRIA CONCENTRADORA
A terra é o meio de produção fundamental na economia rural O acesso a ela é condição indispen­sável para a produção agrícola. Na economia de mercado, a propriedade fundiária proporciona a renda da terra, embutida no preço das mercadorias agropecuárias ou cobrada dos produtores que ex­ploram a terra em regime de arrendamento.A concentração da propriedade da terra é um dos traços marcantes da economia rural brasileira, cujas origens remontam ao modelo de colonização apli­cado ao território lusitano na América. A manutenção histórica desse padrão concen­trador pode ser verificada pela análise estrutural fun­diária do país. No extremo opos­to, os grandes estabelecimentos rurais (com 1.000 hectares ou mais) perfazem cerca de l % do número total de estabelecimentos, mas abrangem 42% da área agrícola.
como base para a reforma agrária dos militares, consti­tuía uma resposta ao crescimento dos movimentos de camponeses e trabalhadores rurais. O alvo era, princi­palmente, as ligas camponesas, organizadas no interior nordestino para lutar pela subdivisão dos latifúndios. A reforma agrária dos militares não se destinava a alterar a estrutura fundiária concentradora. No fundo, servia como instrumento de preservação das desigualdades no campo. O estatuto classificava as propriedades rurais e criava mecanismos para a de­sapropriação dos latifúndios improdutivos. Mas, principalmente, apontava o caminho da coloniza­ção de novas terras como estratégia para desafogar as áreas submetidas a conflitos rurais. Dessa forma, representava um instrumento de intervenção do Es­tado em pontos localizados, não um projeto de trans­formação global da estrutura rural do país. Mesmo assim, o estatuto só foi regulamentado e transformado no Plano Nacional de Reforma Agrá­ria em 1985, após o fim da ditadura. Durante as duas décadas de governos autoritários, a questão agrária tornou-se assunto de segurança nacional e esfera de competência exclusivamente militar.
O MOVIMENTO DOS SEM-TERRA
A dinâmica da expropriação do trabalhador ru­ral e a violência no campo explicam o surgimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). A organização desses trabalhadores, bem como a prática de ocupação de terras improdutivas, começou nos estados do sul do país, que, desde a década de 1970, encontram-se em processo de vio­lenta concentração agrária. Em 1984, o MST organizou-se nacionalmente para lutar pela reforma agrária e pela democratização do acesso à terra. Desde aquele momento, tornou-se um referencial político nacional, coordenando ocupações de terras improdutivas em várias regiões e organi­zando a produção e a comercialização agrícola em muitos dos assentamentos rurais já existentes.
Por causa do fortalecimento das lutas dos sem-terra, na segunda metade da década de 1990, a po­lítica de desapropriação de terras improdutivas parece ter ganhado algum impulso. De acordo com dados oficiais, entre 1995 e 2002, durante o gover­no Fernando Henrique, foram obtidos cerca de 18 milhões de hectares de terras e assentadas mais de 400 mil famílias. Entretanto, esses dados foram se­riamente questionados pela imprensa e pelo MST. Lula da Silva, eleito presidente em 2002, pro­meteu assentar 530 mil famílias até o final de 2006. Contudo, segundo dados do MST, até o final de 2005 tinha assentado apenas 244 mil. Além disso, a maioria dessas famílias era consti­tuída por integrantes de assentamentos já existentes, que receberam melhorias. A luta organizada dos sem-terra espalha-se e alcança outras regiões. Os acampamentos e ocu­pações tornaram-se parte da luta política dos tra­balhadores rurais no Pontal do Paranapanema, em São Paulo, no Agreste nordestino e no Brasil cen­tral. Esse posicionamento tem demonstrado que a resistência à expropriação é capaz de abrir bre­chas na estrutura fundiária concentradora e excludente e, inclusive, reativar a discussão sobre a necessidade de uma intervenção profunda no campo brasileiro.

CAP VI- DINÂMICA DEMOGRÁFICA (POPULAÇÃO BRASILEIRA)
Durante meio século, de 1890 a 1940, a popula­ção brasileira apresentou taxas de crescimento pró­ximas a 1,8% ao ano. Nessa época, predominava um padrão de crescimento populacional resultante da convivência de altas taxas de natalidade com ta­xas elevadas de mortalidade. Entre 1920 e 1940, por exemplo, a taxa de natalidade girou em torno de 44 por mil, e a de mortalidade ultrapassou os 25 por mil. Em conseqüência disso, o incremento vegetativo manteve-se em patamares inferiores a 2%. Essa dinâmica demográfica é característica de sociedades rurais e reflete as tendências reprodutivas da unidade familiar de trabalho no campo. Nas pri­meiras décadas do século XX, a maior parte da po­pulação brasileira vivia na zona rural. As crianças participavam desde muito cedo dos trabalhos na la­voura; assim uma família numerosa dispunha de mais trabalhadores e, portanto, de maior renda familiar. Essa perspectiva ajuda-nos a entender as altas taxas de natalidade então vigentes. Os serviços de saneamento básico (abastecimen­to de água e tratamento de esgotos) e o acesso ao sistema de saúde eram privilégio de uma parcela mi­noritária da população. As doenças epidêmicas e endêmicas espalhavam-se descontroladamente, ge­rando as altas taxas de mortalidade geral e infantil.
O Brasil da transição demográfica
Esse padrão de crescimento populacional come­çou a ser rompido na década de 1940, quando as taxas de mortalidade começaram a diminuir, a prin­cípio lentamente. Nessa época iniciaram-se as pri­meiras campanhas nacionais efetivas de erradicação de doenças epidêmicas por meio da pulverização de drogas que eliminam os agentes transmissores e da vacinação em massa.
Ao mesmo tempo, sistemas de comunicação e transportes mais eficientes ajudavam a disseminar as novas práticas médicas nas regiões mais populo­sas do país. O número de casos de malária, tubercu­lose, tétano, sarampo, paralisia infantil e muitas outras doenças diminuiu sensivelmente a partir de então. O sistema de saneamento básico era e conti­nua sendo precário na maioria das cidades brasilei­ras, mas as poucas melhorias introduzidas nesse campo foram suficientes para fazer declinar a mor­talidade das populações urbanas. Nessa etapa, ocorreu também o declínio da na­talidade. O resultado foi o aumento das taxas de crescimento vegetativo da população brasileira. O incremento vegetativo médio anual sal­tou de 2,39% entre 1940 e 1950 para 2,99% entre 1950 e 1960. Manteve-se em um patamar bastante elevado também entre 1960 e 1970: 2,89%.Em 1940, a população total do país era de 41,2 milhões. Em 1970, atingia 93,1 milhões (crescimento de aproximadamente 130% em apenas três décadas). Para muitos especialistas, nas décadas de 1950 e 1960, as altas taxas de natalidade eram responsáveis pela po­breza do país e constituíam um entrave ao desenvolvi­mento. Sob a influência do neomallthusianismo, acreditava-se que controlar o crescimento vegetativo da população representava uma das mais urgentes tarefas do governo. Outros especialistas pensavam justamente o con­trário; a pobreza era a causa da alta natalidade, e a melhor forma de diminuir as taxas de natalidade era elevar o nível de vida da população, promovendo uma melhor distribuição da renda nacional. Demografia e desenvolvimento eram temas inse­paráveis na discussão nacional. Os neomalthusianos alinhavam-se geralmente com as doutrinas socioeconômicas liberais e conservadoras. Seus críticos, em geral nacionalistas, depositavam as esperanças na industrialização autônoma e na ocupação das imensas áreas pouco povoadas do interior.
RUMO À ESTABILIZAÇÃO DEMOGRÁFICA
No final da década de 1960, a natalidade brasi­leira começou a cair de forma generalizada. Essa ten­dência se manteve nas décadas seguintes, puxando para baixo as taxas médias de incremento anual da população do país. Essa rápida alteração do comportamento reprodutivo da população relaciona-se com as trans­formações estruturais na economia brasileira, nas últimas décadas. O Brasil transformou-se em um país urbano-industrial; a mudança do foco econômico da produção e a concentração da população nas ci­dades alteraram profundamente os comportamen­tos reprodutivos. Nas cidades, ter muitos filhos significa acumular despesas com alimentação, saúde e educação até que eles atinjam a idade produtiva. Esse elevado custo de formação tem representado um poderoso freio à natalidade, mesmo entre as famílias mais pobres. Na década de 1960, cada brasileira entre 15 e 44 anos tinha, em média, seis filhos; atualmente, o nú­mero de filhos por mulher gira em torno de 2,5. De acordo com dados oficiais recentes, cerca de 70% das mulheres brasileiras casadas, com idades entre 14 e 44 anos, utilizam métodos anticoncepcionais. Cerca de 45% fizeram laqueadura de trompas e não terão mais nenhum filho. A natalidade caiu, mas a renda permaneceu for­temente concentrada. A miséria continua existindo, só que ela mudou de endereço e de comportamento, E é ela que explica os elevados índices de esteriliza­ção cirúrgica vigentes no Brasil. Sem acesso a um acompanhamento médico de qualidade e desinformadas sobre o seu próprio corpo e sua fisiologia reprodutiva, as mulheres brasileiras recorrem cada vez mais a esse método definitivo. A transição demográfica brasileira comprova a tese de que o comportamento reprodutivo responde ao crescimento econômico, não ao desenvolvimen­to social. Ao contrário do que imaginavam os neomalthusianos, a suposta bomba demográfica foi desativada em poucas décadas, sem qualquer políti­ca oficial de controle da natalidade. Também, não foi a eliminação da pobreza a res­ponsável pela redução das taxas de fertilidade, mas a dissolução da unidade familiar de trabalho pela economia urbano-industrial.
POPULAÇÃO E INVESTIMENTOS DEMOGRÁFICOS
A trajetória de redução das taxas de natalidade prosseguirá nas próximas décadas, refletindo as no­vas condições econômicas e culturais geradas pela urbanização. Projeções recentes indicam que o Brasil atingirá a estabilidade demográfica em 2050, quan­do terá população inferior a 250 milhões de habitan­tes. Entretanto, essa nova realidade demográfica, marcada pela queda das taxas de crescimento demo­gráfico, ainda é bastante desconhecida no país. As conseqüências dessa nova situação também não foram plenamente incorporadas ao debate polí­tico e econômico. Uma curva de crescimento demo­gráfico atenuado gera grande impacto na estrutura etária e nas demandas de investimentos.
PIRÂMIDES ETÁRIAS
A estrutura etária da população é comumente retratada por gráficos em forma de pirâmides. Na ordenada, são colocados os grupos de idade; na abscissa, o contingente populacional — em núme­ros absolutos ou percentuais — é enquadrado em cada um dos grupos de idade. As pirâmides etárias revelam o estágio da transição demográfica no qual determinado país se encontra.
Em 1970, os jovens (0-19 anos) constituíam cer­ca de 41,9% da população brasileira. Em 2000, porém, a base havia se estreitado e o topo se alarga­do. As modificações na estrutura etária confirmam as mudanças no comportamento reprodutivo da população brasileira e revelam uma tendência demográfica para as próximas décadas.
Em breve, quando a transição demográfica dos países subdesenvolvidos tiver terminado, as pirâmi­des etárias de base estreita deixarão de ser privilégio dos países ricos.
A transição demográfica se completa em ritmos desiguais entre as populações urbanas e rurais. A diminuição da natalidade é menor no campo que na cidade. Nas pequenas propriedades rurais familia­res, as crianças participam desde cedo do processo produtivo, e o custo de formação do indivíduo ten­de a ser significativamente menor.
Assim, a pirâmide etária da população rural bra­sileira releva uma significativa preponderância dos jovens, e a pirâmide etária da população urbana re­vela que a transição demográfica está em vias de se completar. As regiões Norte e Nordeste, marcadas pela disseminação da pobreza rural, apre­sentam uma taxa de fecundidade bastante superior à média nacional: quatro filhos por mulher Os re­sultados do censo realizado em 2000 não trouxe­ram mudanças muito significativas nessa situação.


CAP VII - MIGRAÇÕES NO BRASIL

I- INTRODUÇÃO
As migrações: são deslocamentos da população no espaço
Tipos:
a) migrações in­ternacionais (imigração e emigração);
b)nomadismo;
c)transumância;
d) migrações internas ou inter-regionais;
e) migrações rural-urbanas ou êxodo rural;
e) migrações pendulares ou diárias das populações nos grandes centros urbanos.
Causas: religiosas, psicológicas, sociais, econômicas, políticas e até na­turais (secas e terremotos, por exemplo).
Razão principal: a econômica, entendida como deslocamento de contingentes humanos pa­ra áreas em que o sistema produtivo concentra maio­res ou melhores oportunidades de emprego.
Migrações: Os deslo­camentos de populações devem ser vistos hoje como uma redistribuição de mão-de-obra, deslocamentos de força de trabalho de áreas economicamente es­tagnadas ou decadentes — ou onde as mudanças no sistema produtivo estão liberando mão-de-obra — para áreas onde a oferta de oportunidades de traba­lho é maior.

II- As migrações no Brasil
No caso do Brasil, os principais tipos de migrações são :
I- a imigração externa, muito importante no período de 1850 a 1934;
Com a chegada de levas de europeus, principalmente Italianos e Alemães, para os Estados do Sul do País, dentre outros povos.
Migrações externas
a)Imigração externa: alemães (vale do Itajaí-SC), italianos (serra gaúcha-RS), japoneses (São Paulo e Amazônia)
b)Emigração externa: Japoneses (ninseis e sanseis) p/ o Japão dec 80
A imigração externa para o Brasil intensificou-se a par­tir de 1850, quando cessou o tráfico de escravos. A principal razão para incentivar essa vinda de imi­grantes, iniciativa do Estado e de particulares (notadamente fazendeiros), foi a necessidade de con­seguir mão-de-obra para a lavoura cafeeira.
Antes de 1850 já ocorrera em pequeno núme­ro a vinda de imigrantes para o Brasil. Pode-se afir­mar que a imigração começou em 1808, com a vin­da da família real, fugindo do exército de Napoleão, e a abertura dos portos às nações amigas.
O Brasil tornou-se então a sede do reino e, aqui instalado, al­go passou a preocupar D. João VI: a numerosa e os­tensiva população negra.
Achando que isso não fi­cava bem para uma área que, na época, era sede da monarquia (e não se sabia por quanto tempo, pois os franceses poderiam ocupar Portugal indefinida­mente), D. João VI tratou de incentivar a vinda de colonos açorianos em 1808. Entre 1824-1830, vieram alemães, num movimento promo­vido por D. Pedro I. Mas o volume total dessa imi­gração até 1850 foi insignificante e consideravelmente inferior à vinda de africanos como escravos.
Com a intensificação das pressões inglesas pa­ra o fim do tráfico negreiro e com a Lei Eusébio de Queirós, de 1850, os proprietários de terras, espe­cialmente de fazendas de café (atividade predomi­nante no país na segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX), começaram a pro­mover a vinda de imigrantes como substitutos para a mão-de-obra escrava.
O maior incentivo à vinda de imigrantes foi a abolição da escravatura (1888), que compeliu o go­verno a buscar nova força de trabalho na Europa e no Japão. O período áureo da imigração para o Brasil deu-se de 1850 a 1934, quando diminuiu mui­to por causa, principalmente, da Constituição da­quele ano, que estabeleceu certas medidas restriti­vas à vinda de estrangeiros.
As maiores entradas anuais de imigrantes ocorreram de 1888 a 1914-1918 (anos da Primeira Guerra Mundial).
II- as migrações internas ou inter-regionais, que ocor­reram durante toda a nossa história, mas assu­miram maior importância após 1934r com o de­clínio da imigração e uma maior integração entre as diversas regiões do país;
Obs.; Nomadismo: característica própria dos povos nômades, isto é, que não possuem local fixo de residência e se deslocam constantemente. alguns Índios da amazônia
III- a migração rural-urbana ou êxodo rural, que se acelerou após 1950;
saída de pessoas do campo para as cidades
Fatores de mudança, que constituem as transfor­mações sofridas no meio rural pela modernização e mecanização da agricultura. Essa modernização dispensa mão-de-obra, Estagnação econômica,monopólio (compra) de extensas áreas por lati­fundiários (fagocitose fundiária)
IV- as migrações pendulares nas grandes cidades,
movimento de ida e volta dos trabalhadores de sua residência até o serviço,
vêm aumentando desde a década de 1950, acompanhando o relacionado ao aumento da urbanização.
V-A migração urbano-urbana (de uma cidade pa­ra outra) é bastante intensa no Brasil, pois envolve o deslocamento de milhões de pessoas todo ano, Trata-se, na prática, de migrações inter-regionais e intra-regionais ou, então, de uma continuação do êxodo rural, já que a pessoa do campo muitas vezes vai primeiro para uma cidade pequena ou média e só depois mi­gra para uma metrópole. O sentido principal, mas não exclusivo, nesse tipo de migração é, portanto, das cidades principalmente das pequenas e médias para as grandes.
VI-A migração rural-rural (de uma área agrícola para outra) também é muito freqüente no país. Po­de-se incluir nela tanto a Transumância quanto os deslocamentos dos trabalhadores rurais que vivem se deslocando em busca de serviço: uma parte dos peões (na Amazônia) e dos bóias-frias(ex.:sudeste-na colheita da cana-de-açúcar), Os Corumbás, (que migram do Agreste nordestino para a Zona da Mata, os trabalhadores rurais itinerantes, etc.
VII -A migração urbano-rural, em que as pes­soas deixam a cidade para viver no campo, tem importância numérica pequena. Ocorre prin­cipalmente com a volta de filhos para tomarem conta da terra de pais falecidos ou, então, com a volta ao campo de migrantes que não se adap­taram nas cidades — embora isso seja raro porque é difícil, para quem volta, conseguir o trabalho anterior. Outro exemplo desse tipo de
migração é a saída de pessoas das cidades conges­tionadas para morarem em condomínios rurais, o que vem até se intensificando ultimamente, embo­ra ainda tenha pequena importância numérica na medida em que envolve mais uma parte da classe média e alta.
VII-A emigração externa (saída de pessoas do Brasil para residirem no estrangeiro), apesar de pouco estuda­da, é atualmente tão importante quanto a imigra­ção, talvez até mais. Do final dos anos 1960 até 2000, inclusive, o número de emigrantes foi superior ao de imigrantes, tanto por motivos políticos (a dita­dura militar, que governou o país de 1964 a 1985, perseguiu muita gente), quanto, principalmente, por razões econômicas (os baixos salários pagos no Brasil em comparação aos padrões internacionais). É muito difícil obter dados estatísticos seguros sobre o total de emigrantes porque muitos ingres­saram clandestinamente nos países de destino; não é muito fácil obter visto de entrada como imigrante nos Estados Unidos ou nos países da Europa oci­dental. Não obstante, sabe-se que muitos brasileiros deixaram o país nestas últimas décadas, calculan­do-se que mais de l milhão estejam residindo nos Estados Unidos, cerca de 500 mil no Paraguai (brasiguaios), por volta de 200 mil no Japão e um número um pouco menor em outros países, como França, Itália, In­glaterra, Canadá e Austrália. Guiana Francesa 9em ralação ao Amapá)

III-PRINCIPAIS FLUXOS MIGRATÓRIOS INTERNOS
1-Migração da mineração (séc. XVIII) nordestinos p/ centro oeste
2- Migração da borracha (nordestinos p/ Amazônia ocidental)
3- Café- Nordeste p/ Sudeste, principalmente p/ oeste paulista (sec XIX)
4- Industrialização: dec. 50 p/ sudeste (SP); maior migração da história.
5- Construção de Brasília: dec. 50, nordestinos p/ centro-oeste.
7- Migração de retorno: dec80 e 90 do sudeste p/ Nordeste: causa –desemprego, violência urbana, moradia, etc...
8- Migração p/ Amazônia e Centro-Oeste: dec. 70: causa: avanço da frente agrícola, grandes projetos, implantação de novos Estados, abertura de rodovias, novas oportunidades de trabalho, etc...

CAP VIII - O BRASIL NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO
A industrialização brasileira adquiriu dinâmica autônoma a partir dos anos 1930, sob os regimes políticos da "Era Vargas", Nessa fase, o núcleo da economia nacional situava-se ainda no setor agroexportador, mas a grande transformação já tinha se iniciado.
O pós-guerra representou a fase de industrializa­ção acelerada, que duraria até meados da década de 1970 e transformaria todas as relações da economia brasileira com a economia mundial. Essa fase de­senvolveu-se por meio da substituição de importa­ções, ou seja, por meio da produção interna de manufaturados que antes eram importados.
O Estado brasileiro teve participação ativa nesse pro­cesso. Impondo elevadas tarifas de importação sobre uma gama ampla de bens de consumo, o Estado atraiu investimentos produtivos de corporações transnacionais para o interior do território brasileiro. Investindo na implantação de empresas estatais nos setores de infra-estrutura — como a geração de energia elétrica e a tele­fonia — e de bens de produção — como a extraçao e refino de petróleo e a siderurgia —, o Estado criou as condições gerais para o desenvolvimento industrial. Durante seu governo (1956-1961), Juscelino Kubitschek conseguiu acelerar a industrialização bra­sileira, atraindo volumosos investimentos produtivos externos direcionados para a implantação de indús­trias de bens de consumo duráveis. Desde aquele mo­mento até meados da década de 1970, os capitais internacionais ingressaram no país predominantemente sob a forma de investimentos produtivos diretos, com a abertura de filiais das corporações transna­cionais. As corporações fincaram raízes no interior do país, definindo ramos industriais sob seu coman­do, associando-se a capitais privados nacionais e a capitais estatais em outros ramos.
A fase típica de substituição de importações foi encerrada na década de 1970. Nesse período, as transnacionais reorientaram suas estratégias e os in­vestimentos diretos escassearam. Para financiar a continuidade do processo de crescimento econômico, o Estado brasileiro fez empréstimos de grande porte no mercado financeiro internacional. A eco­nomia nacional estabelecia assim um elo duradouro com o sistema financeiro internacional, assumindo um endividamento externo significativo.
A elevação dos juros internacionais arremessou rapidamente a dívida externa para níveis tão altos que inviabilizavam o prosseguimento dessa estraté­gia de financiamento. Na década de 1980, as necessi­dades financeiras impostas pelo pagamento do serviço da dívida externa passaram a orientar toda a política econômica governamental e as relações do Brasil com o mercado mundial. Os anos 1980 foram, sobretu­do, os anos da crise da dívida externa.

A industrialização internacionalizada
A crise da dívida externa aplicou o golpe definiti­vo no modelo econômico que havia sustentado, por meio século, o processo de industrialização do Brasil.
No limiar da década de 1990, surgia um novo modelo econômico, baseado na liberalização da eco­nomia e na abertura do mercado interno. Esse mo­delo representou uma opção pela inserção do país nos fluxos globalizados de capitais.
Os governos Collor de Mello (1990-1992) Itamar Franco (1992-1994) iniciaram a abertura da econo­mia nacional. Entretanto, foi durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (1994-1998) que se consolidou uma nova política econômica, baseada na atração de capitais e investimentos estrangeiros e na desmontagem das estruturas pro­dutivas do Estado. Isso aumentou a vulnerabilidade externa do país, ou seja, a sua dependência com rela­ção aos centros financeiros internacionais.
No centro dessa política estava um amplo progra­ma de privatizações. A primeira etapa do programa, entre 1991 e 1993, envolveu a venda de siderúrgicas estatais, como a Usiminas, a CST, a CSN, a Cosipa e a Açominas. No primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, aprofundou-se a política de privatizações, com a abertura de concessões em áreas de infra-estrutura que eram monopólio do Estado: energia, transporte e comunicações.
Entre 1994 e 1999, a internacionalização da economia brasileira passou por uma nova fase, com uma política cambial voltada para o estímu­lo das importações a partir da valorização do real, A finalidade era evitar o retorno da hiperinflação e promover a modernização industrial, por meio de importações de bens de capital. Porém, os re­sultados da balança comercial eram negativos e havia a necessidade de investimentos diretos e fi­nanceiros do exterior para equilibrar as contas internas do país.
No final da década de 1990, sob o impacto das crises financeiras da globalização, os investidores abandonaram as chamadas economias emergentes, preferindo a segurança dos mercados financeiros dos países desenvolvidos. A crise asiática de 1997 e a crise russa de 1998 assinalaram o encerramento do ciclo de grandes investimentos nas economias emer­gentes.
O Brasil sofreu diretamente o impacto da revira­volta global. No início de 1999, premido pela fuga de capitais financeiros, o governo promoveu uma grande desvalorização do real e contraiu emprésti­mos de emergência com o FMI.
Nos anos seguintes, o modelo de industrializa­ção internacionalizada conheceu forte ajuste. Com a moeda nacional desvalorizada, houve recuo das importações e aumento das exportações, e a balan­ça comercial passou a apresentar saldos positivos crescentes.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, iniciado em 2003, frustrou as expectativas de mudança do modelo econômico. Sua adesão ao modelo de in­dustrialização internacionalizada manifestou-se na assinatura de acordos com o FMI, que impunham a restrição dos gastos públicos como forma de gerar recursos para o pagamento dos compromissos da dívida interna. Também com a mesma finalidade fo­ram ampliados os saldos positivos da balança co­mercial.
O Brasil no comércio mundial
O intercâmbio do Brasil com o mercado mun­dial reflete as características urbano-industriais de sua economia. O comércio exterior brasileiro conhe­ceu profundas alterações de sua natureza ao longo da última etapa do processo de substituição de im­portações. Progressivamente, as exportações de produtos primários (agrícolas e minerais) e de semi-industrializados foram sendo sobrepujadas por ex­portações de mercadorias industriais.
As exportações primárias apresentam um perfil tra­dicional, destacando-se os minérios metalúrgicos (fer­ro e manganês), a bauxita e a cassiterita entre os produtos minerais, e o café, o cacau, a soja e o açúcar entre os produtos agrícolas. O peso da indústria ali­mentícia nas exportações vem apresentando aumento, o que reflete um processamento básico crescente dos produtos agrícolas antes da sua exportação. De forma similar, as exportações de ferro-gusa e alumina resul­tam da semi-industrialização de produtos minerais.
Entre as exportações brasileiras de manufaturados destacam-se certas indústrias de base tecnológica relativamente moderna, como a metalurgia, as indús­trias mecânica e elétrica e a indústria de transportes.
As importações apresentam uma notável concentra­ção nos itens produtos minerais e produtos das indús­trias mecânica e elétrica. O primeiro revela o peso significativo que as compras de petróleo ainda mantêm. O segundo revela a importância dos bens de produção na pauta geral de importações. A abertura comercial impulsionou as importações de componentes, bens de consumo duráveis e não-duráveis. Entre as importações agrícolas, o destaque absoluto é o trigo.

Um comerciante global
Apesar de representar apenas cerca de 1% do comércio mundial, o Brasil pode ser considerado um “global trader”, isto é um país que mantém relações comerciais com um grande número de parceiros. Mais de 200 itens, dos mais diversos setores indus­triais, agroindustriais e agrícolas, compõem sua pau­ta de exportações. O comércio exterior brasileiro abrange diferentes blocos e áreas do mundo, ao con­trário do que acontece com o México, que tem a maior parte de seu comércio voltado para os Esta­dos Unidos, ou com os países da União Européia, cujas relações comerciais ocorrem predominante-mente no interior do próprio bloco.
Há três décadas, o comércio exterior do Brasil se concentrava em dois grandes eixos: a Europa Ociden­tal e os Estados Unidos. Ainda hoje, esses dois eixos respondem por cerca da metade do comércio exterior brasileiro. Todavia, com a criação do Mercosul e a rápida expansão das transações com a Argentina, na década de 1990, a América Latina tornou-se o terceiro eixo de intercâmbio comercial do país (cerca de 20%). As parcerias comerciais brasileiras continuam se di­versificando em função da recente expansão das rela­ções de intercâmbio com a China e as perspectivas de ampliação do comércio com a Rússia, a índia e os países do Oriente Médio e da África.
A importância da Europa Ocidental e dos Esta­dos Unidos na pauta de importações brasileiras deve-se ao grande interesse pêlos bens de capital e de consumo produzidos nesses dois centros da indús­tria mundial. Com a abertura econômica, as neces­sidades de modernização tecnológica e o crescimento da demanda interna por bens importados tendem a aumentar essa importância.
A criação do Mercosul, em 1991, foi decisiva para o crescimento das relações comerciais entre os países-membros, em especial entre o Brasil e a Argenti­na. As trocas comerciais nesse bloco têm a seu favor a redução progressiva das barreiras alfandegárias e a própria tendência, que se verifica na economia glo­bal, de integração de grandes mercados regionais.
Convém lembrar que o aumento de eficiência implica a eliminação dos produtores que não estão capacitados para enfrentar os custos dos competi­dores estrangeiros. Ou seja, a atuação do Mercosul tende a acelerar a concentração de capitais e a favo­recer as empresas mais poderosas e de elevada espe­cialização setorial

Avanços e recuos do Mercosul
Desde o início, o Mercosul foi marcado pelas diferenças entre os países que o compõem. Com­parando-se apenas os dois principais integrantes do bloco — Brasil e Argentina —, podemos perceber que:
• a indústria da Argentina é tecnologicamente mais atrasada do que a do Brasil, especialmente nos setores mais modernos dessa atividade econômica;
• a força de trabalho brasileira é mais barata do que a da Argentina;
• as empresa instaladas no Brasil beneficiam-se de economias de escala superiores, em função de o mercado consumidor brasileiro ser muito maior;
• o aço brasileiro tem competitividade no merca­do externo e opera em larga escala, enquanto a si­derurgia argentina é subsidiada pelo Estado;
• no Brasil a energia, predominantemente hidrelétrica, é mais barata do que na Argentina, baseada em termelétricas.
A integração de mercados é bastante favorável para as empresas modernas brasileiras, quer sejam elas nacio­nais ou transnacionais. A tendência é que essas empre­sas comprem as rivais argentinas. Por conta de tudo isso, a "invasão" de produtos brasileiros, especialmente eletrodomésticos, tem gerado crises entre os dois países.
Durante os oito primeiros anos, o Mercosul atra­vessou uma fase de grande sucesso comprovado pelo aumento expressivo do comércio intrabloco. Nos últimos anos, no entanto, o Mercosul tem enfrentado sucessivas crises, o que sinaliza um futuro incerto para o bloco econômico.

IX-FONTES DE ENERGIA NO BRASIL

O processo de urbanização e industrialização do país, além de multiplicar a demanda ener­gética, também resultou em grandes alterações no balanço energético nacional.
A lenha, utilizada principalmente no preparo de alimentos, era a principal fonte de energia no Brasil agrário do começo do século XX. No iní­cio da década de 1920, o industrialismo incipiente associou-se ao crescimento do consumo de car­vão mineral. Após a Segunda Guerra Mundial, a rápida expansão industrial e a adoção de um mo­delo rodoviário de transportes inauguraram o reinado do petróleo e da hidreletricidade.
Nas últimas décadas, o consumo de petróleo co­nheceu um declínio relativo, principalmente em ra­zão dos "choques" causados pela violenta ascensão do preço internacional do óleo em 1973 e 1979. Um programa nacional de substituição da gasolina pelo álcool (Proálcool) e o incentivo à utilização da eletricidade para certos setores industriais, tra­dicionalmente movidos a óleo diesel, fizeram parte do esforço governamental para diminuir o peso das importações do petróleo na balança comercial bra­sileira. Além disso, o Brasil buscou diminuir o peso do petróleo nas importações com o aumento da extração do petróleo nacional, principalmente a partir do segundo "choque".
A expansão da hidroeletricidade é fator de desta­que: respondendo por pouco mais que 20% do con­sumo energético total em 1975, a hidroeletricidade saltou para cerca de 40% em 2000. Considerado es­tratégico para o desenvolvimento nacional, o setor elétrico foi fartamente financiado pelo Tesouro Naci­onal e por empréstimos externos, principalmente du­rante a década de 1970. Esses recursos foram utilizados pela Eletrobras e suas subsidiárias — Eletronorte, Eletrosul, Furnas e Chesf— na constru­ção de centrais hidrelétricas de grande porte. Porém, a crise econômica que marcou a década de 1980 pro­vocou redução drástica dos investimentos do setor.
Na década de 1990, as importantes empresas do setor energético foram incluídas no Programa Nacio­nal de Privatização, e muitas delas foram vendidas. Entretanto, o volume de investimentos realizados no setor continuou sendo insuficiente para aten­der à demanda. O resultado foi uma crise ener­gética de grandes proporções, que começou no final dos anos 1990 e atingiu todo o país no ano de 2001, acentuada por uma forte estiagem que diminuiu sensivelmente a capacidade de produção de energia de origem hídrica. Em meio à crise, o governo impôs um sistema de cotas de consumo a todos os setores, principalmente o industrial e o residencial.
Atualmente, 20% da geração e 80% da dis­tribuição de energia elétrica já foram privatizados, mas o setor continua instável e os consumidores convivem com tarifas cada vez mais elevadas. As metas governamentais para a am­pliação da capacidade instalada no país, que de­pendem de grandes investimentos privados para a construção de usinas termelétricas movidas pelo gás natural importado da Bolívia, não estão sen­do cumpridas. Nesse contexto, a discussão sobre a questão energética, tanto no que diz respeito a novas alternativas de geração quanto aos pro­gramas de conservação e eficiência, é cada dia mais urgente.

HIDRELETRICIDADE
O alto potencial hidrelétrico brasileiro é deter­minado pela conjunção de dois fatores: o volume de águas fluviais e o relevo. As elevadas médias pluviométricas — decorrentes do predomínio de cli­mas equatoriais e tropicais no território — e a dis­posição dos divisores de águas que delimitam as principais bacias hidrográficas brasileiras  têm como resultado a existência de muitos rios cau­dalosos e planálticos no país.
Nas bacias do Amazonas, Tocantins e Paraná encontra-se a maior parte do potencial hidrelétrico nacional (tabela 1).

Distribuição geográfica do potencial instalado
A concentração espacial da indústria no Brasil reflete-se na concentração espacial da demanda energética. A Região Sudeste, pólo industrial do país, é responsável por mais de 50% do consumo total da eletricidade. As regiões Sul e Nordeste ocupam, respectivamente, o segundo e terceiro lugares.
A Bacia do Paraná é a principal fornecedora de hidreletricidade para as regiões Sudeste e Sul. Nela
estão instalados cerca de 70% do potencial gera­dor nacional. O Sudeste conta ainda com a hidrelétrica de Três Marias, na Bacia do São Francisco (que abastece o complexo siderúrgico do Vale do Aço mineiro) e com as usinas de Salto Grande e Mascarenhas, no Rio Doce, que geram energia para os mercados fluminenses.
Em meados da década de 1970, abriu-se mais uma onda de investimentos no setor elétrico, desta vez destinados à construção de hidrelétricas de gran­de porte em regiões distantes dos mercados urbano-industriais. Em 1975, foi assinado um tratado associando o Brasil ao Paraguai na construção de Itaipu, uma das maiores usinas hidrelétricas do mundo. Itaipu está localizada no Rio Paraná, a ca­torze quilômetros da foz do Rio Iguaçu.
As Sete Quedas do Rio Paraná ficaram submersas em um enorme lago, que serve de reservatório à usina. A potência ultrapassa os 12.000 MW, cerca de 25% de todo o potencial hidrelétrico instalado no país. Ela opera com ele­vados custos de transmissão de energia: dista 650 quilômetros de Curitiba e aproximadamente mil quilômetros de São Paulo.
Na Região Nordeste, a construção de usinas hi­drelétricas na Bacia do São Francisco integrou o pla­no de desenvolvimento regional implantado pelo governo federal na década de 1960. Assim nasceram as usinas do sistema Centrais Hidrelétricas do São Francisco (Chesf), completado nas décadas de 1980 e 1990 pelas usinas de Itaparica e Xingo. Além delas, destaca-se, no Nordeste, a usina de Boa Esperança (Castelo Branco), no Rio Parnaíba, entre o Piauí e o Maranhão. A Bacia Amazônica e a Bacia do Tocantins, juntas, abrigam mais do que o dobro de toda a capacidade instalada no país. Essa estimativa carrega um enorme grau de imprecisão. E não é para menos: a riqueza da hidrografia amazônica exigiria um grande esforço técnico e muito tempo de estudos para ser precisamente medida.
Na metade da década de 1970, a política de ex­pansão da capacidade energética do país com a cons­trução de hidrelétricas gigantes descobriu a Região Norte. Nos anos 1970, previa-se a utilização dos rios da região para resolver os futuros problemas energéticos do Brasil e, ainda, transformar a Amazônia em um grande pólo metalúrgico.
A usina de Tucuruí, que entrou em operação em 1984, é uma das materializações desse projeto. Tucuruí está localizada no Rio Tocantins, trezentos quilômetros ao sul de Belém.
A capacida­de geradora é a segunda maior do Brasil. Seu reservatório inundou 2.400 km de florestas que não fo­ram desmaiadas previamente.
A energia gerada em Tucuruí alimenta os grandes projetos minerais da Amazônia oriental. É da grande usina que vem a eletricidade para a produção de mi­nério de ferro de Carajás e de alumínio do sistema Albras—Alunorte. Além disso, a uti­lização intensiva do potencial hidrelétrico da Amazônia acarretaria pesados custos de trans­missão em razão da distância dos principais cen­tros consumidores.
A hidrelétrica de Balbina, no Rio Uatumã, é outro grande empreendimento da Eletronorte. Grande no preço e na devastação, mas pequeno na produção de energia. Situada a duzentos quilômetros de Manaus, a usina foi projetada para suprir a demanda energética da capital ama­zonense. Entretanto, sua capacidade geradora já se tornou insuficiente diante do crescimento populacional e industrial da cidade.
O reservatório da usina inundou 2.430 km2, pou­co menos que Tucuruí, para uma capacidade insta­lada de apenas 250 MW. Isso significa que, para cada MW produzido, Balbina submergiu 31 vezes mais florestas do que Tucuruí.
A viabilidade de novas usinas hidrelétricas na Bacia Amazônica como alternativa para o supri­mento da futura demanda energética do país con­tinua mobilizando calorosas discussões entre os especialistas. O enorme impacto ambiental deri­vado da inundação de grandes áreas florestadas e a necessidade de remoção de grupos indígenas

OS PROJETOS TERMELÉTRICOS
O Brasil importa a maior parte do carvão mi­neral que consome. A produção da Região Sul, onde se concentram as principais reservas carbo­níferas do país, é insuficiente para atender à de­manda nacional.
O carvão existente em Santa Catarina (carvão metalúrgico) é o único aproveitável como matéria-prima nas indústrias siderúrgicas. O Rio Grande do Sul detém as maiores reservas de carvão-vapor, uti­lizado no aquecimento das caldeiras de alguns setores industriais e na produção de energia termelétrica,
Na Região Norte, apesar do imenso potencial hi­drelétrico da Bacia Amazônica, a fonte térmica res­ponde por cerca de 12% do total da eletricidade gerada. Nesse caso, a maioria das usinas termelétricas são de pequeno porte e utilizam óleo diesel como com­bustível. O exemplo de Manaus é significativo: mes­mo após a inauguração da usina de Balbina, a capital amazonense continuou precisando do petróleo para atender parte de suas necessidades energéticas.
Desde a década de 1990, a expansão do setor termelétrico do Brasil está sendo realizada com base no gás natural, menos poluente que o carvão ou o petróleo. A crise da geração de energia hidrelétrica de 1999 a 2000, causada pela estiagem, mais a des­coberta de vastas reservas de gás natural na Bolívia podem ter aberto um novo caminho para a produ­ção de eletricidade no Brasil.
A construção do gasoduto Brasil-Bolívia propor­cionou condições para investimentos em usinas termelétricas movidas a gás. Essas usinas são ecolo­gicamente mais limpas que as alimentadas com car­vão ou petróleo e têm baixo custo de instalação se comparadas às hidrelétricas, O novo gasoduto per­corre Mato Grosso do Sul e São Paulo, para depois se interligar à rede de gasodutos da Região Sul.
Além das importações de gás da Bolívia, o Brasil pode contar com reservas descobertas na platafor­ma continental (nas bacias de Campos e de Santos) e no Amazonas. Assim, a tendência é de crescimen­to da participação do gás natural e da geração termelétrica na produção brasileira de eletricidade.

O programa nuclear
A história das usinas termonucleares no Brasil começou em 1969, quando o governo comprou da empresa norte-americana Westinghouse a usina de Angra I, com capacidade de 600 MW, alimentada por , urânio enriquecido. Como o acordo de venda não previa a transferência da tecnologia de enriquecimento do urânio, o Brasil precisava importar dos países de­senvolvidos o urânio a ser consumido na usina.
Em 1975, o general Ernesto Geisel assinou um acordo com a Alemanha para a construção de reatores nucleares. O custo dos oito primeiros reatores atingiria trinta bilhões de dólares, cerca de duas ve­zes o preço de Itaipu, cuja capacidade ultrapassa os 12.000 MW. Esse amplo acordo de "cooperação" previa a transferência paulatina da tecnologia de en­riquecimento do urânio.
O acordo nuclear Brasil-Alemanha jamais che­garia a ser completado. Dos oito reatores previstos, somente Angra II está em funcionamento.
Além da energia, as usinas geram também uma imensa quantidade de resíduos radiativos. Esse é um dos principais alvos da crítica dos ambientalistas
com relação às usinas nucleares brasileiras: ainda não se resolveu o que fazer com o material radiativo, estocado em depósitos "provisórios".

PETRÓLEO
O petróleo passou a ser encarado como fator es­tratégico durante o Estado Novo (1937-1945). O nacionalismo de Getúlio Vargas foi o responsável pela criação do Conselho Nacional do Petróleo (CNP), em 1938. Mais tarde, no pós-guerra, tam­bém seria Vargas (amparado por um vasto movi­mento de opinião pública) o criador da Petrobras, empresa estatal monopolista, em 1953.
Contudo, até o início de 1970, os maiores inves­timentos da Petrobras concentravam-se em seu par­que de refino. As reservas do Recôncavo Baiano e da bacia sedimentar do Nordeste já eram conheci­das e exploradas, mas o preço do petróleo no mer­cado internacional era baixo demais para justificar grandes investimentos em pesquisa e prospecção do óleo no Brasil. O refino do petróleo, realizado predominante-mente pela estatal, concentra-se nas proximida­des dos mercados consumidores. Essa é uma regra mundial, pois o transporte do óleo bruto, por meio de embarcações ou oleodutos, é mais barato que o transporte dos produtos refinados. Por isso, a maior parte das refinarias da Petrobras localiza-se no Sudeste. Os "choques" de preços do petróleo, promovi­dos pela Opep em 1973 e 1979, mudaram essa his­tória. No início da década de 1980, o petróleo despontava como o grande vilão da balança comer­cial brasileira, impondo uma pesada conta de im­portações numa conjuntura marcada pela chamada "crise da dívida externa".
Nessa época, a auto-suficiência com relação ao combustível transformou-se em prioridade nacional. Mais uma vez, o petróleo aparecia como fator es­tratégico do desenvolvimento, o que justificava pe­sados investimentos produtivos da Petrobras.
A ampliação da pesquisa e prospecção de pe­tróleo demandou um grande esforço tecnológico por parte da Petrobras. O resultado desse esforço foi a descoberta de promissoras bacias petrolíferas na plataforma continental, em especial na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.
A extração de petróleo no subsolo dos oceanos é uma atividade cara e exposta a muitos riscos. Mes­mo assim, atualmente mais de 70% do petróleo ex­traído no Brasil provêm da plataforma continental.
O grande destaque é o Estado do Rio de Janeiro, onde se localizam as plataformas da Bacia de Campos.
Mais tarde, registrou-se uma tendência de declínio do consumo do petróleo nacional, em parte pela acentuada diminuição nos preços e crise financeira da Petrobras.
Todavia, desde a segunda metade da década de 1990, a produção nacional de petróleo passou a crescer de forma acelerada com a entrada em ope­ração de novos depósitos em águas profundas da Bacia de Campos. Em 2002, a produção nacional atingiu 85% do consumo interno, aproximando-se da meta de auto-suficiência*
O Programa Nacional do Álcool
O Programa Nacional do Álcool (Proálcool), lançado em 1975, no contexto do primeiro "cho­que" do petróleo, deveria contribuir para aliviar a conta de importações do país e reduzir a depen­dência em relação ao petróleo. O programa tinha como meta a substituição paulatina da gasolina pelo álcool nos carros de passeio.
Para incentivar o aumento da produção de álcool de cana-de-açúcar, o Proálcool previa a concessão de uma série de benefícios financeiros aos plantadores de cana e aos proprietários de usinas, principalmente os da Região Sudeste. Ao mesmo tempo, as indústrias automobilísticas foram incentivadas a passar a produzir carros movidos a álcool e, aos usu­ários desses automóveis, foram concedidos benefí­cios fiscais.
O auge do Proálcool ocorreu em 1986, quan­do o consumo de álcool combustível ultrapassou o de gasolina automotiva. Entretanto, a redução dos preços internacionais do petróleo colocou li­mites para a substituição da gasolina, acabando por arrastar o próprio Proálcool para uma crise. A Guerra do Golfo, em 1991, e a subseqüente di­minuição da influência da Opep reacenderam o debate em torno do futuro do combustível auto­mobilístico no Brasil.
Muitos analistas, favoráveis ao Proálcool, usam como argumentos a instabilidade dos preços do pe­tróleo no mercado mundial e a probabilidade de ocorrência de novos "choques" no futuro próximo. Dessa forma, defendem a conveniência da manuten­ção dos subsídios ao Proálcool. Os ambientalistas concordam, pois os carros movidos a álcool são menos poluentes, contribuindo para tornar mais respirável o ar das grandes cidades brasileiras.
Os críticos do Proálcool tendem a insistir no ele­vado custo econômico dos subsídios, defendendo
uma atitude liberal em relação à questão energética, que deveria ser regulada pelas leis de mercado. Alguns deles também enxergam no programa uma influência negativa para o setor agrícola, já que a
lucratividade artificial do cultivo de cana-de-açúcar para as usinas alcooleiras estaria desviando terras aptas para a produção de alimentos e matérias-primas industriais.

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