O Brasil vive um momento uno no curso de sua história. Manifestações tomaram as ruas contra a corrupção, malversação de recursos públicos, melhoria na educação, saúde, segurança, etc. Falam que o “gigante acordou”, mas uma parcela significativa da população, representada pelos evangélicos, especialmente os da Assembleia de Deus, ainda não acordou para uma situação que se perpetua e ignora a democracia e a alternância no poder.
Trata-se da situação atual da CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil). No dia 11 de abril, o atual presidente, Pr José Wellington Bezerra da Costa, foi reeleito com 9.003 votos, derrotando mais uma vez o pastor Samuel Câmara, presidente da Assembleia de Deus em Belém do Pará. Contado assim, parece que a democracia foi triunfante, mas o jogo pela permanência no poder vai muito além do que os olhos podem ver. O atual presidente já está a frente da Convenção Geral há 25 anos, e até 2017 serão 29 anos.
O pastor da capital paraense, logo após a AGO (Assembleia Geral Ordinária) que ocorreu em Brasília, teve o julgamento mais rápido que já se ouviu falar. No célere processo administrativo que correu no Conselho de Ética da CGADB, ele foi acusado, julgado, condenado e a decisão foi cumprida imediatamente: DESLIGAMENTO. Tudo sem garantia de defesa prévia, sem acesso aos autos, sem contraditório e ampla defesa. Enfim, ele foi sentenciado pelo que nem sabia. Desconhecia o conteúdo da acusação e seus argumentos. Isso sabendo que o estatuto da instituição religiosa não autoriza essa modalidade de pena: desligamento, para quebra de decoro, que deve ser punido, no máximo com advertência.
Ao longo da AGO em Brasília, em abril, muitos pastores contestaram a prestação de contas da CGADB e da CPAD (que está entre as maiores editoras do mundo), bem como das empresas à ela ligadas, como gravadoras, editoras, prestadoras de serviços e empresas de publicidade espalhadas em diversos Estado brasileiros e até no exterior.
O Pr Ivan Bastos-ES, que pertence ao grupo do Pr Samuel Câmara, também foi desligado, e uma AGE (Assembleia Geral Extraordinária) foi marcada, dentro da igreja do Pastor presidente da CAGD, para o dia 2 de setembro, com o único fim de efetivar o desligamento do pastor, que foi eleito na última convenção como 1º tesoureiro da CGADB. O Pr Jhonatas Câmara (AM) e o recentemente falecido Pr Sóstenes Apolo (BSB) não foram julgados por alegarem problemas de saúde, mas a sentença já está pronta. A pergunta que quero fazer: por que a preocupação tão grande em desligar o tesoureiro e afastar o principal candidato de oposição para 2017 ? Por que o povo da Assembleia de Deus e seus líderes ainda não exigiram mais transparência da atual presidência da CGADB em um movimento organizado? Não seria o momento de nos organizarmos e exigirmos mais clareza e alternância no poder, pois como alguém consegue explicar 29 anos à frente de uma instituição (até 2017)?
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