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A revolução dos bichos: um paralelo com a atual realidade brasileira



Em um cenário onde a política brasileira se assemelha mais a uma trama de intrigas do que a um compromisso com o bem-estar da nação, é inevitável notar paralelos entre os eventos que se desenrolam nos corredores do poder e a emblemática narrativa do livro "A Revolução dos Bichos", obra magistral de George Orwell. Em meio à aparente utopia inicial, onde os animais assumem o controle de sua própria destinação na fazenda, vemos um espelho das promessas políticas que se iniciam com o clamor pela mudança e a esperança por um futuro melhor.


Na trama de Orwell, os porcos emergem como líderes naturais da revolta animal, representando uma elite intelectual que, supostamente, buscaria o bem-estar coletivo. Entretanto, à medida que o tempo avança, esses porcos sucumbem à tentação do poder absoluto. O que se segue é uma degeneração moral que transforma os outrora libertadores em opressores tão tiranos quanto aqueles que eles mesmos depuseram.


Os porcos vão se distanciando cada vez mais do propósito inicial da revolução, abandonando os ideais de igualdade e justiça em favor de um regime autoritário e corrupto. O processo de desumanização dos opositores pelos porcos, que se veem como superiores aos outros animais, é uma analogia clara aos desvios éticos e morais que testemunhamos em certos setores da política contemporânea.


No entanto, é na fase mais obscura da narrativa que os paralelos se tornam ainda mais evidentes. À medida que os porcos consolidam seu domínio, vemos o surgimento de uma violência interna, onde a própria estrutura de poder se volta contra seus antigos aliados. As degolas que assolam a fazenda, numa sequência quase matemática, encontram eco nos eventos que presenciamos em nossa realidade política. Aliados de baixo clero, empresários financiadores, apoiadores da grande mídia e figuras políticas de renome, todos se tornam vítimas da mesma tirania que ajudaram a criar. Assim como na desenfreado banho de sangue da revolução francesa, o seu líder, que fazia as listas intermináveis para a guilhotina, acabou ele mesmo sendo vítima na guilhotina do terrível avanço desenfreado da violência. Aplaudir o avanço da tirania contra opositores é o mesmo que fez a barata estar na torcida pelo inseticida contra o grilo, por ser um de seus desafetos, sem compreender que ela será a próxima.


A mensagem subjacente é clara: a tirania não reconhece amigos, apenas subservientes. Muitos jornalistas aplaudiram o inseticida na matança das baratas, pois agora chegou a sua hora!  A embriaguez do poder leva à traição e à brutalidade, e aqueles que um dia foram cúmplices são rapidamente descartados quando não mais úteis aos propósitos do regime opressor.


Assim, ao contemplar os eventos que se desdobram na política brasileira, é difícil não reconhecer os paralelos inquietantes com a obra de Orwell. Em ambos os casos, a trajetória da revolução que prometia libertação acaba por desembocar em um estado de opressão ainda mais cruel do que aquele que se pretendia abolir. A história se repete, e cabe a nós, como observadores atentos, aprender as lições que ela nos oferece, resistindo à tirania e defendendo os valores da liberdade e da justiça para todos.


O avanço implacável da tirania não conhece limites, e como minha avó costumava dizer: “quando o assalto é grande demais, os próprios ladrões acabam se destruindo”. Este é um retrato doloroso da realidade que testemunhamos, onde os que buscam poder a qualquer custo não hesitam em sacrificar seus antigos aliados em sua corrida desenfreada por mais poder e controle. A trama sinistra da política se desdobra diante de nossos olhos, revelando uma rede de intriga e traição onde a lealdade é uma moeda de troca barata, facilmente descartada quando não mais conveniente. Quando há muitos fios desencapados em um sistema velho, o incêndio costuma inevitavelmente ocorrer de dentro para fora.  


Além disso, é inegável em meio a tudo isso, o avanço da agenda progressista, que, de forma insidiosa, se infiltra nas instituições, minando os pilares da nossa sociedade. Como alertam os críticos mais perspicazes, os passos do socialismo são claros e previsíveis: primeiro, destroem a família, enfraquecendo seus laços e desintegrando sua estrutura. Em seguida, atacam a educação, distorcendo o conhecimento e manipulando as mentes jovens em favor de suas agendas ideológicas. Por fim, buscam eliminar a propriedade privada, sufocando a liberdade econômica e criando uma dependência do Estado que perpetua seu domínio. Depois de vencidos esses três passos, o país já estará destruído e a esmagadora maioria da população estará comendo a ração regrada que o governo vai dar para mantê-los alienados e votando neles.


Esse caminho é longo e possui muitas etapas. Uma das últimas é o controle das redes sociais e a imposição do medo são ferramentas cruciais nessa empreitada de opressão. Comprar a imprensa é mais fácil que controlar a verdade espalhada nas redes sociais dando voz para cada cidadão. Arthur Schopenhauer escreveu que: "O que o rebanho mais odeia é aquele que pensa de forma diferente, não é tanto a própria opinião, mas a audácia de querer pensar por si mesmo, algo que eles não sabem fazer". Por isso essa etapa é tão importante. A censura e a autocensura são mecanismos sinistros que silenciam as vozes dissidentes e perpetuam o monopólio do discurso oficial. É uma estratégia diabólica, pois, como bem observado, esse sistema prospera onde há mais ignorância e analfabetismo. A falta de educação cria um terreno fértil para a manipulação e a submissão, transformando a população em meros peões em um jogo de poder onde poucos controlam as rédeas do destino de muitos.


A hipocrisia dos tais "defensores da democracia" é uma afronta à própria noção de democracia. Enquanto proclamam seu compromisso com os valores democráticos, suas ações revelam uma tentativa descarada de minar os pilares fundamentais da democracia em nome de interesses políticos e ideológicos do sistema.


A recente instituição de um suposto "departamento da verdade" através do órgão de controle das telecomunicações nacional, com o intuito de monitorar e censurar conteúdo nas redes sociais, é uma clara e inaceitável violação dos princípios de liberdade de expressão, privacidade e do direito à informação. Sob o pretexto de combater supostos atos "antidemocráticos", esses "iluminados" se arrogam o poder de determinar o que é ou não aceitável em termos de discurso político, estabelecendo assim uma forma de controle autoritário sobre a narrativa pública. Em qual democracia de verdade existe um órgão responsável por dizer o que é verdade e o que é mentira?


A ironia é gritante: aqueles que deveriam proteger e fortalecer a democracia estão, na verdade, minando suas bases ao impor uma agenda ideológica sob o disfarce de defender a ordem democrática. O uso do termo "defensores da democracia" torna-se vazio e cínico quando suas ações contradizem tão flagrantemente esse suposto compromisso.


Além disso, a noção de "verdade" sendo determinada por órgãos governamentais, como o que controla as eleições, é profundamente preocupante, parcial e censurador. Há algo mais antidemocrático que isso?  A verdade não pode ser monopolizada ou instrumentalizada pelo Estado para servir a seus próprios interesses. A liberdade de expressão é um direito fundamental que deve ser protegido, mesmo que isso signifique permitir vozes dissidentes ou discordantes.


A democracia não pode prosperar em um ambiente onde o debate político é cerceado e a divergência de opiniões é silenciada. O conceito subjetivo de "antidemocrático" torna-se uma ferramenta conveniente para reprimir qualquer voz que ameace o status quo estabelecido pelos poderosos.


Em última análise, a verdadeira defesa da democracia requer o respeito pelos princípios fundamentais de liberdade, pluralismo e Estado de direito. Os "iluminados" buscam impor na força da tirania sua visão unilateral, parcial e afrontadora da população do que é aceitável em termos de discurso político. Estão na realidade comprometendo os valores democráticos que afirmam proteger. Eles devem ser responsabilizados por suas ações e desafiados a agir de acordo com os princípios democráticos que professam defender.


Nesse contexto, a necessidade urgente de resistência e de defesa dos valores fundamentais da liberdade se torna ainda mais evidente. O conhecimento é verdadeiramente libertador, e é por isso que os tiranos temem tanto a educação. É hora de reconhecermos o papel crucial que desempenhamos na defesa da nossa própria dignidade e liberdade, rejeitando a tirania em todas as suas formas e lutando incansavelmente pela verdade que só reside no inalienável pleno direito à liberdade de expressão que está cada vez mais distante do povo. Não há mal que dure para sempre se sobrepondo a soberana vontade do povo. "O palácio não estará seguro quando os pobres não estão felizes" Benjamin Disraeli, 1848.


Gesiel de Souza Oliveiratem 45 anos, é casado, pai de 3 filhos, Amapaense, Palestrante, Oficial de Justiça do Tribunal de Justiça do Amapá, Pós-graduado em Docência e Ensino Superior, Pós Graduado em Direito Constitucional, Professor de Geopolítica Mundial, Geógrafo, Bacharel em Direito, Escritor, Teólogo, Pastor Evangélico, Professor de Direito Penal e Processo Penal, Fundador e Presidente Internacional da APEBE – Aliança Pró-Evangélicos do Brasil e Exterior.


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